Entrevista a José Sócrates, esta noite, na Rede TV do Brasil
parte 1
parte 2
parte 3
Kennedy Alencar entrevistou o Primeiro-ministro português José Sócrates, no seu gabinete em Lisboa, em gravação que passou esta noite no programa É Notícia do canal brasileiro Rede TV: aqui.
Ao bom estilo de condução brasileira, o entrevistador consegue de Sócrates revelações de que talvez Portugal nem suspeite: para além de falar da família e da terra que o viu nascer o "premiê português" revela que se fosse hoje talvez optasse por tirar um curso de filosofia. À pergunta "o senhor acredita em Deus, Primeiro-ministro?" responde que tem as suas convicções. Sócrates diz categoricamente: «eu sou um produto do 25 de Abril», e acrescenta que tem dois brasileiros no gabinete «a trabalhar aqui com a gente», o que «me orgulha muito». À observação de que em Portugal "a mulher brasileira é vista como uma mulher fácil", apressa-se a corrigir «a mulher brasileira é vista como uma mulher bonita». Na 2ª parte da entrevista, recomeça com um grande "Eureka!" quando o repórter lhe pergunta porque não uma RTP Brasil e promete «chamar a atenção da RTP para isso».
«Não imagina a quantidade de líderes políticos europeus que acham que só se resolvem problemas com o Brasil se eu telefonar ao presidente Lula!» Ri-se, não se percebe se da inconfidência se da imodéstia e lá prossegue, «Eu estou sempre a dizer ao presidente Lula: sabe eles acham que eu tenho mais influência em si (embora não seja verdade) – lá relata com um encolher de ombros a sublinhar o parentesis – E o presidente responde sempre: Não, não, mas mantenha-os no engano, que isso não tem imprtância. Ele é meu amigo e tem feito o favor de sempre me ter valorizado.»
Responde-lhe o entrevistador: "e o senhor sabe que, em política, a força da versão é muito importante... mais até do que o facto!Então é bom alimentar a lenda, né?!". Diz, Sócrates: «Eu aprendi a admirar o presidente Lula».
«Eu sou um socialista que acredita apenas no seguinte: eu quero ter um país moderno competitivo mas com justiça social, com igualdade. (...) e para isso o Estado tem uma tarefa, como aliás teve nesta última crise.
Vai daí, o entrevistador que nos últimos dias mergulhou um pouco "nos assuntos domésticos para me preparar para a entrevista com o Senhor", reparou no recuo face ao grande plano de investimento em obras públicas defendido, Reparou ainda que "Portugal tem uma relação entre a dívida pública e o PIB complicada, na ordem dos 76%, é alta, né?!... O Brasil tem na ordem dos 40%, que permitiu na crise essa intervenção do Brasil na economia para amenizar. Eu soube que o senhor também fez investimentos públicos que resultaram no aumento da despesa orçamentária, mas agora o senhor sofre forte pressão para suspender esses investimentos públicos. Eu andei lendo os jornais desaconselhando o senhor e o que está acontecendo, me corrija se eu estiver errado, é agora a aplicalção de uma receita muito ortodoxa, muito tradicional que é o quê?! cortar gastos sociais e aumentar impostos. Isso para um político socialista, de centro-esquerda não é muito desconfortável? E não é um erro?" Sócrates não parece achar nem uma coisa, nem outra: «O importante para a esquerda é ser realista». E lá vem a famosa epígrafe da «maior crise das nossas vidas».
Seguindo para surpreendente bingo: «nós fomos um dos primeiros países a sair da condição de recessão económica. Saímos no 2º trimestre de 2009. E este trimestre de 2010, nós temos um dos maiores crescimentos económicos de toda a Europa». Quanto aos 76% de défice, Sócrates desvaloriza e diz que estamos na média da restante Europa. O problema, diz ele, «é quando e política se têm que fazer duas coisas ao mesmo tempo e não uma!...» Recuperar a economia e controlar o gasto público para reduzir o défice. Depois lá vem a culpa atirada à desconfiança manifestada à Europa pelos mercados financeiros. O entrevistador lembra que não foi a toda a Europa: foi a alguns países da Europa, como Espanha, Grécia e... Portugal.
«O único caminho é o da responsabilidade e o do rigor».
O busilis é quando o reporter se lembra de "checar com o senhor: não vai mais ter um novo aeroporto, a terceira ponte e o trem de alta velocidade?". Sócrates impacienta-se imediatamente: «Desculpe! Não... não... Não é bem suspender!...» e lá recomenda pateralista e pedagógico: «Talvez fosse bom não acreditar em tudo o que lê nos jornais porque às vezes são análises muito superficiais». Lembra que há outras roupagens para o investimento: «nós estamos a fazer o maior investimento na modernização das nossas escolas, a fazer novas barragens, a investir como nunca investimos nas energias renováveis. Isso é uma das imagens de marca do nosso país» Fala do parque fotovoltaico do alentejo e do heólico no norte do país. Em conclusão: não é que se tenham suspendido as obras, decidiu-se foi fazê-las em outra altura. E, como quem está decidido a dar ao entrevistador um argumento que o sossegue acerca da construção do novo aeroporto, Sócrates lá diz que ele é, aliás «absolutamente essencial». E porquê? «É aliás essencial, não sei se sabe porquê....?» Não, não sei. «Por causa da nossa relação com o Brasil!». "aumentaram bastante os voos , né?!" «Muito!...Oiça, uma das razões pelas quais precisamos de construir um novo aeroporto é que o aeroporto de Lisboa é hoje o hub europeu nas suas ligações para o Brasil. É daqui que se voa para mais sítios no Brasil, e os passageiros para o Brasil...» ...."fazem conexão em Lisboa", adivinha o ebnntrevistador. Sócrates assente e a propósito revela: «eu passei as minhas férias em Itália e quando vinha para cá, o avião da TAP vinha cheio de brasileiros e eu perguntei porque razão: é muito simples: porque vinham apanhar o avião para o Brasil em Lisboa! E é uma das razões para construirmos o aeroporto».
O chato é quando o entrevistador resiolve encerrar o capítulo da economia e quer esclarecer se as medidas de austeridade serão suficientes para salvar Portugal de uma situação como a da Grécia.
«Nós não precisamos de falar com o FMI. Nós somos um país europeu».
Na 3ª parte o assunto entra com um eventual apoio à candidatura de Lula «grande figura da política mundial» à secretaria geral da ONU. Daí a conversa pula para a nova ordem mundial, com Sócrates a aproveitar para dizer que deu por ela porque esteve na Cimeira de Copenhaga. Apesar disso mantém que «os EU são um grande país, com uma vitalidade e uma vibração muito forte».
«O médio Oriente é aquele Oriente que também se chamava próximo Oriente»
O entrevistador: "primeiro-ministro, no Brasil há uma relação tensa entre o presidente Lula, o partido dele e a imprensa..." Sócrates: «Ah, sim??!... Isso não é novidade para um político!» O entrevistador: "Pois é! O senhor tem fama de não gostar de jornalistas também..." Sócrates: «Não!... não!...»
Não chega a tanto?
Não, fama tenho!
É justa a fama?
Não, não acho que seja justa
É o momento de falar da CPI sobre "uma suposta interferência do senhor" na compra da TVI "porque havia ali um telejornal que o desagradava".
«Desculpe, isso é apenas mentira. Essa CPI não passa de um ataque político.» Dá a sua ver
«Não fui eu que entrei no jornalismo. O jornalismo é que entrou na política. Eu apenas me defendi».
"Queria confirmar com o senhor a notícia de que o Serviço de Inteligência português teria descoberto evidências concretas de infiltração do PCC, que é o 1º Comando da Capital, uma organização criminosa de S. Paulo no crime em Portugal. Tem conhecimento disso.
Não tenho essa informação.
Por acusa do acordo de Xenguem o controlo do Serviço de EStrangeiros e Fronteiras exerce já um controlo tão apertado que não há necessidade de reforçar as medidas de segurança: «Portanto não aconselhava nenhum bandido ou delinquente a tentar entrar em Portugal.
Ah vai falar de futebol?! Nós temos alguns heróis portugueses que são brasileiros! Para alem dos jogadores presentes na selecção, Sócrates evoca o mister: «Nós já tivemos aqui o nosso Filipão que fez um trabalho absolutamente notável. Eu lembro-me que esse foi talvez o período mais feliz que o país viveu. Ele mobilizou a nação portuguesa no Euro 2004 e lembro-me dele com muita saudade. Ele era realmente...
,.... uma grande figura
...uma garndde figura e um grande condutor de homens!
Mas Sócrates não tencionava ficar-se pelo óbvio e quis mostrar que trazia a lição bem estudada e na ponta da língua: fala de Fernando Pinto, director da TAP.
Atrapalha-se quando tem que escolher entre Eusébio e Pelé. Recorda o mundial de 1966 e das alegrias que Eusébio lhe deu.
Apocalipse Now, Coppola, Robert Redford, Isabella Adjani.
Let it be, Don´t get me wrong... músicas muito bonitas. The Doors foram os monstros, a cantora dos Prtenders, de cujo nome aliás não me recordo, e que sempre foi a minha preferida. Um ídolo, a personagem que mais me comoveu e inspirou foi sem dúvida Nelson Mandela. De que é que me arrependo? De ser um reactivo primário e confiar demsiado na minha intuição.
Um orgulho: ser português. Uma pfrase ou pesia de que você gosta muito. Posso escolher dois? "Esta é a ditosa pátria minha amada". E depois Fernado Pessoa, que tem um dos maiores poemas do mundo, : tabacaria, que no inicio diz qualquer cisa como isto: " não sou nada, nunca poderei ser nada, nunca serei nada, mas á parte isso tenho em mim todos os sonhos do mundo".
Sobre a mesa passaram assuntos como o governo Lula, o rumo da economia mundial e a crise financeira dos países europeus estão entre os principais assuntos tratados.
Para assistir aqui: parte 1 (19min 15) | parte 2 (20min 49)| parte 3 (23min 33)
A entrevista repercute hoje nos principais diários portuguses: O Público, jornal i,
Na TV, premiê português descarta ajuda do FMI
O primeiro-ministro português, José Sócrates, descartou qualquer tipo de ajuda junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para proteger a economia daquele país. A declaração foi feita durante o programa "É Notícia" (RedeTV!), apresentado por Kennedy Alencar, repórter especial da Folha e colunista da Folha Online."Não precisamos falar com o FMI. Somos um país europeu que coloca a sua divida normalmente nos mercados", afirma Socrates no trecho abaixo. Além disso, o premiê também comenta sobre Copa do Mundo e as seleções brasileira e portuguesa.
Sócrates lançou um chamado aos portugueses para que façam "um esforço patriótico", depois de ter anunciado na quinta-feira novas medidas de austeridade destinadas a acelerar a redução do deficit público.
O chefe do governo socialista anunciou que esperava reduzir o deficit público de 9,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 para 4,6% em 2011, mediante alta de impostos e corte de gastos.
Entre as medidas está o aumento em um ponto percentual na taxa do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), a alta dos impostos sobre a renda das famílias e sobre o lucro das grandes empresas, e uma redução de 5% dos salários dos políticos.
Esse novo ajuste de contas foi justificado pela necessidade de restaurar a credibilidade de Portugal, considerado um Estado frágil da zona do euro.
Posted by por AMC
on 14:19. Filed under
coisas do brasil,
ESPUMAS,
o estado da nação,
vídeos
.
You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0.
Feel free to leave a response