Tudo pronto para a reinauguração no Municipal do Rio de Janeiro
Entre tapumes de compensado, plásticos forrando o chão e uma sinfonia de martelos e lixadeiras, a grandiosidade do Theatro Municipal do Rio de Janeiro emerge não apenas dos afrescos nas paredes, ou do lustre central, mas também das pessoas que trabalharam com afinco para restaurar um dos principais monumentos às artes do País.
Quando o terceiro sinal soar nesta quinta-feira (27/5), avisando do início do espetáculo que marcará a reinauguração da casa -- e que contará com a presença do presidente Lula -, o carinho de todos ficará explícito. Nem mesmo o cansaço é capaz de diminuir o entusiasmo do restaurador Sérgio José Bento, da presidente da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Carla Camurati, e do bombeiro Reginaldo Vicente de Medeiros, alguns dos responsáveis por transformar o sonho em realidade.
Há um ano trabalhando no restauro dos lustres de cristal do teatro, Sérgio José Bento, que atua nessa área há mais de 30 anos explica que o lustre principal, fabricado na França, tem cerca de 120 anos. Ele fala com orgulho sobre o fato de ter tirado um a um os alfinetes dos lustre-pai, que fica pendurado na abóbada do teatro. Ao todo, mais de cinco mil peças de cristal foram restauradas por Bento, numa empreitada que durou 70 dias.
A atriz Carla Camurati está há três anos dirigindo a Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro e sempre foi uma grande entusiasta da obra. Para ela, o local é “uma caixa de jóias”, uma clara referência ao discurso de inauguração do teatro, quando o escritor Olavo Bilac se referiu ao teatro como “a jóia da coroa”.
O bombeiro Reginaldo Vicente de Medeiros dá seu expediente diário há 31 anos, entre cortinas de veludo, autoridades e colegas de outras áreas. Medeiros afirma que o teatro é “mistério lindo, é maravilhoso estar aqui”. Ele lembra do princípio de incêndio ocorrido em 1979, quando uma corrente de solidariedade uniu camareiras, seguranças e outros profissionais para apagar o fogo que se iniciara na cúpula do teatro.
A atual obra de restauração foi iniciada em janeiro de 2008, com descupinização e reforma do telhado, que eram emergenciais. Em outubro do mesmo ano, o teatro foi fechado para a obras internas. Ao todo, foram 2 anos e 5 meses de obras, sendo 10 meses ainda com o local aberto. São 38 pinturas artísticas em murais e 56 modelos diferentes de luminárias, num total de 618 unidades restauradas. E os números não param por aí: 11.800 metros de tubulação hidráulica, 90 mil metros de cabos elétricos para iluminação, cerca de 5 mil lâmpadas, 282.76m² de piso de parquet restaurados. Com a participação de 915 pessoas, das quais 350 restauradores e 565 profissionais da construção civil, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro tem um final feliz com os brasileiros.
via Blog do Planalto