Portugal publica por ano 7 mil artigos científicos com relevância internacional

Leio em O Público:

Portugal publica por ano 7.000 artigos científicos com significado internacional, disse ontem à noite na Figueira da Foz o ministro da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago.
Intervindo durante a III Gala da Ciência, promovida pelo jornal online Ciência Hoje, no casino da cidade, Mariano Gago assinalou ainda que a publicação de artigos científicos no nosso país registou, na última década, um “crescimento explosivo, o maior crescimento europeu”.
“Sete mil artigos por ano é fazerem as contas, são cerca de 20 por dia. São vinte histórias que terminam naquele dia, às vezes são histórias de um, dois, três anos, investigações de cinco anos que terminam”, explicou.
Segundo Mariano Gago “passou a ser importante” o País saber “alguma coisa” sobre as 7.000 “aventuras da ciência” nacional, realizadas anualmente. “Não é qualquer coisa que possamos, alegremente, ignorar”, avisou.
Para o ministro, a actividade dos investigadores, cientistas, promotores e divulgadores da produção científica nacional é do conhecimento de “poucas pessoas”. “Era essencial sabermos (...) E realmente, só [sabem] os colegas de profissão, os que estão mais próximos deste meio”, lamentou o ministro. Embora sublinhe que os cientistas portugueses não são “publicamente” heróis nacionais, “de facto são heróis nacionais”, asseverou.

Folgo em saber que o ministro da Ciência e Tecnologia esteja a par do drama e perca algum tempo deitando-lhe contas. Espero, todavia, que nelas tenha incluído também as parcelas que dizem respeito às Letras e às Ciências Sociais e Humanas, porque nesse foro, então, o cenário é verdadeiramente tenebroso.
Só pasmo em escutá-lo enunciar o problema como quem está à espera que alguma solução milagrosa se erga por milagre do auditório, vestindo a pele do queixoso como se a sua gestão e o seu Ministério lhe fossem alheios e impotentes, como se em verdade não tivessem nada que ver com o assunto, como se o diagnóstico negro lhes continue a cair em cima sem que nenhuma quota parte pelo panorama lhes diga sequer respeito e escape por completo do seu foro de acção.
Tenho a certeza que, entre quem assim escuta o ministro, será difícil encontrar alguém que discorde dos seus avisos, alertas, queixas, denúncias, apreensões e chamadas de atenção. Mas acontece que estou igualmente certa da perplexidade geral diante do tom da intervenção. Dispensávamos que viesse fazer reparo tardio de um cenário que lastimavelmente alastra à décadas pelo Portugal que nos concedem. Agradeceríamos, isso sim, se finalmente alguém na qualidade de Ministro e com os poderes de que, por essa razão, se encontra investido, tivesse aproveitado a ocasião a avançar pelo menos algumas ideias eficazes e consistentes com vista a reverter a situação.