|

Pescadores da Costa da Caparica dispostos a ajudar na vigilância das praias


Leio no DN:

As três mortes por afogamento que sábado ensombraram a Costa de Caparica levaram os pescadores da terra a disponibilizarem-se para começar a patrulhar as praias gratuitamente, pelo menos, nos dias de maior afluxo de banhistas fora da época balnear, quando ainda escasseiam os nadadores-salvadores.
A ideia foi ontem revelada ao DN, quando dos 53 concessionários da Costa apenas dez tinham vigilantes, mas já há algum tempo que os pescadores estão a tentar oficializar este "projecto" com a Capitania do Porto de Lisboa, não tendo ainda conseguido reunir com a autoridade marítima, que não se pronuncia sobre o projecto.
"Nas praias onde há pescadores não há mortes por afogamento. Não queremos que nos paguem nada para ajudar, só que nos autorizem a estar nas praias para podermos estar vigilantes", pede o pescador Paulo Martins - também dirigente da Associação de Pescadores da Costa, Fonte da Telha e Trafaria - alertando que existem na zona 200 profissionais "para ajudar". O problema é que mesmo fora da época balnear os pescadores estão impedidos de frequentarem as praias da frente urbana, onde têm ocorrido a maioria dos afogamentos.
Paulo Martins revela que já este ano foram os pescadores que utilizaram os seus barcos para retirar duas pessoas em dificuldades, sendo que outras duas foram puxadas para terra através das cordas usadas na pesca da arte xávega. "Isto já começa a ser uma mancha muito grande para a Costa", lamenta, justificando os acidentes fora da época balnear com o facto de o mar ainda estar "muito mexido, por ser de Inverno, acabando por trair a pessoas que não conhecem a zona."
O advogado dos pescadores e dos concessionários da Costa, Paulo Cunha, admite que as tragédias de sábado possam acelerar a implementação do patrulhamento das praias por parte dos pescadores, ideia que pretende apresentar à Capitania do Porto de Lisboa. "Mas já marcámos várias reuniões sem sucesso. Não conseguimos ser ouvidos e os problemas agudizam-se, quando esta solução era a ideal para pôr travão à sucessão de desgraças", diz o causídico, revelando que vai apresentar o projecto na Assembleia da República.
Para já, a autoridade marítima remete-se ao silêncio sobre a colaboração oferecida pelos pescadores, mas reconhece que o insuficiente número de nadadores-salvadores não consegue dar "conta do recado", pelo que ontem de manhã a praia do Tarquínio - onde sábado André Gonçalves, de 17 anos, perdeu a vida - continuava sem vigilância, enquanto os alguns banhistas mergulhavam e nadavam por entre a forte ondulação como se nada tivesse acontecido 24 horas antes. Aliás, um breve passeio pelo areal bastou para encontrar vários exemplos da pouca (ou nenhuma) atenção que os banhistas dão aos conselhos do Instituto de Socorros a Náufragos.
O apelo feito ontem pela Federação Portuguesa de Concessionários de Praia (FPCP) e a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) ajusta-se às necessidades da Costa, que só a partir de 1 de Junho vai ter nadadores-salvadores. Ambos os organismos reclamaram a implementação de estruturas do socorro na vigilância de praias fora da época balnear na sequência dos três afogamentos de sábado que vitimaram um homem de 34 anos, um menino de 11 e um jovem de 17, cujo corpo ainda não tinha sido encontrado.


Uma disponibilidade que, tendo em conta isto, valeria a pena equacionar com igual boa vontade. Digo eu.

Posted by por AMC on 12:01. Filed under , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

0 comentários for "Pescadores da Costa da Caparica dispostos a ajudar na vigilância das praias"

Leave a reply