Da série: 'canções que nos salvam os dias...'

Acordei cantarolando esses versos já antigos e com raiz funda de Milton Nascimento e Chico Buarque. Cio da Terra é das coisas mais belas que alguém se lembrou de um dia oferecer à música brasileira. Às vezes penso que se a Terra fosse osso e carne feito nós, se sangrasse e fosse seu o mesmo tesão de vida que nos agita, poderia dizer-se inteira só com essa canção. Exacto o cio, assim medido à investida dos acordes e ao roçar da selecta de palavras.

De quebra, juntei aqui no Conexão o registo de um especial para a TV Globo, gravado em 1982.



É interessante regressar à dupla, e ver os dois mais tarde, já em 2008: aqui.

Há ainda uma versão muito própria da Tetê Espíndola, com aquele timbre raro e tão seu, de que gosto bastante. Um desses dias, via MySpace, enviaram-me uma de Everson Paladini, esse ainda pouco conhecido, mais ao embalo "um barzinho e um violão" que se pode escutar aqui.
E existe (claro!) uma outra, mais recente, de Maria Bethânia com Omara Portuondo, e que foi abertura absolutamente vísceral e memorável do show das duas, por ocasião da tour do disco em conjunto, que assisti no Teatro Castro Alves em Salvador da Bahia, a 26 de Abril de 2008. A transposição musical do tema de Milton e Chico para espanhol foi feita por Alfredo Fressia e resultou divina. A imagem piora, mas o som é melhor assistido aqui.
Por fim, mais ao jeito do Milton quando a canta sozinho, mais terra, mais farelo, mais cru e agreste, existe também uma interpretação que não posso deixar esquecida, a de Xavantinho com Pena Branca, que o mundo perdeu no dia 9 deste mês. Dá para ouvir aqui.

Com a cortesia da casa, fica o Cio da Terra estendido ao Domingo, à mudança desta madrugada para a hora de Verão (até que enfim!) e à Primavera que (parece!) fincou finalmente estaca em Portugal.