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"No Verão a população algarvia triplica e rapidez na saúde tem que ser paga"


Na edição de hoje de O Público há uma reportagem alargada que vale a pena ler. É o retrato dos cuidados de saúde que o Algarve – a região que Portugal vende há décadas, dentro e fora do país, como o ex-libris da vocação turística nacional – está em condições de oferecer (ou de não poder oferecer) aos veraneantes que o elegem como destino de férias.
Como se refere na peça, é um facto que a população triplica nesta época do ano. Compreende-se que qualquer rede de cuidados médicos acusaria negativamente o impacto de um tamanho aumento na procura dos serviços. Aquilo que não se compreende é a ausência de um plano de funcionamento das estruturas de saúde que tenha em conta as especificidades das necessidades de saúde que nesta região do país possui características sazonais claramente identificadas há décadas. Percebe-se menos ainda quando o país definiu, há décadas, o sector do turismo como o eixo estratégico por excelência para o desenvolvimento da região algarvia. Ou seja, desde a década de 70 para não ir mais longe. E já lá vão 40 anos.
A falência absoluta do tecido hospitalar, a sua recursiva incapacidade de oferecer resposta satisfatória – diagnosticadas, ano após ano, tanto por médicos como por utentes –  é expressão de uma entropia tanto ou mais inaceitável, quanto sistemática e sem solução à vista.
Quando se olham os milhões de euros investidos pelo Estado nas campanhas de promoção turística que anualmente devota à região, esta realidade assume contornos ainda mais aberrantes e desleais para com os turistas, nacionais e estrangeiros, que se pretendem cativar. Pior: a médio trecho são dinheiro deitado à rua. Porque uma fatalidade toda a gente tem e acontece que, se à primeira todos caiem, à segunda só cai quem quer, donde a qualidade do funcionamento dos serviços saúde é o pior cartão de visita que a região poderia apresentar. Ao limite: uma breve incursão do turista na oferta de saúde e lá se vão os pergaminhos paradisíacos do Algarve do folheto publicitário, do cartaz da agência de viagens, da campanha de TV e Outdoor disseminada pelo mundo. Por maior o primor estético. Por mais genial o conceito encontrado para comunicar a mensagem. Uma má experiência em contra-tempo de doença e lá se vai a imagem do destino de férias por aí abaixo.

Para ler na íntegra clicando no link aqui em baixo, para expansão de texto.




Destaque

No Verão a população algarvia triplica e quem quer rapidez na saúde tem que pagar

A Direcção do hospital de Faro fez um apelo para que os médicos não fossem de férias em Agosto. Faltam clínicos, há gente a mais nas urgências e a média de espera é de quase quatro horas.
No Verão a população no Algarve triplica. Os automóveis formam filas contínuas à saída das praias, os estabelecimentos comerciais estão cheios. A resposta dos cuidados de saúde é que é praticamente a mesma do resto do ano. Não só não existe o reforço de médicos feito em Verões passados, como acabou a consulta especial ao turista.
Regra número um do turista acidentalmente doente: evitar ao máximo as urgências dos hospitais públicos - que, aliás, são apenas dois, Faro e Portimão, e ambos entidades públicas empresariais. Só recorrer a elas em caso de possível perigo de vida e pouco mais. Em Faro, por exemplo, o tempo médio de atendimento nas urgências é de 3h40, mas nos casos considerados pouco ou nada graves a espera pode prolongar-se por muitas mais horas. Regra número dois: se a situação é realmente grave use e abuse destas urgências. É para isso que elas lá estão. "As pessoas só perdem horas nas urgências, se a sua condição clínica não for grave", observa o presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Rui Lourenço. E acrescenta: "Não podemos atender toda a gente ao mesmo tempo, não temos recursos suficientes." Para problemas menores, como picadas de peixe-aranha e afins, o turista pode recorrer aos 32 postos de praia com enfermeiro. Funcionam das 10h às 20h e alguns deles vão manter-se abertos até 15 de Setembro. Senão, pode ir aos serviços de urgência básica. Estão em Albufeira, Lagos, Loulé e Vila Real de Santo António, funcionando 24 horas por dia e sete dias por semana. Têm dois médicos em permanência, electro-cardiógrafo com desfibrilhador... E espera garantida. Só em Lagos o atendimento poderá ser mais rápido.

Dois dias numa maca

Quem tem dinheiro para pagar acaba num dos hospitais ou clínicas particulares. O grupo Hospital Particular do Algarve possui unidades em Faro (Gambelas), Alvor e Portimão (São Camilo). Já o grupo da Caixa Geral de Depósitos HPP-Hospitais Privados de Portugal opera em Faro, São Gonçalo e Lagos e na Clínica do Infante, Portimão. A maior parte aceita seguros de saúde, tendo algumas restrições em relação aos funcionários com ADSE. Nalguns deles existem até equipamentos em falta no sistema público. Mas o responsável pela área de saúde da região, Rui Lourenço, avisa que as urgências dos privados não têm os mesmos recursos nem a mesma quantidade de serviços que os públicos: "Há coisas que lá não há, nem nunca haverá: cuidados intensivos ou anestesista, cirurgia e pediatria em permanência..." Aqui, os preços das consultas variam entre os 65 e os 70 euros, pagos na íntegra, se não se tem seguro nem ADSE.
Em Abril, ainda a vaga de turistas não tinha chegado, Isabel Ponte, de 84 anos, ficou dois dias numa maca no corredor das urgências do Hospital de Faro com uma pneumonia. O genro, Manuel dos Santos, conta que a idosa, também diabética, não se curou. Pelo contrário, a doença agravou-se e começou a apresentar "sinais de perturbação psíquica". Os médicos e enfermeiros com quem falou "acharam que deveria ser transferida para um espaço adequado ao seu estado clínico, mas não havia outro". Perante um desfecho que antevia dramático, Isabel Ponte pediu que lhe fosse dada alta, enquanto o genro lavrou um protesto no livro de reclamações da instituição. "Para morrer, que morra em casa, pois o hospital não dá a cura, precipita a morte", escreveu, sublinhando o "esforço dos clínicos" para resolverem uma situação que os ultrapassava.

Reportagem

"Deixou de haver uma estação alta. Receamos o Verão... e o Inverno"

Por Ana Henriques, Idálio Revez
Para os utentes há muitas horas de espera no hospital de Faro, mas também em Albufeira e Portimão. Os médicos, esses, acabam muitas vezes exaustos.

Às segundas-feiras é pior. Meteu-se o sábado, mais o domingo, e à medida que o fim-de-semana foi passando nada de melhorarem. Quando por fim chegam ao hospital de Faro, são arrumados nas macas do corredor das urgências, os ossos a saírem pelas camisas de dormir, os corpos contorcidos em posições impossíveis que a luz branca devassa sem piedade. Alguns gemem. Outros nem isso, que a máscara de oxigénio não os deixa.
A morgue é logo ao lado, e há segundas-feiras em que este parece um corredor da morte, tal a quantidade de idosos vindos de lares ou das suas casas que aqui desemboca. As enfermarias já estão cheias com outros doentes, e nas salas de espera das urgências há mais gente à espera, velhos e novos. Resta o corredor para os acolher, entre o trânsito dos médicos, dos carrinhos da comida, da limpeza e dos medicamentos. Já foi pior, garante quem sabe. "Aqui no hospital deixou de haver uma estação alta: toda a hora é hora de ponta", descreve Elsa Araújo Pina, para quem hoje é dia de chefiar uma das equipas da urgência do Hospital de Faro. "Receamos o Verão... e receamos o Inverno", reconhece.
À porta há uma rapariga de olhos humedecidos. Talvez seja do sono, mas também pode ser da aflição. Veio fumar um cigarro, antes de voltar lá para dentro, para o pé do namorado, a quem dores insuportáveis na barriga empurraram para as urgências a meio das férias no Clube Praia da Oura. Chegaram às quatro da manhã. "Os resultados dos exames eram pouco claros", conta a empregada da indústria farmacêutica. "Ficou à espera que chegassem os médicos do turno das 8h. Mas só agora, às 11h, é que lhe vão fazer uma ecografia." Acabou tudo bem: a infecção - uma pancreatite aguda - foi debelada, depois de mais um dia de internamento. De regresso ao emprego, já sossegada, reconhece: "As urgências eram um caos, mas o pessoal era muito profissional. É semelhante aos outros hospitais." "Os dias impossíveis são frequentes", afirma o presidente da Câmara de Alcoutim, um clínico que nas horas vagas aqui faz voluntariado. "Os utentes esperam umas horas boas. E os médicos, esses, estão exaustos", conta Francisco Amaral.

Urgências lotadas

Fugir para o Hospital de Portimão não resolve nada, porque também aqui as urgências estão lotadas. E no posto médico de Albufeira (o nome técnico é Serviço de Urgência Básica, SUB), aberto 24 horas por dia, a situação não é muito melhor. Encostada contra o prédio baixo que alberga dois médicos e todos os doentes que forem chegando, Aida Nunes, uma mulher de 36 anos e duas filhas, berra no meio da noite: "Eu espero que me atendam, mas tirem-me primeiro as dores! Ao menos dêem-me uma m... de uma injecção..." Ninguém lhe responde, mas dentro do posto o ambiente é tudo menos pacífico.
As pulseiras coloridas distribuídas aos utentes para lhes indicar o tempo previsível de espera - quatro horas para a azul, correspondente aos casos não urgentes, duas para as verdes, casos pouco urgentes e uma para as amarelas, urgentes - são letra morta, e as reclamações mais que muitas. "Chegou aí um casal estrangeiro com um miúdo e assim que viram como isto estava meteram-se num táxi e foram-se embora", conta uma turista portuguesa a quem o tratamento a duas picadelas de vespa custou quatro horas e meia de espera. À meia-noite ainda se acumula no posto médico de Albufeira vintena e meia de utentes, incluindo três jovens australianos que vão viajar de manhã cedo para França.
Com febre e dores de estômago, a rapariga que veio procurar ajuda à urgência faz as contas às poucas horas que lhe restam de sono até apanhar o avião: "Estou muito chateada." Do fundo da mala, outra utente desencanta um pacote de bolachas para dar às filhas de Aida Nunes, que ainda não jantaram. "Em Agosto chegamos a estar aqui oito e nove horas à espera, com crianças", queixa-se a mãe, cozinheira de um restaurante da praia dos Pescadores. Lá dentro está outra cozinheira aflita, desta vez por causa de um acidente profissional: queimou a mão com azeite. "Não aguento, pus pomada, mas dói-me muito - estou com dores que não aguento." Quando pergunta ao segurança se falta muito para ser atendida - afinal, já passaram três horas -, a resposta é um encolher de ombros.
Elisete chamou dois amigos para lhe fazerem companhia. A jovem professora primária está farta de estar sozinha nas urgências do Hospital de Portimão. Os amigos meteram-se no carro, fizeram-se à estrada e acabaram de chegar, vindos de Lisboa, à uma e meia da manhã, mas nada de Elisete ser atendida. Mas nem tudo corre mal: nas urgências de pediatria a pequena Inês, há um ano neste mundo, despachou-se num quarto de hora. Veio repetir análises.
Apesar do pé esquerdo ligado, a inglesa vem a sair do Hospital de Faro com um ar despachado e satisfeito. O chão molhado do aeroporto pregou-lhe uma partida quando pisava pela primeira vez solo português. As três horas e meia de turismo hospitalar com que iniciou a estadia no Algarve não lhe parecem ter feito grande mossa. "Demorou um bocadinho, mas fui bem assistida", resume, antes de regressar ao hotel.
Segunda-feira já passou e o cenário atenuou-se um pouco. Mas ainda há vários idosos acamados no corredor. "Muitos têm doenças crónicas e ficaram descompensados. Deviam ter sido tratados pelos seus médicos antes de chegarem a este ponto", critica a directora clínica do hospital, Helena Gomes. "Também precisam de uma família...", acrescenta.
Os médicos continuam a andar de um lado para o outro, quais formigas brancas a apagar os fogos que se vão sucedendo. Uma das formigas brancas pára e baixa o tom de voz: "Estou farto disto, não aguento mais. Vou-me embora."  



Críticas e situações de descontentamento

"Como é possível um turista de luxo ficar numa maca num corredor de hospital?", diz o presidente da Câmara de Loulé


O presidente da Câmara de Loulé, Seruca Emídio, é médico de profissão e a sua mulher, colega de ofício, chefia um dos serviços do Hospital de Faro. O autarca diz que há uma coisa que o intriga: que o há muito prometido novo hospital, a construir no Parque das Cidades, em Faro, ainda não tenha saído do papel, ao mesmo tempo que os privados "entram no mercado da saúde com toda a força e pujança". Além das seis unidades já existentes, quatro delas com atendimento 24h por dia, vai abrir em Albufeira mais uma, do grupo Trofa Saúde.
"Alguma coisa está mal", declara o social-democrata. "Os hospitais privados deviam ser complementares e não substitutos dos públicos." A Seruca Emídio choca que quem manda "não se tenha apercebido ainda da importância do turismo de saúde", apesar da quantidade de estrangeiros reformados que escolhe o Algarve como pátria adoptiva. "Como é possível aceitar que um turista alojado num hotel de 500 euros por noite vá para o corredor de um hospital ou de uma enfermaria?", interroga.
"Existe um drama diário, quando o hospital quer dar alta aos doentes, as famílias não têm condições para os acolher e os lares e as unidades de cuidados continuados estão cheios", nota Francisco Amaral, presidente da Câmara de Alcoutim e voluntário nas urgências de Faro há 12 anos.
O problema do corredor não é apenas de falta de conforto. O Hospital de Faro já teve no passado graves problemas com infecções hospitalares. "Dá-se o ridículo de haver pessoas, internadas no corredor, com um placa na maca a dizer "isolamento de contacto", mas sem qualquer tipo de isolamento real", descreve o dirigente sindical dos enfermeiros Nuno Manjua. "O doente, quando vai para a urgência, vai para uma terra de ninguém, porque não tem um médico atribuído e pode ir passando por vários."
"Posso garantir que não há nenhum doente crítico que não tenha todos os cuidados de que precisa, no espaço adequado, com a equipa adequada e com os equipamentos indispensáveis", afirma a directora clínica da unidade de saúde, Helena Gomes, dando ainda como garantia de segurança a existência de uma comissão de controlo de infecções. "Há colegas nossos que já pediram análises Clostridium difficile [a bactéria suspeita de ali ter morto vários pacientes nem 2009] e veio positivo", contrapõe Nuno Manjua.
É uma situação pior que em Santa Maria ou São José, em Lisboa? Não, responde a graduada de Medicina Interna Elsa Pina, com muitos anos de urgências em cima. E até já foi pior: "Dantes ficavam 60 doentes no corredor." Hoje estão lá uns 20. "Não gosto é que me digam que está tudo bem e que não há sobrecarga de trabalho. Nós, internistas, estamos profundamente insatisfeitos. As pessoas estão a ser tratadas no corredor - não me pergunte como. É inadmissível." Mesmo assim, a médica não hesita quando se lhe pergunta se, em caso de emergência, é melhor ir ao hospital público ou ao privado: "Por muito que a hotelaria seja pior, se tiverem algum problema venham ao hospital público."
As dificuldades de gestão do espaço - ou da falta dele - não se resumem ao Verão, admite a directora clínica. Os períodos do Natal, passagem de ano e Páscoa também são críticos.
Um dos motivos da falta de médicos é a saída dos especialistas para o sector privado. David Barros Madeira, oftalmologista, também o fez, mas quando o Governo aboliu as listas de espera voltou ao hospital público para levar a cabo cirurgias às cataratas. A assistência médica no sector público, diz o especialista, "começa a ficar comprometida pela falta de formação".
"Está a dar-se uma sangria de médicos do público para o privado - está a canibalizar-se o sector público", opina, com os clínicos a serem seduzidos por honorários mais altos. "Só que é no sector público que se formam os especialistas, e não no privado", sublinha.


Autarcas também sofrem

Quatro horas nas urgências de Albufeira para levar uma injecção contra o tétano
 A hora do jantar passou há muito nas urgências de Albufeira. "Esqueci-me de que tinha fome", diz Fernando Serpa, vereador socialista na Câmara de Silves. O advogado espetou um prego num pé em casa, em São Bartolomeu de Messines, e veio levar uma injecção contra o tétano. Como o Centro de Saúde de Silves "deixou de ter serviço de atendimento permanente", fez cerca de 20 km para receber tratamento. Chegou há quatro horas às urgências de Albufeira e ainda não foi atendido. Sai da sala de espera para apanhar ar na rua: "Isto é o caos."
Entrevista 
Rui Lourenço, presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve

"Não querem esperar? Há as clínicas, os consultórios"

O presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Rui Lourenço, considera que a região está preparadíssima para receber os turistas, mas admite que faltam médicos, o que impediu a reedição da consulta do turista.

O Algarve está preparado para receber os turistas em Agosto?
Preparadíssimo. Temos três viaturas médicas de emergência e reanimação, quatro ambulâncias de suporte imediato de vida e um helicóptero. Os quatro serviços de urgência básica da região [postos de saúde abertos 24 horas por dia], situados em Albufeira, Lagos, Loulé e Vila Real de Santo António têm dois médicos em permanência, além de análises, raios x digitalizado e electro-cardiógrafo com desfibrilhador. Esta é uma boa região para se ter um enfarte! Há ainda 32 postos de praia com um enfermeiro das 10h às 20h até 31 de Agosto ou, nalguns casos, 15 de Setembro. Garantimos as condições de saúde e segurança.

Mas os tempos de espera previstos não são cumpridos e os utentes desesperam...
A dificuldade são as situações de menor gravidade clínica. As pessoas só perdem horas nas urgências, se a sua condição clínica não for grave. Continuamos a ter pessoas que recorrem indevidamente às urgências e não podemos atender toda a gente ao mesmo tempo, não temos recursos humanos suficientes. Existe um excelente serviço de urgência e de emergência, mas não podemos resolver de um momento para o outro o que não foi solucionado em 30 anos. O Algarve sempre teve menos recursos humanos do que aqueles que necessita - durante todo o ano, não é só no Verão. No ano passado ainda havia consultas do turista nos centros de saúde, mas este ano não foi possível, por falta de pessoal. Houve médicos que se aposentaram entretanto. Gostaria muito de voltar a ter esta consulta.

E o reforço de médicos que dantes era feito no Algarve no período estival e deixou de ser?
Gostava muito de ter uma fábrica de médicos. Mas não os há... Acabou de sair um decreto-lei que regula a contratação de médicos aposentados em regime excepcional.

Isso não empurra os doentes para o sector privado?
Do ponto de vista da urgência os privados não oferecem o mesmo que o público. Não têm os mesmos recursos, nem a mesma quantidade de serviços. E há coisas que lá não há nem nunca haverá: cuidados intensivos; anestesista, cirurgia e pediatria em permanência... Nas situações mais importantes há necessidade de recorrer aos hospitais públicos. Quando pedem a um doente 1000 ou 1500 euros por um dia de internamento no privado é que as pessoas percebem o valor dos cuidados que lhes são prestados no serviço público.

Podemos portanto concluir que só vale a pena recorrer às urgências dos hospitais públicos em situações muito graves, e que quem tem dinheiro ou um seguro de saúde deve usar os privados para os problemas menores?
Não querem esperar? Há outras alternativas no Serviço Nacional de Saúde - as clínicas, os consultórios... Às vezes a questão da espera é colocada de forma um bocado despropositada. Nós esperamos em todo o lado! Se eu for picado por uma vespa é provável que espere mais tempo no serviço de Urgência Básica de Albufeira, ao qual recorrem 300 pessoas por dia, do que em Alcoutim, ao qual recorrem 30...

Como encara a recomendação do Hospital de Faro pedindo aos médicos que não tirem férias em Agosto e Setembro?
Existe uma legislação laboral. E a única vinculação é essa. Na saúde não pode haver decisões autocráticas. Se as coisas não forem negociadas, não se resolvem.
 


Cf também:

Posted by por AMC on 15:09. Filed under , , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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