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Ontem à noite na Band TV: primeiro debate entre os candidatos ao Governo do Estado do Amazonas

foto: Jair Araújo

O primeiro debate realizado entre os seis candidatos ao Governo do Amazonas, na noite desta quinta-feira (12), na TV Bandeirantes do Amazonas, foi marcado basicamente pela ausência de propostas dos candidatos. O formato do programa, que não dava margem para confrontos diretos entre os candidatos melhor colocando nas pesquisas, deixou pouca margem para ataques diretos. O clima morno predominante foi quebrado uma única vez.
No primeiro bloco, todos os concorrentes deveriam responder a uma única pergunta feita pelos profissionais da Band. A pergunta foi sobre educação. Na ordem das respostas, definidas por sorteio, o primeiro a responder foi o candidato do PSOL, Luiz Carlos Sena. Uma de suas propostas foi a de realizar eleições para os cargos de diretores das escolas da rede pública de ensino. O segundo a responder foi Hissa Abrahão (PHS), que defendeu investimentos na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com aumento do número de vagas, contratação de mais professores e melhoria na estrutura da Universidade.
O terceiro a falar, Luiz Navarro (PCB) falou sobre uma proposta que, segundo ele, está impedindo que professores da rede pública ganhem três salários mínimos, conforme diz a Constituição Estadual. O candidato Alfredo Nascimento (PR), o quarto a falar no primeiro bloco, disse que o Amazonas tem o pior ensino, porém uma das maiores arrecadações do país. Ele destacou investimentos, com aumento de salário para os professores, qualificação, criação de plano de cargos e salários, data base de reajuste salarial e, ainda, prometeu computadores para os professores da capital e interior do Estado.
Omar Aziz (PMN), candidato à reeleição, começou sua participação criticando as propostas de Alfredo Nascinento, seu principal adversário de acordo com as pesquisas, e disse que o Estado já dispõe de plano de cargos e salários e que a data base salarial já existe. Omar disse ainda que os professores do Amazonas são os mais bem remunerados do País. Ele atacou os demais candidatos, dizendo que havia muita “desinformação” sobre as políticas do Governo.
O último a falar foi Herbert Amazonas (PSTU) ressaltou o que ele chamou de “balanço negativo” da educação, que, na opinião dele, foi feito pelos outros candidatos. Ele criticou o desempenho e a estrutura da educação no Amazonas. Disse que os projetos implementados são “falidos”. Ele usou ainda índices do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) para fundamentar sua argumentação. Defendeu ainda a discussão com trabalhadores, regulamentação de piso salarial e redução de jornada de trabalho para que os professores pudessem atender os alunos, em sala de aula, e pudesse ainda se qualificar.

Segurança pública e moradia pautam segundo e terceiro blocos

No segundo bloco do debate os candidatos fariam perguntas diretas aos adversários, com direito a réplica e a tréplica. Quem abriu a rodada de perguntas – o que também foi definido mediante sorteio – foi Hissa Abrahão. Ele perguntou a Omar as propostas do candidato à reeleição para segurança, citando um aumento do número de homicídios no Estado, que de acordo com ele teriam acontecido nos últimos cinco anos. Omar se defendeu dizendo que casos de homicídio não acontecem apenas no Amazonas e defendeu duas medidas: prevenção e repressão. Ele usou programas de Governo, como o “Galera nota Dez”, e dados referentes a investimentos.
Em sua réplica, Hissa disse que Omar vivia em um “mundo de ilusões”. “O Amazonas não tem toda essa segurança. Tivemos aumento de 88% de mortes entre os mais jovens de até 19 anos. Tivemos aumento de 58% dos estupros”, disse o candidato, que defendeu ainda a reformulação do modelo de segurança pública. Na tréplica, Omar disse que os dados usados por Hissa não eram verdadeiros. “Os dados que você tem não são verdadeiros. O Amazonas é o Estado mais seguro do país”, argumentou.
A outra sequência de perguntas ficou entre Luiz Carlos Sena e Alfredo Nascimento. Sena perguntou sobre concentração de renda na capital. Alfredo respondeu que falta desenvolvimento. “O interior está esquecido, abandonado. Precisamos de investimentos, de atividades para manter o homem no interior”, disse o candidato, que defendeu ainda que a merenda e fardamento usadas nas escolas das cidades do interior devem ser produzidas na própria cidade onde será destinada.
Continuando o segundo bloco, os demais candidatos insistiram em questionar os adversários sobre concentração de renda, caso de Luiz Navarro, investimentos em moradias populares e concentração de renda na capital, em detrimento do interior do Estado.

Confronto

Foi nesse bloco o único momento de embate entre Alfredo e Omar. O governador teve o direito de fazer uma pergunta para Alfredo e quis saber como está o interior do Estado. Alfredo disse que os municípios do interior estão abandonados e que o governo “perdeu o rumo” depois da saída de Eduardo Braga (PMDB), que concorre a uma vaga no Senado. Na réplica, Omar criticou os portos feitos pelo Ministério dos Transportes na gestão de Alfredo. Na tréplica, Alfredo voltou a elogiar Braga e disse que ele “devia estar arrependido de ter dado o governo para Omar”. “O desmatamento cresceu 59%. Não há dinheiro na atividade econômica, na atividade primária. Político não pode esquecer o homem do interior, que está inteiramente abandonado. Há municípios que você (Omar) nunca visitou. Parece que está faltando Governo no Estado. Estamos vivendo de festa e propaganda”, disse Alfredo.
Omar só pôde responder a Alfredo no terceiro bloco. Ele disse que os investimentos no interior do Estado nunca foram tão altos e que Alfredo deveria explicar melhor a situação dos portos. “Estou há três meses e nada foi parado. O Alfredo não conhece o interior do Estado. Ele, enquanto Senador, não fez uma emenda para o interior. Como ministro, passou sete anos e repassou pouco mais de R$ 600 mi para o Estado. O Acre recebeu mais. O Pará recebeu mais. Foram R$ 2 bi no Pará. Ele teve oportunidade como ministro e Senador”, disse Omar.
O terceiro bloco seguiu os mesmos moldes do segundo, mudando apenas a ordem de quem fazia as perguntas. Mas não houve nenhum atrito entre os candidatos. Omar e Alfredo não puderam trocar perguntas.
“O desmatamento cresceu 59%. Não há dinheiro na atividade econômica, na atividade primária. Político não pode esquecer o homem do interior, que está inteiramente abandonado. Há municípios que você (Omar) nunca visitou. Parece que está faltando Governo no Estado. Estamos vivendo de festa e propaganda”, disse Alfredo.

Penúltimo bloco: combate à biopirataria, desmatamento e estrutura estadual

O quarto bloco foi dividido de forma que cada candidato pudesse responder às perguntas formuladas por jornalistas da Band São Paulo e outros concorrentes pudesse comentar as respostas. A primeira pergunta dói feita pelo jornalista Fernando Mitre, sobre combate à biopirataria. A pergunta foi direcionada a Luiz Carlos Sena. Ele disse que o Governo deveria tomar “posição enérgica” e que o combate à biopirataria pode ser combatido com investimentos na produção do Estado.
Omar Aziz comentou a resposta de Sena dizendo que o combate à biopirataria é um trabalho que deve ser feito em parceria com o Governo Federal para, de acordo com ele, garantir a segurança das fronteiras. Sena replicou afirmando que era necessário manter as populações do interior no interior, sem “inchar” a capital. Na tréplica, Omar citou o programa Bolsa Floresta, que paga R$ 50 para que o homem do interior ajuda na preservação.
A segunda pergunta foi feita por Ricardo Boechat, sobre combate ao desmatanento. Coube a Omar Azizr responder. Ele disse que o combate ao desmatamento era importante, mas também era necessário dar “oportunidade para o homem do interior ajudar nisso. O amazonas é o Estado que menos desmata”, disse, criticando ainda alguns dos números publicados por institutos de pesquisa. Herbert Amazonas comentou as respostas de Omar, criticando a presença de multinacionais e madeireiras que, segundo ele, são quem recebem as riquezas do Amazonas.
As demais trocas de perguntas e respostas foram entre Herbert Amazonas e Hissa Abrahão; Alfredo Nascimento e Luiz Navarro; Hissa, mais uma vez, e Alfredo; Navarro e Luiz Carlos Sena.

Candidatos usam último bloco para pedir votos

Todos os seis candidatos deixaram o último bloco, reservado para as considerações finais, para pedir votos aos telespectadores que acompanhavam o debate. O primeiro foi Herbert Amazonas, que criticou o problema de divulgação dos candidatos de sua chapa nos veículos de imprensa. Omar Aziz falou do “avanço do Governo” e pediu continuidade do trabalho.
Alfredo Nascimento fez um breve resumo de sua trajetória de vida, vindo do Nordeste do país, e sobre sua experiência como Prefeito de Manaus.
Navarro pediu aos telespectadores que avaliassem e que “enxergassem” que haviam “propostas e propostas”. Ressaltou ainda a criação dos conselhos populares, que de acordo com ele serão comandados por pessoas da população, eleitas pela própria comunidade.
Hissa pediu oportunidade à “juventude”, fazendo referência à própria idade, já que é os mais jovem a concorrer ao Governo do Estado este ano. Falou ainda que o Amazonas precisa de “equilíbrio”, e que era isso o que ele quer proporcionar. Luiz Carlos Sena, por sua vez, afirmou ter proposta “diferenciada” dos demais candidatos. Criticou ainda o que ele chamou de “grupo político que está há quase 30 anos e tem dois candidatos”, segundo ele, Omar Aziz e Alfredo Nascimento.



Cf. também:

    charge: Júnior Lima

    Analistas avaliam papel do debate entre candidatos ao governo do AM
     
    Analistas da política no Amazonas avaliam que o debate desta quinta-feira (11), na Band Amazonas, deve ajudar o eleitor a determinar o “grau de sinceridade” dos candidatos ao governo do Estado. Os especialistas afirmam, ainda, que ofensas e agressões diretas deverão ser evitadas, pois são vistas de forma negativa pelo eleitorado.
    O primeiro debate entre os candidatos a governador na televisão, será realizado nesta quinta, às 21h, na Band Amazonas. Os seis candidatos confirmaram presença: Omar Aziz (PMN), Alfredo Nascimento (PR), Hissa Abrahão (PPS), Herbert Amazonas (PSTU), Luiz Navarro (PCB) e Luiz Carlos Sena (PSOL).
    Para o sociólogo Gilson Gil, o debate não influenciará diretamente na decisão do voto do eleitor, mas deve esclarecer dúvidas. Ele avalia também que é a oportunidade de a sociedade julgar a “sinceridade” dos candidatos na apresentação das propostas.
    “Muita gente está com o voto definido, mas é sempre bom ver os candidatos ao vivo expondo suas opiniões. É mais espontâneo que no horário eleitoral. O eleitor vai ter a chance de provar a sinceridade do candidato ou a falta dela”, explica Gil, que também é professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
    O antropólogo e coordenador do Núcleo de Cultura Política do Estado do Amazonas (NCPAM), José Ademir Ramos, compartilha a opinião. “Em um primeiro momento, o debate deve esclarecer. No segundo, deve envolver o eleitor e, em terceiro, levar para o eleitor as teses de cada candidato. O debate deve ser um instrumento participativo, que permita esclarecimento ao eleitor, onde os candidatos devem ser sinceros. Ele (o candidato) deve envolver e sensibilizar os eleitores”, analisou.

    Novidades

    Para Gilson Gil, o debate pode ainda ser a ocasião ideal para ‘esquentar’ a campanha eleitoral, considerada ‘morna’ pelo especialista. “A campanha está morna até agora, sem grandes eventos. A própria legislação é restritiva. Esse debate pode ser a ocasião, tanto de favoritos quanto de pequenos, de mostrarem alguma novidade”.
    Na opinião do professor de Marketing e proprietário da Action Pesquisas de Mercado, Afrânio Soares, o debate não vai movimentar a disputa eleitoral, o que, segundo ele, começará com a propaganda eleitoral gratuita na TV e no rádio, a partir da próxima terça-feira (17). “O debate por si só, será assistido por formadores de opinião, pessoas interessadas em tirar dúvidas, conhecer mais os candidatos. Será comentado nos dias que virão. Não avalio que deve provocar um acirramento, mas será muito interessante”.
    As agressões e ofensas diretas deverão dar lugar à apresentação de propostas. Para o sociólogo e professor da Ufam, Luiz Fernando Santos, é importante que os candidatos mostrem suas diferenças, mas de forma democrática. “Do ponto de vista político, da democracia, a ofensa direta entre candidatos não é bom, já que os eleitores estão interessados nas ideias deles”.
    Para Afrânio, a maioria dos eleitores defende a proposição de ideias e uma minoria, confrontos diretos. “Os candidatos vão preparados para que não percam a compostura e possam ser protagonistas de cenas lamentáveis, de baixaria”, disse.

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