Sugestão de palco: Martinho da Vila em Portugal
Ainda recentemente no palco SunSet do Rock in Rio Lisboa, ao lado de Luís Represas, Martinho da Vila é cabeça de cartaz dia 4 de Julho no Festival Delta Tejo, no Alto da Ajuda, e actua na véspera no Palácio de Cristal, na cidade do Porto.
Biografia :
Martinho José Ferreira nasceu em Duas Barras, Rio de Janeiro, a 12 de Fevereiro de 1938. Filho de lavradores da Fazenda do Cedro Grande, foi para a cidade do Rio de Janeiro com apenas 4 anos. Quando se tornou conhecido, voltou a Duas Barras para ser homenageado pela prefeitura, e descobriu que a fazenda onde nasceu estava à venda. Não hesitou em comprá-la e hoje é o lugar a que chama de “Meu off-Rio”.
Criado na Serra dos Pretos Forros, a sua primeira profissão foi como Auxiliar de Químico Industrial, função aprendida no curso intensivo do SENAI. Mais tarde, enquanto servia o exército como Sargento Burocrata, tirou um curso na Escola de Instrução Especializada, tornando-se escrevente e contador.
Pai de oito filhos e avô de sete netos, Martinho conservou o estado civil de solteiro até conhecer Clediomar Corrêa Liscano, que é conhecida como Cléo, e que Martinho chama de Preta Pretinha. Martinho sempre disse que nenhuma mulher o levaria ao cartório ou à igreja, e foi o que aconteceu. A sua relação com Cléo, 33 anos mais nova, foi oficializada com um acto civil na sua Fazenda Cedro Grande no dia 13 de Maio de 1993 e um religioso com uma grande festa, com a noiva de véu e grinalda, na sua propriedade denominada de Fazenda do Pacau, no dia 31 do mesmo mês e ano.
A sua vida de sambista (ritmista, passista, compositor, puxador de samba enredo, presidente de ala e administrador) começou na extinta Escola de Samba Aprendizes da Boca do Mato. Mais tarde passou pela Escola do Bairro de Noel, onde entrou em 1965, e pela Unidos de Vila Isabel, onde passou a ser chamado de o “Da Vila” e da qual é o Presidente de Honra.
Martinho da Vila enquanto compositor deu-se a conhecer ao grande público no III Festival da Record, em 1967, no qual concorreu com a música ‘Menina Moça’, e, no ano seguinte, na quarta edição do mesmo festival, lançando o que se tornou num clássico do samba, ‘Casa de Bamba’.
A sua carreira de cantor profissional iniciou-se em 1969 quando lançou o LP Martinho da Vila, que teve um enorme êxito no Brasil, com grandes sucessos como ‘Casa de Bamba’ e ‘O Pequeno Burguês’ e outras que se tornaram clássicos – ‘Quem é Do Mar Não Enjoa’, ‘Iaiá do Cais Dourado’ e ‘Tom Maior’.
Desde cedo que Martinho da Vila se tornou num dos artistas brasileiros mais respeitados e um dos que mais discos vende no Brasil, tendo sido o primeiro sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias com o álbum Tá delícia, Tá gostoso, lançado em 1995.
Hoje é impossível saber de cor todos os prémios que Da Vila já ganhou, entrando todos os prémios guardados na sua cidade natal, Duas Barras. Entre os títulos guardados com carinho estão os de Cidadão Carioca, Cidadão Benemérito do Estado do Rio de Janeiro, Comendador da República em grau de Oficial, a Comenda da Ordem do Mérito Cultural e as comendas mineira Tiradentes e JK. Os sambas mais consagrados da escola são da sua autoria, tendo também criado vários para desfiles, de entre os quais “Kizomba, a Festa da Raça” que está entre os mais memoráveis da história dos carnavais e que garantiu a Martinho, em 1988, o seu consagrado título de Campeão do Centenário da Abolição da Escravatura. Colaborou também no tema ‘Soy Loco Por Ti América’, elaborado em parceria com os carnavalescos Alexandre Louzada e Alex Varela, que lhe deu o título máximo do carnaval de 2006.
Nacionalmente conhecido como sambista, Martinho da Vila é um legítimo representante da Música Popular Brasileira (MPB – um estilo de música brasileira), e considerado por muitos críticos como o melhor cantor do Brasil, interpretando músicas dos mais variados ritmos.
Embora compositor indutivo e cantor sem formação académica, tem uma grande ligação com a música erudita tendo idealizado, em parceria com o Maestro Leonardo Bruno, o Concerto Negro, um espectáculo sinfónico que enfoca a participação da cultura negra na música erudita, e participou no projecto Clássicos do Samba sob a regência do saudoso Maestro Sílvio Barbato.
Além de compositor e cantor, Martinho da Vila é também escritor e o autor de 10 livros.