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«Para Marina, não é só a força do dinheiro que vence uma eleição»

por Altino Machado

Marina Silva sorri durante a convenção nacional do Partido Verde. foto: Fabio Rodrigues Pozzebom

Sem mencionar seus oponentes, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), a candidata do PV à presidência da República, Marina Silva, disse em entrevista exclusiva ao Terra, que não é só a força do dinheiro e das estruturas que podem vencer uma eleição.
"Hoje, as pessoas estão tratando a política como se alguém já tivesse decidido e que o povo siga apenas um roteiro. Não, o roteiro está sendo escrito pelo próprio povo", afirmou.

Terra - Poucas vezes se viu a senhora tão descontraída em público como na convenção do PV, quando sorriu muito e até fez piada das dificuldades que enfrentou na vida.
Marina Silva - Era um momento de celebração, de olhar para a minha trajetória. Temos uma candidatura que começa, em poucos meses, com 12% da preferência do eleitorado. Isso representa 16 milhões de pessoas acreditando num projeto, mas é apenas o começo. Isso deixa a gente feliz, motivada, principalmente para fazer a política com "P" maiúsculo. Não é a política do vale tudo, não é uma guerra pelos despojos do Brasil. É muito mais um encontro por aquilo que o Brasil pode oferecer de melhor, de verbo e de pão, para alimentar as bocas e os corações.
Terra - Os institutos de pesquisa são capazes de medir aquilo que costumamos chamar de fogo de monturo?
Marina Silva - Acho que eles estão medindo o começo. No começo, os processos que são consistentes não são como fogo de palha. Eles têm consistência e vão crescendo paulatinamente. É isso o que percebo. Cada vez mais as pessoas têm contato com as ideias, com a trajetória, com aquilo que eu e Guilherme Leal articulamos, que é a visão, o processo, a ideia de liderar pelo exemplo. A cada dia percebo as pessoas mais motivadas.
Terra - Como será a sua campanha, após o PV homologar a sua candidatura?
Marina Silva - Agora é uma combinação da plataforma e diretrizes, em programa de governo, num amplo processo de discussão com todos os segmentos da sociedade, para que esse programa tenha de fato a marca da contribuição dos diferentes setores. Além disso, é a fase da mobilização, do encontro com as pessoas, dos debates, do diálogo com os diferentes segmentos e núcleos vivos da sociedade. Acho que é um desafio grande. Os brasileiros e brasileiras têm pernas, corações e mãos para colher os frutos desses 30 anos de luta sócio-ambiental e apostam num modelo de desenvolvimento que integra a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Terra - Recentemente, a senhora disse que estava voltando a fazer campanha como antigamente. Como é isso?
Marina Silva - É começar tudo de novo e de um modo novo. É poder acreditar que não é só a força do dinheiro e das estruturas que podem vencer uma eleição, mas o envolvimento das pessoas, as propostas, a capacidade de se articular e devolver para a sociedade a prerrogativa de seu destino. Hoje, as pessoas estão tratando a política como se alguém já tivesse decidido e que o povo siga apenas um roteiro. Não, o roteiro está sendo escrito pelo próprio povo.
Terra - Nesta segunda-feira (14), em São Paulo, a senhora será sabatinada no programa Roda Viva, da TV Cultura. Qual a sua expectativa?
Marina Silva - Tenho advogado que haja debate. Não quero a cultura do embate. Isso leva a essas coisas que já começam a acontecer, como o surgimento da guerra de dossiês, para ver quem consegue levantar mais algo para destruir o adversário. Acho que a crítica legítima, consistente, não pode em momento algum ser confundida ou tisnada por qualquer tipo de agressão pessoal. Aliás, este é um dos nossos compromissos de campanha. Não vamos fazer ataques pessoais e não vamos nos valer de qualquer coisa que fira o Estado de direito para obter informações dos adversários.
Terra - Os demais candidatos permanecem calados sobre as mudanças no Código Florestal Brasileiro?
Marina Silva - Insisto que qualquer pessoa que queira governar o Brasil tem que se manifestar sobre essa atrocidade que estão fazendo com a legislação ambiental brasileira. É um risco para as florestas brasileiras. Nós temos 60% do território coberto com florestas e a mudança do Código Florestal Brasileiro vai na contramão da proteção dessa imensa riqueza.


Veja a entrevista com Marina Silva, que será a primeira presidenciável sabatinada nesta segunda-feira (14), a partir das 22h, no programa Roda Viva, da TV Cultura.

Posted by por AMC on 19:39. Filed under , , , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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