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Governo admite não saber quanto vai a redução do subsídio de desemprego permitir poupar

Leio em O Público:

O primeiro-ministro, José Sócrates, admitiu hoje no debate quinzenal na Assembleia da República não saber qual o impacto da redução do subsídio de desemprego na economia.
“Não temos nenhum estudo que nos permita dizer qual a consequência orçamental da redução do subsídio de desemprego”, assumiu José Sócrates, em reacção a uma pergunta de Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, sobre quanto o Governo esperava poupar com esta medida.
Francisco Louçã ripostou, dizendo que “o Governo tomou uma medida para a qual não tem nenhum estudo”.
José Sócrates destacou que a redução do subsídio de desemprego é uma medida justa. “Não acho que ninguém vai para o desemprego porque quer, acho é que há pessoas no desemprego que precisam de ter o incentivo certo para trabalhar”.


A inacreditável confissão de Sócrates, hoje, no Parlamento, não expõe só a leviandade do Governo socialista. Na verdade, ela coloca igualmente a nu a irresponsabilidade de Passos Coelho e dos sociais democratas, que tanto se querem apresentar ao país como alternativa credível de poder. 
Se hoje Sócrates não sabe dizer quanto valem afinal à economia portuguesa os pesados sacrifícios sociais que acarretam as 3 medidas que anunciou, não é de crer que o soubesse há dois dias, quando reuniu com Passos Coelho para as debater e acordar.

Portanto, das duas uma: ou não ocorreu a Passos Coelho perguntar a Sócrates, durante o mediático encontro em São Bento, o que hoje Louçã lhe perguntou na Assembleia da República; ou Passos Coelho perguntou e considerou admissível o desconhecimento do primeiro-ministro relativamente a esse impacto, assinando em baixo o aval do PSD e consentindo que se avançasse para cortes radicais nas prestações sociais aos mais carenciados, sem certeza do real proveito que daí poderá advir para o país.

Como se outra coisa não fosse de esperar, ainda houve quem se surpreendesse com a facilidade com que Passos Coelho –  em  menos de um mês à frente do PSD e depois do destemido discurso anti-PEC e fora-Sócrates da campanha para as eleições internas – se entendeu com o primeiro-ministro e voltou a colocar de pé a costumeira política do centrão. Passos Coelho percebeu o arrepio e apressou-se a vir garantir que se comprometera a «cooperar» mas que «pedia "sentido da realidade" ao Governo». Acontece que para a garantia tranquilizar alguém seria, em primeiro lugar, necessário que o "realismo" fosse pressuposto imprescindível para o próprio Passos Coelho. Ora, como ficou bom de ver, não é. Fossem o "realismo" e a "realidade" uma questão prévia e determinante aos acordos e às tomadas de posição do novo líder do PSD e jamais este se teria esquecido de colocar a pergunta óbvia – a tal que Louçã não deixou passar em branco mal o assunto chegou ao Parlamento – sobre a mesa de São Bento, a saber, esta coisa simples: como se quantifica, efectivamente, o ganho para Portugal das 3 medidas radicais e socialmente extremas que considera serem as mais prementes e eficazes, nesta altura do campeonato, Sr. primeiro-ministro?

Posted by por AMC on 18:37. Filed under , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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