Entrevista de Ciro Gomes, esta noite, na Rede TV
Ciro Gomes: advogado, 52 anos e 30 de vida pública. Foi duas vezes candidato à presidência da República, governou o Ceará, foi prefeito de Fortaleza, deputado estadual, ministro da Fazenda, ministro da Integração Nacional e hoje é deputado federal do Ceará. Não esconde a intenção de seguir adiante com a sua candidatura às Presidenciais de Outubro, mas quase de certeza que o seu próprio partido não o apoiará. Falta apenas que o PSB oficialize a decisão que, na prática, todos – até o próprio Ciro – já antecipam.
Esteve esta noite à conversa com Kennedy Alencar no programa É Notícia da Rede TV.
À parte o estilo frontal e desassombrado que lhe conhecemos, impressionou pela acutilância, muitas vezes azeda onde as mágoas de muitas traições se vieram acumulando. Não poupou praticamente ninguém e até os poucos em que deu no cravo, arranjou sempre uma forma de dar também na ferradura. Do partido a Lula, de quem chegou a ser ministro, não se acanhou e disparou críticas aguçadas, embora se note que, até ver, faz um esforço por se refrear em relação a um presidente de quem sempre foi aliado fiel, mesmo pertencendo a outro partido. Fernando Henrique Cardoso e José Serra, esses sim, foram atacados sem qualquer receio. Esquivou-se às referências a Marina Silva, como se hesitasse em fechar a porta a uma eventual aliança, e foi obviamente cauteloso em relação a Dilma, talvez pela quase certeza de que será ela a candidata que o seu próprio partido decidirá apoiar.
Aquilo que mais ressaltou foi a evidência de um Ciro Gomes tremendamente ferido e acossado. Escutá-lo deixa por isso múltiplas interrogações, principalmente em relação ao que fará no caso de, como tudo indica, se ver forçado a retirar a intenção de se candidatar. Se tenciona de facto cumprir a obediência à orientação partidária do previsível voto em Dilma, ou se vai optar por se juntar à candidatura de Marina Silva, canalizando para ela a franja de eleitorado que as sondagens lhe atribuem, é ainda uma incógnita. Uma coisa me pareceu certa: Lula não terá tarefa fácil quando for tentar as pazes, depois de minar o PSB e lhe pagar a lealdade antiga com um puxar de tapete. É que apesar do capital de respeito que ainda se nota a ecoar do fundo de muitos anos de aliança política, Ciro alterou definitivamente o tom com que se refere ao presidente.Disse, a fechar, "derrotado sim, desistir nunca" e é essa teimosia que causa apreensão, tanto mais que a história da humanidade já mostrou que quase sempre os que não desistem são os que também raramente perdoam, os que preferem "quebrar a torcer".
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