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Um curto exemplo do tratamento dispensado à imprensa pelo poder político. Na cidade de Manaus, no Amazonas



As imagens foram captadas durante uma colectiva (conferência de imprensa) de Amazonino Mendes, perfeito da cidade de Manaus, no final de Fevereiro, a propósito do anúncio da redução do preço dos bilhetes de transporte.
Aproveitando que por cá se anda particularmente sensível à reflexão sobre as relações entre o poder político e a comunicação social, vale a pena espreitar como alguns políticos tratam a imprensa por lá.
E, já agora, atentar na forma abjecta como o director do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), Raphael Siqueira, intimida e aproveita para cercar a jornalista do Diário do Amazonas que tenta colocar as suas perguntas.

Não, não é tarefa simples fazer jornalismo no Amazonas.
Aliás, não só não é para todos/as, como é sobejamente perigoso para muitos/as.


[ ACTUALIZADA]

Entretanto, o Sindicato dos Jornalistas do Amazonas emitiu uma nota de repudio pela intimidação do director do IMTT
Quem conhece a realidade amazonense sabe que a tomada de posição representa um avanço considerável. Seria impensável que sucedesse até há bem pouco tempo. Ainda assim, uma 'nota de repúdio' é uma reacção manifestamente frouxa e insuficiente face a uma postura de continuado desrespeito para com a tarefa de informar com que diariamente os jornalistas esbarram. Mais: assistindo ao vídeo cabe perguntar porque razão a 'nota de repúdio' só visa o director do IMTT , deixando de fora Amazonino Mendes. Uma pena que tenha faltado coragem para a tornar extensiva ao perfeito de Manaus. A menos que assistindo ao vídeo se considere estar diante de um procedimento e postura aceitáveis.


# Para situar

Amazonino Mendes foi:
  • Prefeito de Manaus de 1983 a 1986
  • Governador do Amazonas de 1987 a 1990
  • Prefeito de Manaus de 1993 a 1994
  • Governador do Amazonas de 1995 a 1998
  • Governador do Estado do Amazonas de 1999 a 2002

Só falhou duas eleições. Em 2004, à perfeitura de Manaus, derrotado por Serafim Corrêa, e em 2006, quando tentava eleger-se pela quarta vez a governador do Amazonas, perdendo logo à 1ª volta para o governador reeleito Eduardo Braga.

Em 2008, voltou a conseguir arrancar para si o cargo de perfeito de Manaus, onde actualmente se mantém, embora precisasse de ir à 2ª volta.
A sua candidatura gerou polémica – nomeadamente por parte do Ministério Público do Estado do Amazonas – por se encontrar indiciado em processos que o envolviam em crimes da lei de licitações, crimes contra o sistema financeiro nacional e crimes contra a ordem tributária.

Acusado de compra de voto e gastos irregulares na campanha, vê o mandato cassado a 27 de Novembro desse mesmo ano por ordem da Justiça Eleitoral do Amazonas. A denúncia deu entrada no dia 23 de Outubro, ainda durante a campanha eleitoral. Recorde-se que o vencedor das Municipais 2008, no caso Amazonino, deveria tomar posse a 1 de Janeiro de 2009. Apresenta recurso a 16 de Dezembro e o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE/AM) decide que o candidato vencedor pode tomar posse na data prevista.
Antes do veredicto ser conhecido, porém, a imprensa noticia diversos encontros entre representantes de Amazonino e os desembargadores do TRE/AM.
O caso segue para o Tribunal Superior Eleitoral, mas em função da decisão liminar Amazonino Mendes consegue continuar à frente da Prefeitura de Manaus. 

Posted by por AMC on 14:29. Filed under , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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