'Que força é esta?'

Acordo de frente para esta imagem notável:. De começo o que me intriga é a espantosa semelhança entre a imagem da bandeira e o rosto do homem. Depois, reparando melhor, identifico os traços asiáticos. Percebo que não é com certeza um cubano de gema. Ou talvez o seja, na afinidade com a 'Revolución'. Só que, nesse caso, qual será a dele? Aproximo-me mais um pouco da legenda para lhe espreitar a causa e descubro que o homem que transporta ao ombro a bandeira rubra, onde vagamente resfolega à brisa do Oriente  o revolucionário cubano Che Guevara, é um Camisa Vermelha. Fico a saber que não se prepara para nenhuma guerra. Simplesmente aguarda a sua vez na longa fila para doar sangue, que se formou no centro da capital tailandesa de Banguecoque.
A colecta foi organizada pelos opositores ao governo do Primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva e destina-se nada mais nada menos que a regar a sede do Executivo, como forma pacífica de simbolizar todo o "sacrifício" de um povo.
Só então sou capaz de corrigir três equívocos à percepção inicial do que estava diante dos meus olhos. Este homem é afinal de contas tailandês. Apesar de ser outra a sua luta, na verdade, também ele é compañero de um combate prestes a travar-se. E não, não é pacífico: é parte viva de um protesto que, sem fazer uso da violência, consegue ser violentíssimo.

Este é, sem dúvida, um dos protesto mais fortes que de que me recordo.
Fortíssimo. É um murro no estômago. No meu ainda se sente. Violentamente, aliás.


Vou tratar de compensar as 7h de diferença horária que nos separam da Tailândia.
Voltarei a este assunto mais tarde.