É desta massa, desta fibra e portugalidade que se querem os portugueses de (com) futuro no Portugal que por cá há:
Resultados à parte. Deixando de lado todos os exemplos reais, possíveis e imaginários de gestões bem sucedidas que Zeinal Bava reúna no curriculum.Fixando a análise na postura, na atitude e na abordagem. Fixando o olhar no modelo, nos pressupostos, naquilo que aqui se manifesta como escora e sustento. Daquilo que aqui se exprime e assim – tal e qual assim – é manifesto. É isto que impressiona. É disto que se gosta. É este show off que se espera, aclama e aplaude. De preferência dito com agressividade (perdão!... convicção), muito depressa (perdão!... com eficiência), do modo mais hermético (perdão!... profissional) e ininteligível (perdão!... especializado) possível. É isto: tal e qual assim. É por isto e só por isto. Por restar cada vez menos espaço que não seja a isto. Que entristece. Que deixa dó. Porque no final, olhado cru, é como se por cá não restasse senão o caricato: o lugar à caricatura. Mesmo sabendo que não é assim, que não tinha necessariamente que ser assim. Mesmo sabendo que há ainda outros arquétipos, outros génes, outroas heranças e cromossomas. Por enquanto. Por enquanto ainda há. Apesar de tudo, ainda vai havendo. Mais que não seja nas prateleiras, o que já não é mau de todo. O pior será quando já nem no fundo da despensa os houver.
Mas isto, claro, sou eu a pensar. Sou eu a dizer. Eu que, ainda por cima, hoje até acordei um pouco mais 'Louca de Rua'.
* Vídeo acompanhado da devida vénia aqui e, por sua vez, também aqui.
*Legenda para quem não é de cá:
O senhor em apreço é o vice-presidente da PT, Portugal Telecom. O cenário que serve de entorno à gravação é a Sala 7 da Assembleia da República, onde decorrem as intermináveis audições da Comissão de Ética, Sociedade e Cultura, requeridas pelo Parlamento para avaliar se existem ou não condicionamentos à liberdade de expressão em Portugal. Este é mais um take da saga que faz furor em Portugal: o caso Face Oculta / Escutas Proibidas. Não sendo membro do Governo (sob suspeita de ter orquestrado um plano para condicionar a Comunicação Social), nem jornalista (que se suspeita ser a classe visada pelo referido plano), o senhor em apreço foi convocado por ser o número dois da PT, empresa onde o Estado detém uma golden share e através da qual se efectuaria a compra da TVI (parte crucial do alegado plano).
Foi chamado para esclarecer os contornos do negócio e dizer se o Governo tinha ou não conhecimento da operação, uma vez que há contradições a respeito: primeiro o presidente da PT disse que sim, mas o Primeiro-ministro garantiu que não e, no dia seguinte o presidente da PT que tinha dito que não veio dizer que se enganou e que afinal não, o Governo não sabia da intenção de compra da TVI.
Ao que parece o senhor encarregue de negociar com o grupo espanhol Prisa (dono da Mediacapital, que por sua vez possui a TVI) foi este outro, que também já passou pelas audições da Comissão no Parlamento:
Ora, como se vê, não só a clareza não é um dom que lhe assiste ao raciocínio como não se revelou muito esclarecedor em relação ao caso auditado.
Para voltar a focar o assunto, a comissão parlamentar achou então por bem chamar o senhor que é protagonista deste post ( e, por sinal, seu superior hierárquico) na esperança de perceber como foi que as coisas se passaram exactamente e, já agora, procurar entender como é que um vice-presidente fluente e tão bem preparado decide entregar um negócio daquela monta a um administrador que, pelos vistos, mete os pés pelas mãos e revela sérias dificuldades em se concentrar no tema em discusssão. Isto, claro, para não ir mais longe e nem sequer chegar às capacitações (ou ausência delas) que teria para desempenhar aquelas funções, como já bradava à indignação geral
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Confuso?! Pois, como eu disse: a saga é longa e o enredo muito pouco linear. Para apanhar os fios da meada o melhor talvezseja mergulhar na história completa. E como nada melhor do que ir beber directamente à fonte, sugiro o dossier organizado pelo jornal Sol, que investiga o caso e foi o responsável pela denúncia que motivou, em boa parte, as audições pela Comissão.