Semanário Sol lança esta tarde edição extra
Leio no DN:
A edição do Sol que foi hoje para as bancas esgotou em todo o país às primeiras horas da manhã, por isso a administração e a direcção do jornal decidiram publicar uma edição extra, onde já incluem a providência cautelar interposta contra a saída de escutas ligadas ao processo Face Oculta no semanário.
A segunda edição - que também terá cerca de 130 mil exemplares - irá conter, além de toda a informação publicada hoje, "tudo o que foi publicado na semana passada sobre o caso e comunicados da direcção e da administração do jornal, bem como a providência cautelar", adiantou o responsável.
Bem podem falar dos lucros que a investigação tem rendido ao jornal. Só prova que o cidadão-comum não aceita os formalismos jurídico-legais em que o Governo se tem escudado para nada esclarecer a respeito deste caso. A providência cautelar ontem interposta por um dos envolvidos, só veio dar à edição do Sol a maior publicidade que alguma vez teria pensado dar-se a si própria. Quando o cidadão-comum quer conhecer os factos e nem os envolvidos, nem as instâncias competentes, manifestam disponibilidade para os clarificar, impedir a publicação de notícias só serve para agravar o sentimento colectivo de suspeição.
Passo em revista as edições informativas da manhã e da tarde. Percebo que se recolhem opiniões de políticos, juristas e figuras públicas. E depois junto a isso a percepção de qualquer comum mortal que simplesmente ande pelas ruas e se misture com as pessoas, nos cafés, nos elevadores, nos transportes públicos, na frente das bancas de jornais. Não é de liberdade de expressão, nem de limites da imprensa, nem do direito à privacidade que se fala. Por todo o lado e em todas as conversas aquilo que aglutina as pessoas é a necessidade de saber como foi exactamente que as coisas se passaram, «no final das contas». Sentir a saturação comum de nunca se ver verdadeiramente apurada nenhuma verdade talvez explique em parte porque razão o cidadão-comum já nem quer saber se têm razão os que advogam que nem todos os meios de prova são lícitos, ou se o seu contrário; ou porque razão o cidadão-comum já pouco se interessa pela discussão entre o interesse público e o resguardo da esfera privada.
Perceber a indisponibilidade geral para debater questões de valor e princípio em nome da premência da facticidade devia dar-nos a todos muito que pensar.
A mim deixa-me alarmada.
Posted by por AMC
on 12:50. Filed under
ESPUMAS,
o estado da nação
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