" A força narutal de Marina"
por Sérgio Xavier
2010 começou triste, com muitas tragédias ambientais, com tantas mortes nas estradas. Desastres anunciados, que poderiam ser evitados com melhor planejamento, capacitação e ações preventivas.
No horizonte político, o ano iniciou com nuvens de boatos, especulações e informações distorcidas, que tentam reduzir a importância da pré-candidatura presidencial de Marina Silva (PV). Claro, está iniciada a contagem regressiva para as eleições de outubro e sabemos que não teremos um (desejável) ambiente limpo e elevado nos debates e práticas políticas. A poesia e utopia ainda não conseguem prevalecer nesse mundo da disputa de poder.
Portanto, nada de lamúrias. É preciso firmeza, paciência, trabalho e idealismo para enfrentar a crueza da política rasteira que ainda reina em todos os lugares. E insistir, persistir, persuadir, somar, sem perder as referências, nem se distanciar dos sonhos, nem cair na tentação de usar as mesmas armas sujas.
Com a senadora Marina Silva, continuamos seguros da urgência e necessidade estratégica de construir uma alternativa política sintonizada com um novo modelo de desenvolvimento sustentável para o Brasil. É uma tarefa complexa, exaustiva, pouco compreendida, mas não vamos trocar a linha de frente de um projeto conectado com o futuro para ficar a reboque de velhos projetos, amarrados ao passado.
Sabemos que a nossa missão é abrir caminhos para novas percepções. E temos consciência de que novos caminhos começam com ousadias, minorias, perseveranças. E o mundo espera novidades do Brasil. Exemplo: uma instituição internacional que relaciona periodicamente as 100 coisas que devem ser vistas com atenção no ano que começa destaca Marina Silva.
Veja no link: http://bit.ly/6wk73E ”100 Things to Watch in 2010″
Depois de Lula, Marina é a política brasileira mais conhecida e prestigiada internacionalmente, e com maior experiência em relações externas no campo da emergente economia de baixo carbono (participou de todas as Conferências de Clima da ONU, desde 2003, quando assumiu o Ministério do Meio Ambiente).
Nos ciclos das evoluções humanas, os degraus civilizatórios começam com inovações pontuais, viabilizam-se quando conquistam uns 30% da opinião pública e começam a apodrecer quando tornam-se maioria absoluta. Quando uma ideia ou um hábito começa a beirar a unanimidade é sinal que chegou a hora de ser reciclado, aprimorado, reinventado, dando início a um novo ciclo de evolução.
Na política brasileira recente, o PSDB e o PT cumpriram este papel. Agora é tempo do Partido Verde assumir a dianteira, sem medos, sem dúvidas. Sou um dos fundadores do PV e, há 24 anos, espero esta oportunidade. Os verdes (incluindo Marina, que sempre foi verde), estivemos continuamente na minoria visionária, tentando convencer correntes majoritárias a considerar nossas propostas em programas de governos tradicionais. Mas em 2010 podemos inverter a lógica, sensibilizar 30% ou 40% dos eleitores e implantar as bases do ecodesenvolvimento, iniciando um novo ciclo de evolução civilizatória. E influenciar os grandes partidos a refletirem e se atualizarem.
Não podemos terceirizar esta missão. Ela só pode ser realizada por quem acredita e está enxergando adiante. Por mais respeito que tenhamos aos demais candidatos, nenhum saberá liderar este processo. Vejam o exemplo de Dilma Roussef em Copenhangen. Na tentativa de parecer verde, acabou passando por vexames e expondo ao planeta suas limitações.
Veja uma das gafes: http://bit.ly/8OzNLS
Os adversários tentam nos fragilizar alegando que o PV não tem dinheiro, governos estaduais, políticos muito conhecidos e outros recursos da velha contabilidade eleitoral. Mas a viabilidade das nossas ideias, o frescor da inovação e a força de Marina Silva não estão em tempo de TV, coligações convencionais, estruturas de campanhas, máquinas de governo.
Por outro lado, as fragilidades de Marina, como tentam pregar, não estão nas suas convicções religiosas. Pelo contrário, sua dimensão espiritual e seus valores filosóficos, mostram que ela reúne os atributos fundamentais para liderar, no Brasil deste século XXI. Liderar pelo exemplo, pelo que já fez, simplesmente pelo que é (sem marketing artificial). Mas também liderar pelo que pode ser e fazer agora e no futuro imediato.
Só Marina tem biografia comparável com a história popular de Lula, tão admirado pelos brasileiros, segundo as pesquisas. E tem todas as condições para sucedê-lo de forma evolutiva, garantindo os avanços conquistados nos últimos governos e agregando novos atributos ao mandato presidencial: como formação acadêmica (sempre estudou muito), compromisso com a educação (é professora), sensibilidade ecológica, múltiplas experiências (sindicais, gerenciais, legislativas, profissionais, internacionais, femininas) e capacidade de liderar sem concentrar poder (uma exigência da sociedade democrática contemporânea, que começa a se organizar em redes horizontais).
Mas a palavra e o pensamento da própria Marina transmitem melhor tudo isso que tento sintetizar aqui. Ela, mesmo falando de coisas racionais e práticas, falando de projetos, política e eleições, consegue emocionar… Portanto, sugiro que você conheça a verdadeira fonte de toda a sua energia, nesta entrevista (link abaixo), que aborda sua dimensão espiritual.
Marina mostra de forma equilibrada, coerente e consistente como lida com religiosidade, ética e política. Os que desejam enfraquecê-la manipulando a religiosidade estarão cometendo grande erro, pois é na espiritualidade que ela fortalece sua capacidade de lutar, com leveza e espontaneidade. Marina tem uma trajetória de vida irretocável como garantia. Em 30 anos de atuação pública não há um fato que demonstre que a sua religiosidade interferiu negativamente na ação política.
Marina nasceu no meio da Amazônia, tem a alma grandiosa e generosa da floresta, cultiva ciência e poesia, alimenta-se de fé e utopias, por isso, está sempre pronta para sobrelevar naturalmente as hostilidades do mundo real. Sua força é natural. E as forças naturais merecem atenção e respeito…
Veja:
- “Utopia com pé no chão” – entrevista com Marina à revista Cristianismo Hoje: http://bit.ly/6mUKr4
- “Marina Silva é o novo, o Lula é o último do velho. Tá fechando o ciclo” – entrevista com o Cineasta Fernando Meirelles pelo jornal A Tarde: http://bit.ly/4JwRrs
* Sergio Xavier, jornalista, ativista eco-político e empreendedor da área de comunicação digital, atuando no pólo de inovação tecnológica do Recife (Porto Digital), onde desenvolve sistemas de gestão de cultura, arte, informação e jornalismo em rede. É um dos fundadores do Partido Verde no Brasil. Já ocupou cargos executivos nacionais no Ministério do Meio ambiente, Ministério da Cultura e Sebrae.