Madonna no Carnaval do Rio
Madonna no camarote da Brahma, espécie de cativo tamanho familiar na Marquês de Sapucaí, para onde todos os anos a marca arregimenta uma tropa vip de notáveis, colunáveis e assinaláveis, a quem faz vestir a camisola propaganda, em permuta de patrocínios, cachets ou, mais que não seja, três noites de farra na festa do povo com mordomias de cómodo de luxo. Uma espécie de 'ir onde o povo está', sem sangue, ainda que com algum suor e muita cerveja, 'saca'?!
Este ano, para a media, ainda antes das baterias rasgarem alas e as escolas passarem, a coisa já estava decidida: Madonna, a 'Musa do Carnaval 2010'.
Porém, sinto informar, mas apesar do excitez, quem andou pelas ruas e se misturou à festa – e olha que era muita (como sempre!): a festa e a gente em folia – sabe que o epíteto está longe de ser consensual. Fusué vai, fusué vem, para o Brasil as musas do Carnaval são outras. Bem outras. Com as cores, as formas, o requebro e a ginga do produto nacional.
Desiluda-se a Raínha da Pop. Ainda vai ter que comer muito arroz com feijão para merecer o ceptro deste palco. É que aqui a praia é outra e cada um na sua, que a regra é clara e foi no Rio que ela se inventou: não se atravesse no samba, que ele quer e vai passar.