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A amazônia do ponto de vista da defesa e da estatégia militar

por Feichas Martins*

“Lassidão” é a estratégia do Brasil na Amazônia

A presença de 1400 soldados dos Estados Unidos na Colômbia, com o objetivo de combater o narcotráfico, não tem o menor perigo para a soberania brasileira, razão pela qual o Itamaraty, pela iniciativa do chanceler Celso Amorim, resolveu agir mais para tranqüilizar políticos brasileiros ao solicitar a Washington garantias de que as bases terão realmente o uso a que se destinam.
No último dia 5, essa preocupação foi levada até o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, o general James Jones, que respondeu não haver necessidade de nenhum acordo entre os Estados Unidos e o Brasil, para que as tropas norte-americanas respeitem o território brasileiro.
As Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal e da Câmara dos Deputados vêm acompanhando com certa preocupação a movimentação das tropas dos Estados Unidos, que resolveram reativar, após seis décadas, a 4ª. Frota para Operar novamente nas Américas do Sul e Central.
A situação de Honduras inquieta Chávez, este, sim, o real motivo das preocupações norte-americanas, que acaba repercutindo no Brasil. Chávez vem aumentando a compra de armamentos da Rússia e pode provocar uma corrida armamentista na América do Sul, uma corrida, evidentemente, não tão bilionária quanto à dos países da Europa e Ásia. Os EUA fazem demonstração de presença e emitem o seguinte sinal: ”Estamos por aqui...”
E realmente estão, mais ostensivamente desde o surgimento das Farcs, cujos líderes sempre tiveram boa receptividade ao visitarem o Brasil no Governo Lula. Os militares brasileiros, principalmente os que atuam nas unidades da fronteira amazônica, sabem e já viram muito mais do que se divulga, mas a estratégia que adotam, por determinação doutrinária, dos comandos das três forças, do Ministério da Defesa e do próprio comandante-em-chefe, o Presidente da República, é a “estratégia da lassidão”, ou seja, com a mata amazônica ajudando, quem invadir o território brasileiro entrará facilmente, mas para sair...
O aprendizado com a história é outra coisa comum a todos os exércitos do mundo: Onde há selva densa, não há vitória garantida; ao contrário, a região se torna um teatro de operações movediço, onde o inimigo é invisível e a guerrilha é eficiente meio de resistência.
Foi assim, em 210 a.C, quando o poderoso exército do Imperador Chin tentou conquistar a região abaixo do Sul da China (o atual norte do Vietnã) e só conseguiu seu objetivo depois de muitas derrotas vergonhosas para os guerreiros locais, os mesmos que, durante dez anos (1965/75), resistiram o poder dos Estados Unidos impondo-lhes derrota que até hoje traumatiza a sociedade norte-americana. As montanhas do Afeganistão constituem outro obstáculo respeitável à penetração de qualquer invasor.

publicado em 09/08/2009
(...)

CNBB conhece "guerreiros das selvas"

Tomei conhecimento de visita realizada por bispos da CNBB à Amazônia, a convite do ministro da Defesa, Nelson Jobim, para conhecimento do trabalho missionário das Forças Armadas naquela região, apesar notória e crônica carência de recursos financeiros e dos óbices naturais para proteção daquelas fronteiras.
É a primeira vez que vejo iniciativa dessa natureza partindo dos militares para com a cúpula católica brasileira, pois tais visitas ocorrem comumente com senadores e deputados, razão pela qual publico na íntegra depoimento de Dom Aloísio Roque Oppermann, arcebispo metropolitano de Uberaba, cidade do Triângulo Mineiro:

“GUERREIROS DAS SELVAS”

De todas as excursões que já fiz (turísticas, pastorais ou de estudos), a que fiz para a região amazônica, ocupa a posição primordial. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, convidou um grupo de Bispos da CNBB, a visitar cidades e regiões, das quais mal eu ouvira falar.
Trata-se dos Estados da Amazônia, Roraima e Rondônia. O
Ministério da Defesa colocou à disposição um avião, uma pequena equipe de especialistas, e as bases militares das forças armadas nos postos avançados de fronteira.
É claro que as intenções do Ministro foram de divulgação dos trabalhos realizados, com muita eficiência, pelos poderes públicos, nesta região realmente imensa, de florestas e de rios a perder de vista.
Reconheço, antes de tudo, que mudei para melhor, minhas avaliações sobre o exército, a marinha e a aeronáutica. Nunca fui detrator das forças armadas. Mas tinha minhas restrições severas contra seus métodos, sobretudo a partir do segundo momento da nossa Revolução Militar.
Sempre estive convicto - e continuo nessa posição - que o começo da Revolução foi certo. Depois, a permanência militar no poder foi um erro, sobretudo o apelo não muito raro, a sevícias e perseguições. Essas atitudes equivocadas nasceram de outras escolas militares, que não a do Duque de Caxias, um pacificador por excelência.
O que vi na Amazônia, confirma que o Exército Brasileiro é das instituições mais sérias, autênticas e beneméritas do país. Reina nas suas fileiras uma disciplina, que nos revela sua seriedade, seu patriotismo e sua eficiência em garantir a nossa soberania nas fronteiras.
As lições do Patrono do Exército foram retomadas com vigor. Acompanharam-nos oficias do primeiro escalão, mostrando-nos ospostos militares das fronteiras mais avançadas (são várias dezenas).
Admirei as esposas corajosas desses militares que, por amor à pátria, acompanharam seus maridos, para defender a nossa soberania nacional.
A grande maioria desses soldados, porém, são indígenas dos próprios locais, muito bem treinados. Nesta situação eles não se consideram yanomamis, tucanos, ou de outras etnias. Eles se consideram simplesmente brasileiros.
Saí daquelas selvas convencido de que não aparecerá nenhum aventureiro, e mesmo nenhum país, que queira mexer naquilo que já tem dono. Os guerreiros das selvas, pela sua capacidade e determinação são a garantia.”

publicado em 23/09/2009


* colaborador da ABN NEWS - Agência Brasileira de Notícias, é conferencista, jornalista, mestre em Ciência Política pela UnB, professor universitário, especialista em Planejamento Político-Estratégico e Consultor Político-Eleitoral. É membro do Comitê de Ética e de Liberdade de Expressão da Federação Nacional da Imprensa [Fenai-Faibra] e da Associação Brasiliense de Imprensa [ABI-DF]

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