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Cacique Almir Suruí brilha em debate sobre inovação organizado pela 'The Economist'

Robert Guest, editor de negócios da The Economist;
David Neeleman, CEO Azul Linha Aéreas e Emerson Andrade,
cofundador e CEO do Peixe Urbano
O Planetário da Gávea foi palco do seminário Brazil Innovation: A Revolution for the 21st Century, promovido ontem pela The Economist, no Rio de Janeiro. Integrado no âmbito do projecto global Ideas Economy, o evento reuniu empreendedores, académicos e governantes, num ciclo de palestras e debates em torno dos novos modelos de negócios e inovação no Brasil e demais países dos BRICs.
Com ênfase nos desafios para os próximos anos, as discussões abordaram temas como cultura de negócios nacional, a tecnologia e a inovação aberta. “Este é o momento ideal para promover uma conferência mundial sobre inovação no Brasil. O mundo está de olho no país e nas suas possibilidades de criar uma cultura empresarial pautada pela criatividade”, sublinhou Michael Reid, editor da The Economist para as Américas.


Do painel de ilustre convidados constava igualmente o líder indígena, Almir Suruí, da etnia Paiter Suruí, que chamou a atenção geral ao tornar-se a primeira comunidade indígena do mundo a receber a certificação do sistema REDD (Redução de Emissões por Desflorestamento e Degradação), que regula o mercado de crédito de carbono internacional.
Na sua participação no seminário, Almir Narayamoga Surui voltou a insistir na importância de um novo modelo de desenvolvimento para a Amazónia, explicando com detalhe porque razão defende que este tem necessariamente que passar por uma política nacional de priorização do valor da "floresta em pé", um conceito que vem protagonizando faz tempo e cuja aplicação lhe rendeu o reconhecimento internacional que o celebrizou como um dos empreendedores mais criativos do Mundo.

«Uma política eficiente que reconheça a floresta em pé pode contribuir para criar um novo modelo de desenvolvimento para a Amazónia, porque assim consegue-se pensar na floresta, mas também na vida das pessoas», defendeu Almir Narayamoga Suruí.
Com o conceito de "floreta em pé", o líder indígena refere-se ao valor intangível criado com pela simples manutenção da mata nativa - por outras palavras, o benefício gerado pelo desflorestamento que se consegue evitar. Na prática, em vez de apenas se punir a desflorestação, premeia-se quem cuida da natureza, como os povos indígenas.
O povo Suruí ocupa um território de 248.000 hectares no Sul do estado de Rondónia, no Norte do Brasil. A comunidade é hoje composta por 1.300 índígenas, que desde 2005 trabalham para reflorestar os cerca de sete por cento de mata perdidos nas últimas décadas devido à actuação de madeireiros ilegais.
O líder Suruí explicou que o projecto para certificação do sistema REDD foi realizado com base nos critérios da própria comunidade, tendo em vista sua rotina diária de colecta e produção.
«Temos uma ética de zoneamento que orienta o povo sobre como utilizar o seu território. No projecto [de REDD] está previsto que podemos continuar a fazer as nossas roças, as nossas casas, novas aldeias, colectando», explicou.
Almir defende que o mercado de crédito de carbono também precisa de criar regras para os compradores, que não se podem libertar da responsabilidade de reduzir a poluição apenas por terem adquirido esses créditos. «É necessário criar critérios que responsabilizem não só o vendedor, mas também o comprador. Não é porque comprou o direito de emitir carbono, que vai continuar poluindo», reforçou, adiantando que a sua comunidade ainda não negociou os créditos registados porque está a escolher as propostas com cuidado.
«Avaliamos se aquela empresa já possui algum histórico [de crime ambiental] que afectou outra comunidade, mesmo que seja noutro país», explicou.
O projecto carbono da comunidade Suruí é apenas um dos eixos do plano de 50 anos desenvolvido pela etnia, que inclui acções de valorização cultural e estímulos à economia interna. A intenção é utilizar a verba arrecadada com os créditos para subsidiar os demais projectos.
Os créditos foram avaliados a partir da proposta de manutenção da floresta que ocupam, numa das áreas mais pressionadas pelo desflorestamento. Localizada na área apelidada de "arco do desmatamento" da Amazónia Legal, o território Surui está na recta da expansão das fronteiras agrícolas do Brasil.


Ideas Economy: (Brazil) Innovation | A revolution for the 21st century
Ideas Economy: (Brazil) Innovation will focus on the future of innovation and entrepreneurship in the BRICs and around the world.
Over the last decade, emerging economies have become fertile sources for creativity and disruptive business models and the innovation revolution is alive both among start-ups and among the 21,500 multinationals currently located in emerging economies. A new report from INSEAD and the OECD Development Centre argues that by developing new business models, "in several revealing cases, Latin American businesses are redefining global business". While this is encouraging news, Latin America still has a poor record of productivity growth, mostly due to a large informal economy, heavy regulation and poor urban planning. The region is also uncomfortably dependent on commodities. Latin American firms invest only 0.5% of gross revenues in research and development. Venture capital and private equity investments represent under 2% of the global total.  However, important governmental and private-sector initiatives in Brazil and throughout Latin America are sprouting up, creating fresh opportunities to incubate the next generation of innovators and entrepreneurs. This has the potential to not only benefit the region’s economic development but also to create new markets and expand global commerce. Ideas Economy: Innovation will fully investigate the systems and structures needed to fuel innovation and entrepreneurship in the years to come, while uncovering new insights into what this means for future economic and social progress in Brazil, Latin America and the rest of the world. linkPlanetário da Cidade do Rio de Janeiro Rua Vice-Governador Rubens Berardo 100 - Gávea

A referência à escolha do local para sediar a iniciativa da The Economist no Brasil – o Planetário da Gávea carioca – deu o mote para o discurso de abertura do seminário que pretendeu fazer a apologia da ousadia: . "É um prazer especial estar aqui, no Planetário do Rio, que nos convida a pensar no infinito, nas mudanças, no novo", afirmou Michael Reid, editor da seção Américas, da Economist.
No campo da inovação brasileira, Reid ressaltou a liderança do país na extracção de petróleo em alto-mar e na agro-tecnologia. No entanto, ao abordar os recursos financeiros destinados ao segmento, lembrou que "os gastos da América Latina estão bem abaixo do resto do mundo".
Marco Antônio Raupp, ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, dividiu o primeiro debate com Lino Baraño, ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação da Argentina.
Um vídeo com depoimentos de empresários e cidadãos norte-americanos instigou a conversa. A provocação: "o governo deve sair do caminho dos pequenos negócios"?
"Concordo que o governo não pode se postar à frente ou segurar as iniciativas, mas tem que ajudar com políticas que criem condições favoráveis às empresas", começou por defender Raupp. O ministro destacou o programa Ciência Sem Fronteiras, criado no ano passado, como uma ação estratégica de formação e intercâmbio. "Uma nova postura esta sendo criada, a de cooperação aberta", afirmou.
Baraño, que é cientista de formação, traçou o paralelo entre as acções do seu Ministério e as etapas de uma fórmula científica, para em seguida incluir as fases da hipótese e experimentação no desenvolvimento dos projetos governamentais. Um deles é um consórcio entre o governo e o alto empresariado para promover grandes inovações. "Os cientistas querem reconhecimentos, e os empresários, lucro. Temos que promover essa interação", disse.
Questionado sobre a escassez da produção científica brasileira, Raupp afirmou que "nos últimos dez anos, as universidades tiveram um crescimento significativo e hoje a produção científica brasileira é responsável por 2,7% da mundial". Para ele, "o grande desafio é entrar na linha tecnológica e estimular as empresas a fazerem pesquisa e desenvolvimento".
Sobre as dificuldades de registo de patentes no país, uma das principais queixas dos sectores ligados à inovação, o ministro disse: "Estamos conscientes do problema e fazemos um esforço vigoroso para capacitar o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) e melhorar as condições". Quanto tempo isso vai demorar?, questinou a plateia. "Ah, uns dois anos, né?", finalizou o ministro.


Principais ideias dos participantes para o mercado brasileiro

“Não se pode esperar que o governo tome a frente de iniciativas inovadoras. Esse é o papel das empresas. Mas o poder público deve servir de apoio para sustentar processos e investir em áreas que fortaleçam essa mentalidade, como pesquisa e educação empreendedora.”
- Marco Antônio Raupp, ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil

“Nossa economia ainda é marcada por uma postura extremamente protecionista em relação ao mercado interno. É preciso oferecer oportunidades para as empresas nacionais. Mas, se isso ocorre de forma exagerada, você elimina a competitividade externa e, consequentemente, o surgimento de produtos e soluções inovadoras para a sociedade.”
- Sérgio Habib, presidente da JAC Motors no Brasil
“A estética é algo muito importante no desenvolvimento de cidades. É um fator que alimenta o senso de orgulho das comunidades. O conceito pode ser aplicado a diferentes áreas. Afinal de contas, se não existe diferença de custos para fazer algo feio ou bonito, por que não optar pela beleza?”
- Rui Othake, arquiteto

“As oportunidades são maiores do que os desafios no Brasil. É um cenário que tem uma identidade própria, marcada por uma postura de flexibilidade. Mas sempre existe espaço para aprendizado. A cultura de negócios americana, por exemplo, é marcada por um ritmo mais veloz e competitivo. Isso é algo que poderia ser incorporado ao ecossistema nacional.”
- David Neeleman, CEO Azul Linha Aéreas

“Vivemos uma nova ordem de consumo, orientada por valores globais. Sustentabilidade social e ambiental se tornaram prioridades. O aspecto multicultural e a biodiversidade colocam o Brasil no centro dessa tendência. Essa identidade aberta, criativa e moderna é um dos maiores valores que temos.”
- Oskar Metshavet, fundador e designer da Osklen

“O desenvolvimento de comunidades é baseado no compartilhamento de grandes objetivos em comum. Para isso, precisamos estabelecer uma visão clara de futuro e criar as ferramentas e processos para atingi-la.”
- Almir Narayamoga, chefe da tribo dos surui da Amazônia

“A estrada que os países dos BRICs percorreram para chamar a atenção do mundo é bem diferente da que eles terão de enfrentar para se consolidar como potências econômicas. No caso do Brasil, o maior desafio é transformar a criatividade de empreendedores em inovação concreta. O primeiro passo nessa direção é a derrubada das barreiras tributárias, legais e burocráticas existentes no país.”
- Marcos Troyjo, co-fundador e diretor do BRIC-Labs, da Columbia University

Estamos chegando ao fim da era de concentração de poder na mão de grandes empresas. Nos últimos anos, a chamada nova economia conquistou todas as áreas. Ela é baseada em criatividade, ideias e tecnologia. Sua natureza é disruptora e não depende dos setores tradicionais para florescer. É uma revolução que está acontecendo de baixo para cima.”
- Eric Acher, sócio da Monashees Capital


The Economist Brazil Innovation in Rio

The Economist Brazil Summit in São Paulo in 2010
The Economist, a weekly English-language publication is also responsible for organizing a series of conferences that take the ideas from the magazine and discuss them in the flesh. “The Ideas Economy” is a series of events organized by the publication throughout the world with the purpose of providing a forum where talented individuals from different disciplines can share innovative ideas.
This Thursday, May 10th, a mixed-bag of policy and industry professionals, artists and tribal leaders, will converge on Planetário da Cidade do Rio de Janeiro (Planetarium of the City of Rio de Janeiro) for a one-day conference titled “Brazil Innovation: A Revolution for the 21st Century.”
As the name suggests, the event is focused on how Brazil will foster and improve entrepreneurial-ism and innovation in the coming decades.
Paul D. Miller (aka DJ Spooky, That Subliminal Kid), DJ, multimedia artist, author, Antarctic adventurer, is curating this week’s event after participating in prior Ideas Economy events. He talked to The Rio Times recently about his thoughts on why this type of event is important for Rio now.
Miller explained that he relied on his DJ experience when selecting the speakers. ”I’m a big fan of Caetano Veloso, AfroReggae, Nação Zumbi, Bebel, Gilberto et al. I tried to set up a situation where the same eclectic approach to a festival would apply to how people approached the actual conference. It’s a ‘mix tape’,” he said.
The result is an eclectic mix of speakers from different areas, including: Brazilian singer Carlinhos Brown; Chief Surui tribal chief Almir Narayamoga Surui; and the Mayor of Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Miller is optimistic that this diverse group will drive innovation in the twenty-first century. Brazil, and Rio in particular, is important to the development of the innovative economies.
“Brazil, everyone knows, represents an alternative, post-colonial future. It took them over hundred years to recover from colonialism, but so much of what Brazil is doing is showing leadership outside of the Asian context that will probably dominate the twenty-first century. South Africa and India, if they could learn from Brazil, are also set to shine. It’s a really optimistic moment to see how Brazil is evolving.”
Paul D. Miller (on right) is curating The Economist event
 BRICS has become the buzz word around the world, the acronym, referring to the emerging markets of Brazil, Russia, India, China and South Africa, is included in almost any conversation dealing with global economy.
Miller was happy to be involved in curating the event in Rio. His approach to art and life is reflected in the agenda of the event and creates a situation where ideas from different areas can be shared in an open and supportive forum.
“The Economist Festival is just a reflection of the rising tide of what theoreticians like to call ‘cultural capital’; I hope to invigorate the discussion and show a different perspective on the ‘near future’ of the arts. That’s what makes Brazil crucial to what’s going on these days: they live, breathe, and shape the future in Brazil – it’s a collage culture,” he said.
The last events by The Economist in Brazil were held in São Paulo, the Brazil Summit 2010: Taking Off: How to Sustain Success and in November 2011 the Brazil in 2022: Ordem e Progresso?. This latest event will be Thursday, May 10, 2012 from 9AM to 7PM at Rua Vice-Governador Rubens Berardo, 100, Gávea. The cost is US$1,795 for individuals and for more information visit the event website.

publicado no Rio Times Online

Posted by por AMC on 13:41. Filed under , , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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