Alastram os desentendimentos, a 4 dias da cimeira europeia
Para somar a isto e às vésperas da cimeira europeia, seguem os capítulos de hoje da saga:
Trichet afasta-se de Merkel e diz que BCE não aceitará dívida em estado de default
Numa entrevista ao Financial Times alemão, publicada hoje, Trichet afirmou que os Governos da zona euro terão de descobrir uma forma de manter os bancos gregos a operar. É que, se o BCE deixar de aceitar a dívida grega como colateral nas operações de financiamento aos bancos gregos, estes entram em colapso.
“Se um país entra em default, não iremos aceitar mais os seus títulos de dívida como um colateral elegível normal”, afirmou Trichet, atirando a responsabilidade das consequências que daí advirem para os Governos.
As declarações de Trichet não são novas, mas irão certamente aumentar a instabilidade nos mercados, visto que surgem a poucos dias da cimeira de emergência dos líderes europeus, agendada para esta quinta-feira, em Bruxelas. A posição de Trichet coloca-o em rota de colisão com a chanceler alemã, Angela Merkel, que tem defendido a ideia de que os investidores que detêm dívida suportem os custos de um novo resgate à Grécia.
No Domingo, a chanceler alemã voltou a dizer que quer evitar qualquer espécie de reestruturação da dívida grega, mas sublinhou que um factor-chave do acordo para o novo resgate à Grécia é um envolvimento substancial e voluntário dos credores privados na redução da dívida grega.
"Quanto mais os credores privados contribuírem voluntariamente, menos provável será haver necessidade de medidas adicionais", afirmou numa entrevista a uma estação de televisão alemã.
As agências de rating já avisaram, contudo, que, se houver a participação de investidores privados no novo pacote de ajuda grego (mesmo que numa base voluntária), isso seria entendido como um default selectivo, o que arrastaria a notação da Grécia para o nível mais baixo.
Isto obrigaria o BCE a deixar de aceitar os títulos de dívida gregos como colaterais (garantia) nos empréstimos que dá aos bancos do país, o que teria repercussões sobre o sistema financeiro europeu. link
Membro do BCE sugere que dívida grega pode ser aceite mesmo em caso de default
O membro do conselho de governadores do BCE, Ewald Nowotny, contrariou hoje a posição do presidente Jean-Claude Trichet ao sugerir que a autoridade monetária europeia poderá continuar a aceitar dívida grega como garantia nos empréstimos que dá aos bancos do país, mesmo na ocorrência de um default selectivo de curto prazo.
“Há uma vasta escala de opções e definições, desde um default propriamente dito, default selectivo, evento de crédito e por aí adiante”, afirmou Ewald Nowotny, que está também à frente do banco central da Áustria, numa entrevista à CNBC. A situação “tem de ser estudada de uma forma séria”, disse, adiantando que “há algumas propostas relacionadas com uma situação de default selectivo de curto prazo que não teriam consequências negativas de maior”.
As declarações de Nowotny parecem surgir em contradição com as afirmações feitas ontem pelo presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, numa entrevista ao Financial Times alemão. Trichet afirmou que o BCE não poderia aceitar como colateral (garantia) dívida que seja considerada em default (incumprimento).
Hoje, Nowotny veio deixara dúvida no ar, ao dizer que a decisão de continuar ou não a aceitar dívida grega em caso de default é da responsabilidade do BCE e que o banco central já mostrou isso claramente nos casos da Irlanda, Grécia e Portugal que, apesar de terem os seus ratings num nível considerado “lixo” (sem estatuto de investimento), não deixaram de ter a sua dívida aceite junto do BCE.
“Há um certo grau de independência [do BCE]. Mas, claro, não devido às agências de rating, mas devido aos nossos estatutos, há limitações”, alertou Nowotny.
A aparente divergência de opiniões no seio do BCE surge numa altura em que a pressão dos mercados sobre a dívida dos países periféricos está em alta, devido à proximidade da cimeira extraordinária, na próxima quinta-feira. Neste encontro, os líderes europeus vão tentar encontrar uma solução definitiva para a crise grega, de modo a travar também o contágio a grandes economias do euro, como a Itália ou a Espanha.
No Domingo, a chanceler alemã Angela Merkel voltou a dizer que quer evitar qualquer espécie de reestruturação da dívida grega, mas sublinhou que um factor-chave do acordo para o novo resgate à Grécia é um envolvimento substancial e voluntário dos credores privados na redução da dívida grega.
"Quanto mais os credores privados contribuírem voluntariamente, menos provável será haver necessidade de medidas adicionais", afirmou numa entrevista a uma estação de televisão alemã.
As agências de rating já avisaram, contudo, que, se houver a participação de investidores privados no novo pacote de ajuda grego (mesmo que numa base voluntária), isso seria entendido como um default selectivo, o que arrastaria a notação da Grécia para o nível mais baixo. Isto obrigaria o BCE, em regra, a deixar de aceitar os títulos de dívida gregos como garantia nos empréstimos que dá aos bancos do país, o que teria repercussões sobre o sistema financeiro europeu. link
FMI discorda da actuação do 'Euro Grupo' e pondera etirar-se de futuros resgates
O Die Welt refere hoje que o Fundo Monetário Internacional (FMI), que participa nos resgates dos países da zona euro com problemas da dívida soberana, incluindo Portugal, discorda da forma de agir do euro grupo, e estará a pensar retirar-se de futuros resgates.
Os representantes do FMI duvidam de que a Grécia possa cumprir integralmente programa de austeridade que negociou com a União Europeia e com o próprio FMI, e acham que são necessárias outras soluções, nomeadamente a reestruturação da dívida grega, dizem as fontes consultadas pelo Die Welt.
No fim-de-semana, o presidente do banco central alemão, Jens Weidmann, advertiu, no entanto, contra os riscos de uma reestruturação da dívida helénica, e a chanceler alemã, Angela Merkel, em entrevista á televisão pública ARD, também se mostrou céptica quanto a esta solução, embora não a tenha excluído inteiramente.
Os governos dos países da zona euro estão a ponderar a hipótese de introduzir uma taxa bancária no âmbito do novo pacote de ajuda financeira à Grécia, noticia hoje o matutino alemão Die Welt, citando fontes diplomáticas. A referida taxa deverá abranger também os bancos que não estão directamente envolvidos em transacções financeiras na Grécia, adianta o mesmo jornal. Além da taxa a incidir sobre o capital bancário, o sector privado deverá contribuir para o resgate à Grécia através da compra ou prolongamento da maturidade de títulos da dívida grega que possuam, e cujo prazo de validade esteja prestes a expirar. link
Geithner pede resposta urgente da Europa à crise da dívida
O secretário-geral do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, pede aos líderes europeus para darem uma resposta urgente à crise da dívida soberana de forma a evitar o contágio da Grécia, Portugal e Irlanda a outros países da zona euro.
“O que, obviamente, a Europa precisa de fazer é actuar mais fortemente para conter o risco de escalada da crise na Europa”, disse Geithner hoje numa entrevista ao canal norte-americano CNBC.
O secretário-geral do Tesouro norte-americano reconhece que os responsáveis europeus “tomaram uma série de medidas” nas últimas semanas, referindo-se às discussões em torno do segundo pacote financeiro que o eurogrupo está a desenhar para a Grécia, mas nota que “é preciso ver os dirigentes europeus agir agora para pôr em marcha as mudanças adicionais que contribuam para conter os riscos de uma crise mais profunda”.
A dias de uma cimeira extraordinária de líderes da zona euro, em Bruxelas, onde vão tentar concluir o plano adicional de assistência a Atenas, Geithner considera que os dirigentes “têm os meios para alcançar [um compromisso] sem penalizar a economia mundial”. link
Posted by por AMC
on 19:31. Filed under
ESPUMAS,
essa coisa de viver em sociedade,
uma janela para o mundo
.
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