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Previsões económicas de Primavera da CE para Portugal traçam cenário pior que o do Governo

Bruxelas divulgou, hoje, as suas previsões económicas semestrais para Portugal. Aquilo que se conclui é que o cenário será ainda mais negro do que o Governo português tinha anunciado.
As contas públicas vão também voltar a derrapar, com a meta do défice de 4,5% do PIB, definida para este ano, a ser excedida em 0,2 pontos percentuais. A economia vai contrair mais (3,3%) e recuperar menos (0,3%). O desemprego vai atingir 15,5% em 2012 e 15,1% em 2013. Só este ano, os salários reais dos portugueses vão cair 6%. Entre 2011 e 2013, a quebra salarial chegará aos 12,3%. A inflação estimada para este ano é de 3%  e para o próximo de 1,1%.

Na sequência dos planos de austeridade, da recessão e do desemprego recorde, Portugal vai continuar a sofrer um ajustamento salarial gigante. Bruxelas prevê uma descida ainda mais profunda e generalizada dos salários reais: quer na função pública, por conta dos cortes nos subsídios de férias e Natal, quer no sector privado, uma vez que o aumento do desemprego força os trabalhadores a aceitarem remunerações mais baixas. Este factor, conjugado com a inflação e o agravamento de impostos em todas as frentes, fará com que se verifique em Portugal a maior redução de consumo (só em 2012 os gastos das famílias vão recuar 6,1%,) e de investimento (menos 11,8% este ano) de toda a Europa.

Estas previsões mostram, portanto, que:

  • o crescimento económico terá que continuar a assentar sobretudo nas exportações e não na procura interna, devido à queda pronunciada do consumo privado e à deterioração do mercado laboral.  
  • a melhoria da competitividade externa (que permitirá sustentar o aumento das exportações e impedir uma recessão maior na economia) terá de continuar a ser conseguida através da diminuição dos custos do trabalho, e não do aumento da produtividade, que, aliás, irá estagnar durante mais dois anos (2012 e 2013). 

Ou seja, o contrário do que o plano de intervenção da troika tinha como meta concretizar. Não obstante, a CE continua a afirmar que “o programa português está no caminho certo", mesmo reconhecendo que “no curto prazo, a situação do mercado de trabalho continua a piorar desde a última revisão" e que “os riscos negativos às previsões decorrentes do cenário macroeconómico estão a começar a materializar-se”. 

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Economia portuguesa contrai 3,3% e desemprego dispara para 15,5% 

A Comissão Europeia prevê que a economia portuguesa vai contrair este ano 3,3%, um valor mais pessimista do que o crescimento negativo de 3% esperado pelo governo.
Para 2013, Bruxelas aponta para uma recuperação modesta da economia no valor de 0,3%, uma previsão que é, de novo, pior que a do governo, que espera um crescimento positivo de 0,6%.
As previsões europeias para o desemprego são igualmente piores que as de Lisboa: 15,5% da população activa este ano e 15,1% no próximo, um ponto percentual, nos dois casos, acima do valores estimados pelo governo.
Estes valores foram divulgadas esta manhã pela Comissão Europeia no quadro das suas previsões económicas semestrais.
Para o conjunto da zona euro, Bruxelas prevê uma recessão de 0,3% este ano, a que se seguirá um crescimento positivo de 1% em 2013. Além de Portugal, seis outros países do euro estarão igualmente este ano em recessão: Grécia (-4,7%), Espanha (-1,8%), Itália (-1,4%), Holanda (-0,9%), Eslovénia (-1,4%) e Chipre (-0,8).
A Comissão confirma igualmente que a Espanha, França e Holanda não conseguirão reduzir o défice orçamental para 3% do PIB em 2013, como os respectivos governos se comprometeram no quadro do pacto de estabilidade e crescimento. A Bélgica, que tinha de atingir esta meta já este ano, também estará em falta.
O fracasso dos esforços destes países vai alimentar o debate em curso entre os governos europeus sobre formas de equilibrar austeridade e crescimento económico. link

Salários dos portugueses caem mais de 12% entre 2011 e 2013 

Só este ano, os salários reais dos portugueses vão cair 6%. A Comissão Europeia prevê uma descida mais profunda das remunerações e diz que Portugal terá maior redução do consumo e do investimento da Europa.
De acordo com as Previsões Económicas de Primavera, divulgadas pela Comissão Europeia (CE) nesta sexta-feira, Portugal vai sofrer um ajustamento salarial gigante, na sequência dos planos de austeridade, da recessão e do desemprego recorde.
Bruxelas prevê que os salários reais resvalem 6% este ano, acima da anterior previsão de 5%, constante nas previsões de Outono. Em termos acumulados, entre 2011 e 2013, a quebra salarial chegará aos 12,3%, também acima das últimas previsões, que apontavam para uma descida acumulada de 9,4%. Só a Grécia apresentará uma contracção dos salários superior (14,7%).
Os salários reais têm já em conta o efeito da inflação, que será de 3% este ano e de 1,1% em 2013. A contribuir para esta quebra das remunerações está também o corte dos subsídios de férias e de natal para os funcionários públicos e o ajustamento salarial que tem vindo a ocorrer no sector privado, decorrente nomeadamente do aumento do desemprego, que força os trabalhadores a aceitarem remunerações mais baixas. Segundo as previsões de Bruxelas, a taxa de desemprego deverá atingir os 15,5% da população activa este ano.

Produtividade estagna

O ajustamento salarial em curso na economia portuguesa vai contribuir para uma redução significativa dos custos unitários de trabalho. Só em 2012, estes vão cair 3,8%, mas, desde 2010 até 2013, a quebra acumulada será bem superior: 9,6%.
No entanto, a produtividade irá estagnar durante dois anos (2012 e 2013), o que significa que Portugal ainda terá de esperar para concretizar aquele que é um dos objectivos do programa de ajuda externa.
Estas previsões mostram que a melhoria da competitividade externa, que permitirá sustentar o aumento das exportações e impedir uma recessão maior na economia, terá de ser conseguida graças à diminuição dos custos do trabalho, e não com o aumento da produtividade.

Menos consumo e investimento

O desemprego recorde e a diminuição dos salários reais vão levar a uma quebra recorde do consumo privado que, segundo as últimas previsões da CE, será mesmo a maior da Europa.
Em 2012, os gastos das famílias vão recuar 6,1%, a maior em toda a zona euro e na União Europeia. Em 2013, a tendência irá manter-se, com o consumo privado a recuar 1%, uma diminuição que só será maior na Espanha e na Grécia.
Também o investimento irá registar a maior quebra da Europa – uma redução de 11,8% este ano. Será o quinto ano consecutivo de diminuição deste indicador, que só voltará a crescer, embora timidamente, em 2013. link

Bruxelas prevê que Governo falhe metas do défice este ano


As contas públicas vão voltar a derrapar este ano. A Comissão Europeia prevê que a meta do défice de 4,5% do PIB seja excedida em 0,2 pontos percentuais. E fala de uma execução orçamental mais rigorosa, mas não de novas medidas.
De acordo com as previsões económicas de Primavera, hoje divulgadas pela Comissão Europeia (CE), Portugal vai voltar a falhar as metas orçamentais. O compromisso assumido com a troika previa um défice de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano mas, segundo as últimas projecções de Bruxelas, este atingirá os 4,7%.
Também para 2013, a CE está a prever uma ligeira derrapagem, estimando que o défice seja de 3,1%, acima da meta de 3% do Executivo.
Segundo a Comissão, “os riscos negativos às previsões decorrentes do cenário macroeconómico estão a começar a materializar-se”, com o crescimento a ter de assentar sobretudo nas exportações e não na procura interna, devido à queda mais pronunciada do consumo privado e à deterioração do mercado laboral.
Isto faz com que, em 2012, o défice seja mais alto do que os 4,5% previstos pelo Executivo. No entanto, esclarece Bruxelas, a meta original do Executivo “permanece válida” e “o Governo está comprometido a atingir os objectivos orçamentais de 2012”, pelo que “espera-se uma execução orçamental mais rigorosa”. Bruxelas não se pronuncia, contudo, sobre se serão necessárias medidas adicionais de austeridade para cumprir as metas.
Questionado em Bruxelas sobre a eventual necessidade de Portugal adoptar medidas adicionais, o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn limitou-se a dizer que “o programa português está no caminho certo e isso significa que as medidas orçamentais estão no caminho certo”.
Em conferência de imprensa, onde apresentou as previsões da CE, Olli Rehn salientou que a composição do crescimento português deverá orientar-se ainda mais da procura interna para as exportações, salientando que “isto é positivo no médio prazo em temos de reequilíbrio, porque torna a economia portuguesa mais sólida e sustentável e conduzirá ao crescimento em emprego nos próximos anos”.
No entanto, admitiu que, “no curto prazo, a situação do mercado de trabalho continua a piorar desde a última revisão do programa”.
As previsões da CE prevêem uma recessão mais acentuada do que a estimada pelo Governo – o PIB vai contrair 3,3% este ano (em vez dos 3% previstos pelo Executivo) e crescer apenas 0,3% em 2013 (e não 0,6%). A taxa de desemprego será, também, bastante superior ao projecto pelo Executivo em um ponto percentual – 15,5% este ano e 15,1% em 2013. link

Posted by por AMC on 13:10. Filed under , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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