REN entrega áreas estratégicas de negócio aos chineses

Leio no Diário Económico:

A chinesa State Grid, que detém 25% do capital da REN, acaba de assegurar uma intervenção directa no planeamento das redes de electricidade e gás natural em Portugal. Uma área considerada estratégica e que esteve na origem da alteração de alguns pontos nevrálgicos dos contratos de concessão de electricidade e gás natural, ocorrida antes da privatização da REN por pressão política interna e da Comissão Europeia.
A comissão executiva da REN, liderada por Rui Cartaxo, atribuiu, na passada quinta-feira, este pelouro a Shan Shewu, ex-quadro da State Grid que passou a integrar o ‘staff' da REN. A decisão, segundo o Diário Económico apurou, está a gerar mal-estar dentro e fora da empresa pela sensibilidade da matéria, relacionada com a soberania do planeamento energético.
Na ordem de serviço distribuída aos seus colaboradores, a gestão da empresa refere que a nomeação de Shan Shewu, enquanto ‘Chief Tecnology Officer' (administrador com o pelouro da área tecnológica) só se torna efectiva após a aquisição da participação accionista pela State Grid. A empresa chinesa aguarda que seja publicada em Diário da República a alteração do limite dos direitos de voto dos actuais 10% para 25% para proceder ao pagamento integral dos 287 milhões de euros - operação que só deverá estar concluída no início de Junho.

Então e ninguém fala disto? Não há voz que se levante, nem eco que se espalhe, quando em causa está algo tão grave como isto? Pode uma decisão interna da REN decidir sozinha uma atribuição com implicações tão profundamente comprometedoras da soberania nacional? Será possível que o planeamento estratégico das redes de gás natural e de electricidade do país vai passar para mão estrangeira sem que ninguém se inquiete?
A notícia ficou online pouco depois da meia-noite e amanheceu estampada nas páginas do Diário Económico. Passa das cinco da tarde e, até ao momento, não me apercebi de ninguém que entendesse suficientemente importante referir-se a ela! Assustador. Verdadeiramente assustador, Portugal.