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Deteorização da Santa Casa atenta contra a conservação do chamado de 'Triângulo Histórico' do Estado do Amazonas

Santa Casa de Misericórdia, em Manaus, está fechada há sete anos. foto de Marcio James
Infiltrações, vidros quebrados, furtos da fiação elétrica e quadros de energia estão contribuindo na deterioração do primeiro hospital da história do Amazonas e fundado em 1870: a Santa Casa de Misericórdia, situada na rua 10 de julho, Centro, próximo ao Palácio da Justiça e Teatro Amazonas, formando o chamado “triângulo histórico do Estado”.

De acordo com o presidente do Instituto Amazônico da Cidadania (IACi), Hamilton Leão, a recuperação do prédio significa a conservação da história do povo amazonense. “Poucos amazonenses conhecem o Palácio de Justiça e o Teatro Amazonas e muitos nem sabem onde está situada a Santa Casa. Então, devemos incentivar o povo a ter uma identificação com o bem público e começar a valorizar sua história, e a exigir a conservação desses prédios”, afirmou.
Para o arquiteto Bosco Chamma, a Santa Casa deve se tornar um centro de cirurgia. “Todos sabemos que os corredores dos hospitais de Manaus se tornaram quartos com pacientes, porque está faltando leito. Portanto, recuperar a Santa Casa significa um serviço à população, fazendo do imóvel um local só para realização de cirurgias”, destaca ele.
Na manhã dessa sexta-feira (23), parte das dependências do prédio foi limpa pela Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), atendendo uma solicitação do vereador Mário Frota, que encabeça a campanha “Não deixe a Santa Casa morrer” e que já recolheu mais de 80 mil assinaturas, pedindo a reabertura do prédio histórico.
“Primeiramente, queremos salvar o prédio, porque a situação é cada vez pior. Contudo, muitos amazonenses têm uma dívida para com esse hospital. Ele faz parte da história de Manaus”, ressaltou Frota. Ainda de acordo com ele, muitas pessoas que vinham do interior, desembarcavam no porto de Manaus (antigo Roadway) e subiam a avenida Eduardo Ribeiro, Centro, para serem atendidas na Santa Casa.
“O hospital era conhecido como o ‘hospital dos pobres’”, finalizou ele. O historiador Otoni Mesquita afirmou que a recuperação do prédio vai além do material. “Há uma necessidade e uma demanda da população por novos hospitais, porque os que existem não conseguem atender a todos”, sublinhou.

Ex-telefonista Nely Mendonça 

A única ex-funcionária que ainda continua ligada ao antigo hospital Santa Casa de Misericórdia, Nely Mendonça, lamentou ontem, o estado ao qual, segundo ela, as autoridades permitiram que chegasse a instituição, situada na rua 10 de Julho, Centro, devido ao abandono e sujeira que se instalaram no prédio histórico, fechado há sete anos. Ela é a responsável por cuidar do imóvel.
“Muita gente importante nasceu aqui. A mãe do falecido governador Gilberto Mestrinho ficou internada quando eu trabalhava aqui”, lamenta ela, que trabalhou mais de 30 anos no setor de administração da Santa Casa, 13 deles como telefonista. “Ainda hoje há gente que bate à porta para pedir informações e à procura de documentos. E nós estamos por aqui para ajudar”, contou ela.

publicado no jornal A Crítica

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