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A propósito do excesso de mortalidade em Portugal: 6110 mortes em duas semanas

Leio no Expresso:

Desde épocas gripais de 2008/2009 e de 1998/1999 que não morriam tantas pessoas. A mortalidade em excesso "por todas as causas" atingiu na semana passada os 3080 óbitos, aumentando para 6110 a cifra das duas últimas semanas, revelam dados oficiais. Os valores acima do esperado observam-se principalmente entre idosos com 75 ou mais anos.
Autoridades de saúde investigam "em profundidade" os motivos associados ao excesso de mortalidade, [mas admitem que o aumento] "está muito possivelmente associado ao período de frio e à circulação de agentes infecciosos respiratórios que ocorreu em simultâneo".

 (clique sobre a imagem para ampliar)

# Para ler na íntegra: Comunicado Oficial (documento em pdf), emitido na segunda-feira, pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, em articulação com a Direção-Geral da Saúde.
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Nos últimos dias, os media têm feito eco do aumento anómalo do número de mortes registadas em Portugal.


Na sequência e en passant, o ministro da Saúde comentou-os com a ligeireza de quem atravessa um guarda-vento e sem grande pressa chuta para canto a impertinência das perguntas, limitando-se a atirar por cima do ombro que há-de ainda seguir-se um estudo para averiguar porque está a morrer muito mais gente em Portugal do que seria expectável.
Passou, entretanto, uma semana e essas mortes duplicaram.
Diante do descaso e da lentidão das entidades competentes, a comunicação social trata ela própria de investigar o caso e, sem grande dificuldade, chega a algumas conclusões. Ao que parece:


Talvez notícias como as que a seguir se recordam (aqui listadas sem a preocupação de ser exaustivo), acumuladas ao longo das semanas e à época tratadas como fait-divers desgarrados, mereçam finalmente ser enquadradas pelo Governo com a gravidade e consequência que lhes deveriam ter assistido desde a primeira hora. Talvez ajudem a perceber que os números alarmantes de mortalidade registados no país provêm de um cenário bem mais complexo e cruel, desencadeado pelas medidas cegas adoptadas por Passos Coelho e companhia. Talvez ajudem a dissuadir a tentação leviana de simplesmente atribuir os números ao frio e explicar o pico de mortandade por recurso às gripes e constipações sazonais.
Porque, pese embora a incidência das mortes se acentue na previsível faixa etária acima dos 75 anos, o facto é que está a bater à porta dos portugueses de forma transversal, generalizando-se a óbitos "por todas as causas" e não apenas em razão de uma patologia específica.
As evidências exigem que 6110 mortes em duas semanas não se sacudam com a naturalidade de uns espirros. Por muito que o Governo se assoe, não sai de lenço ou nariz limpo enquanto não reverter o cenário que ajudou a potenciar.


Fica, pois, à atenção:

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Posted by por AMC on 11:19. Filed under , , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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