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"A guerra paulista"

por Lucia Hippolito

1932 – Começa a Revolução Constitucionalista, que opôs os paulistas ao governo federal, chefiado por Getúlio Vargas.
Com a vitória da Revolução de 30, Getúlio assumiu o poder e instalou um governo provisório. O Congresso e as Assembléias foram fechados, e interventores federais nomeados para governar os estados.
Para São Paulo foi nomeado o tenente João Alberto Lins de Barros.
A exclusão do governo do Partido Democrático (PD) – que havia apoiado a Revolução de 30 – deu início a uma campanha de mobilização da sociedade paulista, pela imediata reconstitucionalização do país e a ampliação da autonomia política dos estados.
Apesar da renúncia de João Alberto, a hostilidade entre os paulistas e o governo Vargas só fez aumentar.
No início de 1932, os dois principais partidos paulistas se uniram, formando a Frente Única Paulista (FUP), que passou a preparar uma revolta armada. Percebendo a força do movimento, Getúlio nomeou o civil e paulista Pedro de Toledo como interventor e publicou o novo Código Eleitoral, que previa a realização de eleições para a Assembléia Constituinte em maio do ano seguinte.
Essas medidas foram entendidas pelos paulistas como manobra protelatória de Vargas.
Em 23 de maio, um grupo de jovens estudantes tentou invadir a sede de um jornal favorável a Getúlio. No conflito com um grupo de tenentistas, morrem os estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. As iniciais de seus nomes foram usadas para designar uma sociedade secreta, MMDC, que passou a tramar a derrubada do governo Vargas.
(Muitos anos depois, a Lei estadual nº 11.658, de 13.01.2004 criou o “Dia dos heróis MMDCA” (23 de maio), incorporando ao quarteto original a inicial de Orlando de Oliveira Alvarenga, ferido no dia 23 de maio, mas que só veio a falecer em 12 de agosto.
As ruas Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo, Alvarenga e MMDC se cruzam no bairro do Butantã, em São Paulo.)
No dia 9 de julho eclode o movimento na capital e no interior do estado. Comandavam as forças rebeldes Bertoldo Klinger e Euclides Figueiredo – militantes da Revolução de 1930 –, e Isidoro Dias Lopes – líder do levante de 1924.
A revolução teve apoio de amplos setores da sociedade paulista, como intelectuais, industriais, estudantes, políticos ligados à República Velha ou ao Partido Democrático. Todos lutavam contra a ditadura de Vargas.
Durante três meses, São Paulo viveu um verdadeiro esforço de guerra: indústrias se mobilizaram para fabricar armamentos, e a população se uniu na campanha Dê ouro para o bem de São Paulo.
O bloqueio naval da Marinha ao porto de Santos impediu que simpatizantes de outros estados pudessem integrar a revolução. Apesar de setores políticos gaúchos e mineiros serem solidários com a causa constitucionalista, decidiram permanecer leais ao Governo Provisório.
Isolados, os paulistas assinaram a rendição em outubro de 1932.
O governo federal evitou fazer represálias, cuidando logo de abastecer a capital com os gêneros de primeira necessidade que começavam a faltar devido ao prolongado isolamento.
Além disso, em agosto de 1933, São Paulo finalmente viu chegar um civil e paulista à chefia do governo, com a nomeação de Armando de Sales Oliveira para substituir o general Valdomiro Lima.
E finalmente, em 1934 foi promulgada a nova Constituição.

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