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Wikileaks denuncia 'guerra fria' pelo saque aos recursos naturais do Árctico


A notícia já leva dois dias, mas devido ao 'apagão' da Blogger desapareceu aqui do Conexão.  Reponho-a sem o comentário, esse irremediavelmente perdido: o Wikileaks revelou documentos que provam estar em curso uma corrida secreta pelos recursos naturais do Árctico. De acordo com a BBC, entre os países que vêem no degelo no Árctico uma oportunidade de negócio encontram-se os EUA e a Rússia, que já começaram a "escavar" a região em busca de recursos como petróleo, gás e até rubis, estando envolvidos numa espécie de 'guerra económica gelada' e velada, enquanto a camada de gelo da região vai diminuindo.



Telegramas secretos da diplomacia americana divulgados pelo site WikiLeaks mostram que diferentes países estão ''cavando'' o Ártico em busca de recursos como petróleo, gás e até rubis, enquanto a camada de gelo da região vai diminuindo.
Os documentos mostram que países com territórios no Ártico, entre eles os Estados Unidos e a Rússia, estão procurando reivindicar áreas da região, cujo gelo vem sofrendo os efeitos do aquecimento global.
Segundo os telegramas diplomáticos, o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Per Stig Moeller, brincou com os colegas americanos, dizendo: ''Se vocês ficarem de fora, nós é que iremos cavar o Ártico''.
A Groenlândia é um território autônomo dependente da Dinamarca, mas os telegramas mostram que diplomatas americanos acreditam que a Groenlândia está ''claramente caminhando para a independência'' e veem nisso uma ''oportunidade única'' para companhias americanas de petróleo e gás se estabelecerem na região.
Em outro trecho divulgado, o embaixador americano na Dinamarca, James P. Cain, comentou que ele havia apresentado governantes da Groenlândia a financistas nova-iorquinos, de modo a ''ajudar os groenlandeses a assegurar os investimentos necessários para realizar tais explorações''.

Disputa

Nesta quinta-feira, ministros das Relações Exteriores dos oito países que integram o Conselho do Ártico - Rússia, Estados Unidos, Canadá, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Suécia e Islândia – tiveram uma reunião em Nuuk, na Groenlândia, com o intuito de assinar um tratado sobre operações internacionais de busca e resgate no Ártico e para discutir os futuros desafios na região.
A corrida pelo Ártico se acelerou em 2007, quando o explorador polar Artur Chillingarov usou um submarino para fincar uma bandeira da Rússia no leito oceânico do Polo Norte.
Os documentos revelam que uma alta autoridade russa afirmou que os americanos viram no gesto uma medida orquestrada pelo Kremlin e que Chillinganov estava ''seguindo ordens do partido governista Rússia Unida''.
Eles também mostram comentários feitos pelo embaixador da Rússia na Otan, Dimitry Regozin, segundo os quais ''o século 21 verá uma corrida por recursos e que a Rússia não pode ser derrotada nesta luta''.
Os telegramas da embaixada dos Estados Unidos também expressam preocupação com as reivindicações territoriais do Canadá na Passagem do Noroeste - uma rota marítima no Oceano Ártico.

Interesses

Eles mostram ainda que em 2008 a embaixada dos Estados Unidos em Ottawa pediu ao governo americano que adiasse uma nova diretriz por parte do presidente, argumentando que ''os Estados Unidos precisavam exercer uma presença internacional mais ativa e influente de modo a proteger seus interesses no Ártico''.
Representantes da diplomacia americana estavam temerosos de que se a medida fosse divulgada antes da eleição federal no Canadá, o Ártico se tornasse um tema eleitoral e teria um ''impacto negativo nas relações entre Estados Unidos e Canadá''. A nova diretriz acabou só sendo divulgada após as eleições canadenses.
Os telegramas exibem ainda a reivindicação do primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, de que a Otan se mantivesse de fora do Ártico - um tema no qual ele estava de acordo com a Rússia.
Ele teria dito que alguns países europeus que não possuíam territórios no Ártico estavam tentando usar a região para obter ''influência em uma área a que eles não pertencem''.
Tom Burke, que oferece consultoria para o governo britânico e para a companhia de mineração Rio Tinto, disse à BBC ''que a camada de gelo está diminuindo muito mais rápido que o esperado'' e que, por isso, ''todos os que acreditam que têm uma chance de conquistar esses recursos quer chegar lá e firmar a sua reivindicação''.
Os documentos divulgados pelo Wikileaks e o futuro do Ártico foram tema nesta quinta-feira do programa de TV Newsnight, da BBC na Grã-Bretanha.

publicado na BBC

Cf. também:

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