Deputados prometem acompanhar de perto a investigação das mortes no Pará
O deputado José Geraldo ( PT-PA), que ontem foi ao enterro do casal de ambientalistas assassinados no Pará, defendeu hoje na Câmara de Deputados que a motivação do crime é falta de regularização fundiária no assentamento agroextrativista Praia Alta Piranheira, onde morava o casal e de fiscalização por parte do Ibama.
Os ambientalistas faziam parte do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, ONG fundada por Chico Mendes, também assassinado por denunciar conflitos de terra e exploração ilegal de madeira. O casal morava há 24 anos em Nova Ipixuna, no sudoeste do Pará, e desenvolvia um projeto de exploração sustentável da floresta com 500 famílias de extrativistas, que sobrevivem da venda de óleos vegetais e de frutas como o açaí e o cupuaçu. Ambos denunciavam, desde 2008, a extração irregular de madeira na região e vinham recebendo ameaças de morte desde Novembro do ano passado.
“O Ibama não cumpriu sua função de fazer a fiscalização e enfrentar as empresas madeireiras que agem de forma ilegal, estimulando o confronto entre as lideranças. Então, há uma revolta, uma cobrança de que o governo federal assuma o papel de realmente fazer a regularização fundiária e ambiental dos assentamentos dessa região", relatou o deputado José Geraldo no regresso do funeral.
Os deputados da Câmara querem agora acompanhar a investigação do assassinato dos ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo.
Arnaldo Jordy (PPS-PA) e Dr. Aluizio (PV-RJ) apresentaram, aliás, requerimentos sobre o assunto. O parlamentar paraense propõe a criação de um grupo de trabalho da Comissão de Direitos Humanos para acompanhar o caso, ao passo que Aluizio pede a criação de uma comissão externa.
"Essa tragédia no Estado do Pará não pode ser aceita como uma coisa banal. O Pará, há nove anos, é campeão nacional de mortes em conflitos por disputa de terra, envolvendo interesses econômicos vinculados a ativos da natureza", afirmou Arnaldo Jordy.