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Bancos portugueses deixam de dar crédito ao Estado

foto: Pedro Elias


Leio no Jornal de Negócios:

Líderes dos maiores bancos reuniram-se ontem secretamente no Banco de Portugal. Foram dizer que não emprestarão mais dinheiro ao Estado. E agora? Resta pedir ajuda. E já: 15 mil milhões de euros de apoio intercalar. Só a política está a travá-lo.

A banca portuguesa encheu: não vai comprar mais dívida pública nos próximos meses; e quer um pedido de ajuda intercalar à Comissão Europeia. O Negócios sabe que ontem houve uma reunião no Banco de Portugal para tomar estas decisões. E sabe também de quanto é o apoio necessário: 15 mil milhões de euros. Só para chegar ao Verão.


[ACTUALIZADA]


O excelente comentário do jornalista José Gomes Ferreira, especialista em assuntos económicos da SIC, a este propósito:





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Líderes dos maiores bancos reuniram-se esta segunda-feira secretamente no Banco de Portugal e anunciaram em coro, em jeito de ultimato, que não vão comprar mais dívida pública nos próximos meses. Banqueiros pressionam para que Portugal peça ajuda intercalar à UE, no valor de 15 mil milhões de euros.



A decisão de não emprestar mais ao Estado nos próximos meses e a ideia de se avançar com o pedido do empréstimo intercalar, para permitir gerir a situação financeira nacional até ao Verão, foram avançadas esta segunda-feira numa reunião no Banco de Portugal, entre o governador, Carlos Costa, e os presidentes dos principais bancos portugueses. A notícia é avançada pelo Jornal de Negócios, na sua edição impressa desta terça-feira.

Ainda na noite desta segunda-feira, Carlos Santos Ferreira, presidente executivo do BCP, falou abertamente sobre o pedido de ajuda, numa entrevista à TVI. Ricardo Salgado, do BES, provavelmente fará o mesmo esta terça-feira.

Trata-se de pôr o Estado a tomar medidas para salvar os bancos embora seja dito que o Estado português necessita mesmo dos tais 15 mil milhões de euros para cumprir com os seus compromissos até final de Junho.

O Negócios explica que a decisão dos bancos de não emprestarem de momento mais dinheiro ao Estado não é uma retaliação, e que resulta de uma “sobre-exposição no último ano”, em que os bancos portugueses “têm estado activamente a financiar o Estado” português, quer servindo de intermediários com o Banco Central Europeu (BCE) quer indo directamente aos leilões de títulos de dívida. Contudo, os bancos portugueses têm financiado o Estado a juros muito mais altos comparados com os que pagam quando recorrem ao crédito do próprio BCE.

No entanto, agora os grandes bancos deixaram de ter mais margem para isso, o que o Negócios sugere que resulta pelo menos em parte dos cortes de rating da dívida nos últimos dias – e a que se acrescentou já esta terça-feira o da Moody’s – para níveis pouco recomendáveis, o que prejudica os balanços de quem tem títulos da dívida portuguesa.

Esta posição dos bancos vai no entanto restringir muito as possibilidades de financiamento do Estado, que já tem os mercados quase fechados e anunciou recentemente um programa de emissão este trimestre de títulos de dívida apenas de curto prazo de sete mil milhões de euros.



Juros da dívida pública a cinco anos superam os 10 por cento



Os juros das obrigações portuguesas estão em alta em todos os prazos. Na maturidade a cinco anos, os juros da dívida portuguesa superaram pela primeira vez os 10 por cento e seguem a ganhar 12,4 pontos base para 10,042 por cento.

Os juros da dívida a dois anos subiram para 8,854 por cento, enquanto os juros das obrigações a 10 anos estão nos 8,666 por cento. A taxa de juro da dívida a dois anos continua, assim, acima da remuneração das obrigações com maturidade a 10 anos. Um sinal de que existem receios de que Portugal não cumpra o pagamento da dívida (o jornal Diário Económico avança esta terça-feira que o incumprimento poderá ser de 40 por cento) e algo que já não acontecia desde 2004 com a dívida portuguesa.

Esta terça-feira a Moody’s baixou o "rating" de Portugal em um nível de A3 para Baa1 e disse que poderá efectuar mais cortes. A Moody’s afirma que quem ganhar as eleições legislativas vai ter que recorrer ao Fundo de Estabilização Europeu "com carácter de urgência".



Bloco diz que bancos querem que seja accionada ajuda do fundo europeu 



“O que parece é que os bancos estão a pedir a intervenção do Fundo [Europeu] de Estabilização Financeira”, disse o deputado bloquista José Gusmão.

Esta situação, comentou o deputado, “mostra como foi trágica a opção do Governo de responder a esta crise económica através de uma política de austeridade assimétrica”.

Quanto a uma ajuda intercalar, José Gusmão disse que o Bloco de Esquerda não sabe de que mecanismo se trata.



publicado no Esquerda.net

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