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Em 1916 ela descreveu 'a Crise' assim. Em pleno séc. XXI constata-se que continua a ter razão.

Com a devida vénia ao O Blog ou a Vida:

« (...) a maneira como uma crise se aproxima é significativa. Depois de alguns anos de prosperidade e bons negócios, murmúrios confusos começam a surgir na imprensa, na Bolsa circulam inquietantes rumores de falência; em seguida, estes sinais definem-se melhor na imprensa, a Bolsa torna-se cada vez mais inquieta, o banco do Estado aumenta a taxa de desconto, isto é, torna o crédito mais difícil e limitado, até que começam a chover as notícias de falência.
E uma vez a crise desencadeada, guerreia-se toda a gente para saber quem é o responsável. Os homens de negócios responsabilizam os bancos pela sua recusa total de crédito e os homens da Bolsa pela sua especulação ávida; estes responsabilizam os industriais, os industriais dizem que há falta de moeda no país, etc.
Quando, enfim, os negócios retomam o seu ritmo, a Bolsa e os jornais logo dão conta, com alívio, dos primeiros sinais duma melhoria, até que a esperança, a calma e a segurança se instalem de novo por algum tempo. O que há de mais notável em tudo isto é que todos os interessados, toda a sociedade, consideram e tratam a crise como qualquer coisa que escapa à vontade e aos cálculos humanos, como um golpe do destino dado por um poder invisível, como uma provação do céu, semelhante, por exemplo, a uma trovoada, a um terramoto ou a uma inundação (...). »

Rosa Luxemburgo, Introdução à economia política, publicado em 1916.


Passou quase um século sobre as palavras de Rosa Luxemburgo, mas, andando nas ruas, lendo os jornais e escutando a horda de economistas, políticos, comentadores, analistas 'eteceteras-e-afins' que por lá desfilam, ninguém diria.
E acha-se Cavaco Silva um grande visionário!... A sorte em que no contraponto tem Sócrates e Teixeira dos Santos mais o 'síndrome da negação persistente' que lhes congestionou as vistas e dificultou a previsão da Crise, mesmo quando ela já lhes tinha entrado pelas portas a dentro e se encarregava de tomar conta da nação.  Estivesse Cavaco Silva ao pé desta mulher bem teria, sim, que "nascer duas vezes".

Posted by por AMC on 17:06. Filed under , , , , , , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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