|

Decisão do Ibama autoriza desmatamento de 238 hectares para construção de canteiro de obras da usina de Belo Monte

Área do Rio Xingu, no Pará, que será alagada pela construção da usina de Belo Monte. foto: Marizilda Cruppe

Em mais uma trapalhada governamental, o Ibama concedeu ontem a licença de instalação parcial para o início do projeto de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. O órgão, que deveria proteger o meio ambiente, jogou contra a natureza e a favor da usina ao autorizar o desmatamento de 238 hectares necessários para a montagem dos canteiros de obra e dos acampamentos nas localidades de Belo Monte e Pimental.
O amplo parque hidrelétrico brasileiro contribui para que o país tenha uma “poupança de água”, ou seja, um reservatório de energia controlável. Não é o caso de Belo Monte. Segundo o responsável pela campanha de energia do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo, a previsão é que a geração da usina ficará a dever no período da seca, o que fará com que a hidrelétrica tenha um aproveitamento muito abaixo da média das usinas no Brasil.
De acordo com o relatório Revolução Energética, lançado ano passado pelo Greenpeace, o que garantirá a segurança energética no país é o complemento da energia hidrelétrica com outras gerações, como a biomassa e a eólica, que têm capacidade de garantir fornecimento ao logo do ano, independente das chuvas. “Não precisamos de Belo Monte. Ela causará mais impacto ambiental do que benefícios”, diz Baitelo.]
Além das questões técnicas e do prejuízo social e ambiental que a obra causará, o documento emitido pelo Ibama, chamado "licença de instalação específica", não é reconhecido pelo Ministério Público Federal (MPF) como válido dentro do direito ambiental brasileiro, o que significa que ele pode ser questionado a qualquer momento na Justiça.
Contra a decisão do órgão ambiental, várias ONGs, entre elas o Greenpeace, aderiram ao abaixo-assinado produzido pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre contra a obra.

Usina Presidente Médici, em Candiota, RS. foto: Lunaé Parracho

No dia 1º de janeiro Dilma defendeu o uso de energias renováveis. Menos de um mês depois apóia publicamente a inauguração de uma usina movida a carvão. Afinal, qual é a posição da presidente?
A política energética brasileira, uma das meninas dos olhos da presidente Dilma Roussef, deu, menos de um mês depois de ela prometer no discurso de posse o incentivo a investimentos em usinas à base de biomassa, eólica e solar, mais um passo para trás. O Brasil, oficialmente, coloca hoje mais uma termoelétrica movida à combustível fóssil em funcionamento em Candiota, Rio Grande do Sul. Trata-se da usina Presidente Médici, ou Candiota III como prefere, por óbvias razões, o atual governo. A usina, parte de um complexo de seis térmicas semelhantes, funciona a carvão, considerado uma das fontes mais poluentes de energia.
Candiota III é o terceiro tropeço do recém-empossado governo na área de energia em menos de um mês de vida. O primeiro foi o anúncio de um plano para construir 11 megahidrelétricas na Amazônia. O segundo, mais recente, a brutal forçada de barra para que o Ibama desse algum tipo, aliás qualquer tipo, de selo de aprovação à construção da usina de Belo Monte. E agora, Candiota III. Juntando os fatos, pode-se muito bem supor que o discurso de Dilma na sua posse, com declarações fortes em favor das energias renováveis, foi apenas papo. “Candiota III é um monumento à geração energética do passado”, diz Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Energias Renováveis do Greenpeace.
Movida a carvão – o menos nobre e mais poluente dos combustíveis fósseis – Candiota III promete gerar 350 MW de energia deixando um rastro de emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa que ameaçam a saúde humana e a estabilidade do clima do planeta. A usina deve garantir uma energia firme de 315 MW e a produção de 2,76 milhões de MWh por ano. Considerando a emissão média de 1 tonelada de CO2 por MWh típica de térmicas a carvão, obtém-se o espantoso montante de 2,76 milhões de toneladas de CO2 emitidos por ano. Na prática, toda essa numerália significa que uma única usina – responsável por pouco mais de 0,5% da energia gerada atualmente no Brasil - contribuirá com o aumento de 10% das emissões atuais do setor elétrico.

via Greenpeace Brasil

Posted by por AMC on 23:39. Filed under , , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

0 comentários for "Decisão do Ibama autoriza desmatamento de 238 hectares para construção de canteiro de obras da usina de Belo Monte"

Leave a reply