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Uma carta por dia para impedir a condenação à morte por lapidação da iraniana de Sakineh Ashtiani


A partir de segunda-feira,  um grupo de «grandes nomes da literatura e das artes», como o anuncia o filósofo francês Bernard-Henri Lévy, vai publicar uma carta por dia, quer no jornal francês Libération, quer no jornal online norte-americano Huffington Post para apoiar Sakineh Mohammadi-Ashtiani, a iraniana condenada à morte por apedrejamento.
Em O Público explica-se a iniciativa em português:

"Vamos enviar a partir de segunda-feira uma carta por dia a Sakineh, assinada por grandes nomes da literatura e das artes" e em simultâneo "lançaremos um apelo aos cibernautas para que escrevam também a Sakineh. Essas cartas chegarão à sua família", disse o filósofo francês à agência AFP.
Os jornais em causa são o "Libération" e o "Huffington Post" (online), já na segunda-feira. A iniciativa segue-se à carta contra a morte por apedrejamento de Sakineh Mohammadi-Ashtiani assinada por 17 personalidades francesas e internacionais divulgada a 14 de Agosto e em que o escritor checo Milan Kundera, o Nobel da literatura nigeriano Wole Soyinka, a autora de BD iraniana Majane Satrapi (“Persépolis”) e as actrizes Juliette Binoche e Mia Farrow apelavam: "É urgente intervir para impedir uma execução que os observadores das questões iranianas dizem estar prestes a acontecer".
Esta missiva era também fruto da mobilização de Bernard-Henri Lévy, tendo sido publicada no site da sua revista “La règle du jeu" e na página principal do site "Libération".
Sakineh Ashtiani, 43 anos e mãe de dois filhos, tinha sido condenada em 2006 por adultério - uma relação mantida depois de enviuvar - e recebido como castigo uma pena de chibatadas. Mas a acusação foi alterada para assassínio - o homem com que ela se terá envolvido teria matado o seu marido na sua presença - e Ashtiani foi então condenada à morte por lapidação. Na segunda semana de Agosto, a televisão do Estado iraniano emitiu uma suposta confissão de Sakineh Ashtiani, que o seu advogado, entretanto exilado, e várias ONG dizem que terá sido obtida sob tortura. As autoridades iranianas admitiam rever o caso e a 11 de Julho, após contestação internacional, suspenderam o seu veredicto "por razões humanitárias". Mas a suposta confissão parece indicar que mantêm a intenção de levar a cabo a execução.
Na próxima semana, indica Bernard-Henri Lévy, o Presidente francês Nicolas Sarkozy irá fazer do caso de Sakineh Ashtiani “um caso pessoal" e terá prometido ao filósofo, numa conversa telefónica, levar a cabo "iniciativas".
Domingo e segunda-feira, a revista La règle du jeu e o "Libé" vão publicar uma petição de apoio à iraniana, assinados por nomes do cinema e da literatura, bem como da política. É a mesma que os cibernautas estão convidados a subscrever e já terá as assinaturas do antigo Presidente francês Valéry Giscard d’Estaing, da ex-ministra Simone Veil e do actual ministrao da Cultura francês, Frédéric Mitterrand.

* os links foram introduzidos por mim e não constam na notícia original

Além dos 'grandes' mobilizados em torno da iniciativa, todos são convidados a pegar na caneta e redigir uma carta destinada a Sakineh e à publicação online. Se a palavra tem o poder e a força que lhe reconhecemos, este é o momento de os usar. Como muito bem se refere na revista La Règle du Jeux a ideia é simples:

Lettres à Sakineh

Nous recevons plus de 2000 signatures par jour et arrivons tout juste à les traiter et à les publier. Nos excuses à ceux qui s’impatientent de ne pas voir leur nom apparaître assez vite: nous faisons de notre mieux, jour et nuit, aux limites de l’épuisement – mais conscients que chaque nom, chaque voix, chaque internaute et chaque pensée, sont un renfort de plus pour cette jeune femme, Sakineh Mohammadi Ashtiani, qui attend dans le couloir de la mort de la prison de Tabriz.
Aujourd’hui, nous prenons une nouvelle initiative. Nous publierons, à partir de lundi matin, et chaque jour, une “Lettre à Sakineh”. Elle peut être longue ou courte. Elle peut même ne faire que quelques mots. Ce peut être un poème, une citation, un témoignage de solidarité, une prière. Tous les messages seront les bienvenus. Ils seront mis en ligne – un par jour, encore une fois – dans l’ordre où ils nous parviendront. Et nous nous sommes assurés, de toutes façons, que tous, absolument tous, puissent passer en Iran et arriver jusqu’aux proches de Sakineh. A vos plumes! Il faut sauver Sakineh.

São muitos, mesmo muitos, os nomes conhecidos que já saíram em defesa desta mulher:

Premiers signataires :

Elisabeth Badinter, Juliette Binoche, Rachida Dati, Sussan Deyhim, Mia Farrow, Bob Geldof, Ayaan Hirsi Ali, Milan Kundera, Bernard-Henri Lévy, Patrick Modiano, Taslima Nasrin, Yann Richard, Ségolène Royal, Marjane Satrapi, Jorge Semprun, Wole Soyinka, Simone Veil, Jody Williams

Premiers soutiens :

Victoria Abril, Isabelle Adjani, Sylviane Agacinski, Woody Allen, Armin Arefi, Martine Aubry, Fernando Arrabal, Ariane Ascaride, Yvan Attal, Edouard Baer, Josiane Balasko, Marie-Christine Barrault, Kate Barry, Monica Bellucci, Samuel Benchetrit, Yamina Benguigui, Charles Berling, Stéphane Bern, Jane Birkin, Marie-Louise Bischofberger, Dominique Blanc, Luc Bondy, Carole Bouquet, Peter Brook, Valéria Bruni-Tedeschi, Sophie Calle, Philippe Calvario, Robert Carsen, Alain Chamfort, Cali,  Patrice Chereau, François Chereque, Jeanne Cherhal, Hans-Peter Cloos, François Cluzet, Nicole Croisille, Olivier Corpet, Antoine De Caunes, Maria De Medeiros, Rossy De Palma,Vincent Delerme, Valéry Giscard d’Estaing, Catherine Deuneuve, Gérard Depardieu, Martial Di Fonzo Bo, Laurent Dispot, Claire Diterzi, Lou Doillon, Arielle Dombasle, Léa Drucker, André Dussolier, Enzo Enzo, Golshifteh Farahani, Mylène Farmer, Jean-Louis Foulquier, Sami Frey, Charlotte Gainsbourg, Nicole Garcia, Christophe Gayral, Arthur H, Jacques Henric, Anne Hidalgo, Lucas Hemleb, Jacques Higelin, Isabelle Huppert, Angélique Ionatos, Agnès Jaoui, Elfriede Jelinek, Lionel Jospin, Gérard Jugnot, Marthe Keller, Ludovic Lagarde, Valérie Lang, Matthias Langhoff, Bernard Lavilliers, Claude Lelouch, Michael Levinas, Justine Lévy, Didier Long, Amin Mahdavi, Noël Mamère, François Marthouret, Macha Méril, Daniel Mesguich, Julia Migenes, Patrick Mille, Catherine Millet, Claude Miller, Frédéric Mitterrand, Misia, Yann Moix, Carmen Moravia, Jeanne Moreau, Anna Mouglalis, Isabelle Nanty, Catherine Nay, Florence Parisot, Laurent Pelly, Nicole Philibert, Denis Podalydès, Patrick Poivre d’Arvor, Charlotte Rampling, Robin Renucci, Natacha Regnier, Jean-Michel Ribes, Laurent Ruquier, Lars Von  Triers, Elie Wiesel, Lambert Wilson

#. La liste des signatures est consultable ICI

A petição em causa pode assinar-se AQUI e junta-se às diversas que correm pelo mundo, como por exemplo esta outra, à campanha accionada no Facebook e ao movimento em curso de muitos outros milhares de figuras públicas e anónimos que batalham em seu nome com idêntico propósito: impedir a barbárie da pena prevista pela Lei Islâmica vigente no Irão.

Alguns artigos que se podem ler desde já na revista do filósofo, La règle du jeu:


e no jornal Libération:


Junto outras leituras que já aqui, no Conexão, tinha sugerido em Julho:


e ainda:


Entretanto, e porque nunca é de mais lembrar: Lisboa é uma das 100 cidades do mundo que se vão manifestar publicamente contra a lapidação. Que o protesto soe firme, em uníssono e massivo. Urge que chegue ao Irão e se faça ouvir com uma força mais inapelável do que a própria teimosia do Governo em levar por diante a sentença.
Portanto, dia 28 de Agosto, às 18h, TODOS AO LARGO CAMÕES!

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