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Movimento Marina Silva deve ser incorporado pela campanha do PV

O Movimento Marina Silva e a campanha da candidata do PV chegaram a um gargalo. O Movimento tem sido um dos principais motores da campanha. Já criou as Casas de Marina (comitês domiciliares), os flash mobs (em que um grupo de simpatizantes se encontra em algum ponto da cidade para fazer alguma intervenção em favor da candidata), slogans, além de bottons e camisetas. Mas o Movimento Marina Silva, que não é pessoa jurídica nem é ligado ao PV, não pode captar dinheiro nem produzir material de campanha em massa para distribuição. Os braços do grupo começam a ficar amarrados. E Marina corre o risco de ter a candidatura até mesmo impugnada caso o Movimento infrinja a lei eleitoral usando seu nome (para lembrar, a lei eleitoral proíbe distribuição de brindes, como bottons e camisetas, por exemplo). Para se enquadrar às exigências da lei eleitoral, o movimento terá de ser incorporado à campanha. O grupo encaminhou aos dirigentes do PV um pedido para que 10 integrantes sejam oficialmente empregados pela campanha para que o movimento possa receber verbas, fazer captação de dinheiro e prosseguir suas ações de campanha.
O movimento Marina Silva foi criado em 2007, de modo despretensioso e sem o aval da candidata. As ações do restrito grupo resumiam-se à distribuição de adesivos (como esse ao lado) em eventos com grande público. O relações internacionais Eduardo Rombauer, hoje com 30 anos, era o mais aguerrido (e frequentemente o único) na distribuição dos adesivos. Mesmo pequeno, o Movimento causou incômodos à Marina Silva e ao PT. Enquanto Dilma Rousseff despontava como a preferida do Presidente Lula para sucedê-lo, os adesivos de Rombauer sugerindo Marina Presidente pareceram uma afronta da então ministra do Meio Ambiente à autoridade de Lula.
Rombauer e seu grupo pararam o movimento a pedido de Marina. E retomaram pouco tempo depois, à revelia dela. Acabaram por ajudar a precipitar a saída de Marina do PT e a decisão pela candidatura presidencial.
Desde que foi lançada a candidatura, no entanto, o Movimento Marina Silva e a campanha do PV têm funcionado de modo independente. O Movimento, que se orgulha de ser suprapartidário e, por isso, abrigar pessoas de diversos partidos (como o PT) e sem partido nenhum, diz ter hoje 31 mil pessoas entre seus membros. São todos voluntários. É uma força poderosa e uma máquina de que o PV dificilmente disporia de outro modo. O número de integrantes do movimento em Sergipe, por exemplo, supera o número de filiados do PV no estado.
Ao mesmo tempo é uma força fora de controle. A campanha de Marina tem uma relação ambígua com o movimento. Adota algumas ideias propostas pelos jovens, como as Casas de Marina, ao mesmo tempo que vê ameaças de ilegalidades e tenta contê-los. “É uma loucura. Enquanto a campanha da Dilma está produzindo camisetas em série, o PV está nos pedindo para parar de pintar camisetas”, diz Eduardo Rombauer, em referência ao estêncil que eles vêm adotando para colorir com o rosto da Marina tudo o que podem.
“Isso é muito arriscado porque alguém pode dizer que eles estão dando camisetas e o TSE pode considerar crime eleitoral. Não temos ideia do que fazer com eles. E acho que eles ficam extremamente irritados porque o João Paulo Capobianco [coordenador da campanha de Marina] não os deixa fazer nada. Às vezes eles trazem coisas ótimas e outras nos criam um problemão”, diz um dos integrantes da cúpula de campanha do PV.
A relação do Movimento com o PV não é perfeitamente harmônica. “Tem gente no partido de quem queremos distância”, diz Rombauer. Ele cita como exemplo os candidatos “ficha-suja” do partido, como Jovino Cândido e Eduardo Palhares, que concorrem por São Paulo a uma cadeira na Câmara dos Deputados. Menciona também Eduardo Brandão, candidato do PV ao governo do DF, que teria tentado faturar flashs e popularidade ao dizer que ele era o inspirador e coordenador do Movimento Marina Silva.
Rombauer garante que o Movimento não perderá autonomia na junção com a campanha. Quer apenas se manter na legalidade. O PV, que ainda não divulgou sua decisão sobre o grupo, tem a chance de controlar um pouco mais a campanha. Mas há quem pense, no próprio partido, que campanha só tem êxito quando ganha as ruas e perde o controle.

publicado na revista Época

Posted by por AMC on 20:58. Filed under , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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