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Exército entra em força na Amazónia


O Ministério da Defesa – por meio da Força Aérea Brasileira (FAB), Exército e Aeronáutica – deflagrou, ontem, a “Operação Ágata 4” na região da Amazônia, com o objectivo de detectar zonas de garimpo ilegais e focos de desmatamento, localizar pistas de aterragem abertas sem autorização e identificar rotas de tráfico de maconha e cocaína. A missão prevê várias acções de patrulhamento do espaço aéreo, bem como de reconhecimento armado.

 Foco na área de fronteira do Amazonas ao Amapá

A operação terá uma duração de pelo menos três semanas e abrange a segurança de 77 mil quilómetros quadrados, uma área superior à soma dos territórios de Portugal e Espanha, compreendendo 5 mil quilómetros de faixa de fronteira do Brasil com quatro países: Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Para se ter uma ideia, em linha recta, a extensão coberta é equivalente à distância entre São Gabriel da Cachoeira (AM) e Belo Horizonte (MG). Vai desde a localidade de Cucuí, no Amazonas, até à cidade de Oiapoque, no Amapá. Além destes estados, outros dois estão incluídos no perímetro e farão parte da área de abrangência: Roraima e Pará.

Demonstração de força

Para a 'Ágata 4' foram mobilizados 8700 militares, apoiados por 11 navios, nove helicópteros e 27 aviões. De acordo com a assessoria, só a FAB alocou mais de mil homens à operação e 19 aeronaves, entre elas o A-29 (Super Tucano), R-099 (aeronave de alerta e controle aéreo), Amazonas C-105 e helicópteros.
Aliás, o contingente envolvido é de tal forma musculado que o Governo brasileiro sentiu necessidade de enviar representantes diplomáticos aos países vizinhos, para sublinhar que as movimentações militares não devem ser entendidas como uma demonstração de força, mas antes como uma preocupação de dar combate a situações ilegais naquele que, pela sua vastidão e difícil acesso, é considerado o ponto fraco da Amazónia.
A operação foi ordenada pela presidente Dilma e, embora oficialmente não tenha um objectivo geopolítico, também não se resume a um mero exercício militar. As forças carregam munições reais e não está excluída a possibilidade de as usarem, caso necessário.


Desmantelamento de narcotráfico

A “Operação Ágata 4” traduz uma inequívoca necessidade de fortalecer a presença das Forças Armadas e do Estado nas fronteiras, por forma a evitar que o território brasileiro seja utilizado como base para o contrabando de madeiras ilegais e metais preciosos, bem como tráfico de drogas, armas e pessoas. A "Agata 4" seguirá, por isso, uma lógica semelhante à que presidiu às três acções realizadas, no ano passado, no centro-oeste e no sul.
Segundo o Ministério da Defesa, a operação "Agata 3", que decorreu em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, começou por bloquear a passagem dos traficantes através da fronteira, provocando uma inflação imediata no preço das drogas no mercado negro. De acordo com estimativa da pasta, só no Mato Grosso atingiu os 60% em Cárceres e os 100% em Cuiabá.
A estratégia do Governo consiste em reprimir vigorosamente o tráfico durante 20 a 30 dias e depois dar a operação por encerrada. Logo que os militares retiram, a tendência dos traficantes é prepararem de imediato grandes carregamentos, de modo a compensarem a inactividade a que se viram obrigados. Nesse período, a Polícia Federal, com ajuda da Abin (agência brasileira de inteligência), coloca no terreno a Operação Sentinela, fazendo incursões pontuais na região com o objectivo de apreender essas cargas ilegais e efectuar prisões.

Pistas clandestinas

Os sobrevoos da 'Ágata 4' vão bater a floresta com o objectivo muito preciso de interceptar aviões suspeitos no espaço aéreo brasileiro e destruir por bombardeio todas as pistas clandestinas que localizar. Mas não só. A operação visa aproveitar também para inspeccionar as condições de segurança em que operam aviões, avionetes e helicópteros, frequentemente utilizados como meio de transporte na região. Na próxima 5ª feira, os homens da FAB acompanharão técnicos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na realização de vistorias em aeronaves e aeródromos. Serão verificadas as condições dos aviões utilizados, a homologação dos mesmos, as inspecções e procedimentos de manutenção a que foram sujeitos. Os pilotos também estarão na mira da investigação, uma vez que a 'Ágata 4' vai também avaliar se possuem documentação regularizada e os exames necessários para o exercício da profissão.
Também participam na acção a Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre outros órgãos de Governo, que estão deslocados na região com a missão de fazer o acompanhamento das actividades por terra e via fluvial. Está à frente da 'Operação Ágata 4' o comandante Militar da Amazônia (CMA), general Eduardo Dias Vilas Bôas [Cf. entrevista AQUI, no Conexão].

Posted by por AMC on 21:20. Filed under . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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