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Da série: 'Importa-se de repetir?!' | «Ser despedido é uma oportunidade para mudar de vida», diz Passos Coelho

Leio no Público:

Durante a tomada de posse do Conselho para o Empreendedorismo e a Inovação, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, (...) Passos Coelho referiu-se em especial aos portugueses que estão sem emprego: “Estar desempregado não pode ser, para muita gente, como é ainda hoje em Portugal, um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida, tem de representar uma livre escolha também, uma mobilidade da própria sociedade”.

Pedro Passos Coelho lamentou que “a cultura média” em Portugal seja a “da aversão ao risco” e que os jovens licenciados portugueses prefiram, na sua maioria, “ser trabalhadores por conta de outrem do que empreendedores”.
Numa intervenção de cerca de vinte minutos, o primeiro-ministro defendeu que “essa cultura tem de ser alterada” e substituída por “um maior dinamismo e uma cultura de risco e de maior responsabilidade, seja nos jovens, seja na população em geral”. (...) Segundo Passos Coelho, a Europa e Portugal precisam de apostar em “modelos de desenvolvimento de valor acrescentado, de forte base tecnológica” para ganharem competitividade económica, e não nos preços baixos.
“Essa não é a competitividade que nos interessa. No curto prazo, no meio da crise em que estamos, claro que é preferível ter trabalho, mesmo precário, do que não ter, claro que é preferível trabalhar mais do que não trabalhar, vender mais barato do que não vender”, mas “o modelo para o futuro tem de ser o de acrescentar valor”, reforçou.
O primeiro-ministro terminou o seu discurso considerando que, para isso, “a economia pública tem de investir alguma coisa” na ciência, na tecnologia, na inovação, mas que também deve haver “uma participação crescente do capital privado” nestas áreas.

Reacção dos partidos [VER VÍDEO]:

PS:
“Isto é muito grave e de uma grande insensibilidade, estas declarações, num país com uma taxa historicamente elevada de desemprego, em que as pessoas não têm oportunidades de emprego”, disse o deputado socialista, Pedro Marques. O ex-secretário de Estado da Segurança Social considerou ainda que as declarações de Passos Coelho “são um remake” do que ele tinha dito há uns meses aos portugueses, para que deixassem de ser piegas e aconselhou Passos Coelho a interpelar algum desempregado sobre as escolhas que tem em termos de emprego e alertou para o facto de maioria dos desempregados, tendo em conta a situação do país, só terem “a direcção da pobreza generalizada”.

PCP:
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse que a ideia do primeiro-ministro de que o desemprego pode ser uma oportunidade é uma “ofensa”, acusando Pedro Passos Coelho de não conhecer “o que é a vida” nem as “dificuldades dos portugueses”.
“O Governo esconde o número [do desemprego] aos portugueses, particularmente aos desempregados e não é por erro de cálculo, não é por erro de contas. É para tentar mistificar aquilo que hoje é um dos problemas centrais do nosso país, um dos problemas centrais da juventude, particularmente, que ainda por cima tem como resposta, como concepção, por parte do primeiro-ministro esta ideia ofensiva para mais de um milhão de desempregados”.
O secretário-geral do PCP questionou como é que “um primeiro-ministro pode ofender esses que estão numa situação desesperada não por não querem encontrar emprego, não porque não querem trabalhar, antes pelo contrário”. Jerónimo de Sousa recordou que num debate com o primeiro-ministro lhe disse que ele não sabia o que era a vida acrescentando que “esta declaração é uma afirmação, é uma demonstração clara que o primeiro-ministro de Portugal, do Governo português não conhece o que é a vida, não conhece as dificuldades dos portugueses”. “É uma ofensa. É ofensivo. E não venha com este ou aquele exemplo isolado. Estamos a falar à escala de mais de um milhão de portugueses, estamos a falar de pessoas que se virem despedidas e ficaram sem alternativa e vemos também esses mais de 35 por cento de percentagem de jovens que gostariam muito de ter o seu emprego”, enfatizou.

BE:
“Ouvi essa frase e é indignante. Depois de um governo ter provocado a facilidade dos despedimentos, que tem como consequência mais despedimentos, depois de provocar a facilitação da precariedade, que causa mais precariedade, depois de reduzir a indemnização pelos despedimentos, depois de atacar as pessoas de todas as formas, ainda lhes diz que a sua desgraça é uma oportunidade para elas”, afirmou o coordenador do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã.
Louçã reconheceu que na política há diferenças entre as diferentes forças, mas defendeu que “é preciso que haja um sentido de respeito pelas pessoas que este Governo não demonstra ter”. Disse ainda que “há 800 mil desempregados que já não têm subsídio de desemprego e um milhão que quer trabalhar, tem direito a trabalhar, levou uma vida a puxar por este país e não tem nada” e Pedro Passos Coelho “dizer a estas pessoas que esta economia é uma oportunidade é cinismo, inaceitável e sobretudo falta de respeito”.O dirigente do BE disse ainda que gostava que “o Governo, que atira a pedra do desemprego, não escondesse a mão atrás das costas”.Na opinião do líder “bloquista”, é o executivo de coligação PSD/CDS-PP que “está a fazer a crise quando reduz o investimento, facilita despedimento, promove precarização do trabalho, aumenta taxas moderadoras, o custo do gás, da electricidade”, políticas que “tiram dinheiro às pessoas”. Recordou a perda do 13.º e do 14.º mês, que se vai manter até 2018, e considerou que esta economia de saque é uma economia de crise” e “a crise é o nome deste governo”.



via SIC

VER VÍDEO: RTP e TVI

No mesmo dia em que o primeiro-ministro se permitia estas afirmações, a Comissão Europeia agravava as previsões da taxa de desemprego em Portugal, estimando-a em 15,5% sem tendência para se inverter a curto prazo. Como o vídeo mostra, até o ministro da Finanças lá foi admitindo, esta manhã, que o desemprego é um dos «maiores problemas» do país. Vítor Gaspar citou, aliás, um estudo alemão que, analisando várias experiências traumáticas extremas, concluía ser a perda do emprego mais difícil de superar do que a perda causada pela morte de entes queridos.

Vítor Gaspar: “A satisfação de vida de um desempregado não se recupera”  

O ministro das Finanças considerou esta sexta-feira que o desemprego é um dos “maiores problemas” da actual crise e afirmou que “a satisfação de vida de um desempregado não se recupera”. Vítor Gaspar falava, em inglês, durante uma intervenção, na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, sobre a crise na zona euro e o desemprego jovem.
Recordando um artigo que leu, afirmou aos membros de juventudes partidárias europeias de centro-direita: “O que o autor diz é que a maioria das pessoas se adapta surpreendentemente bem às mudanças nas suas vidas. Mesmo após acontecimentos trágicos, como a morte de um familiar ou de uma doença crónica, recuperam o bem-estar anterior quase completamente… Mas há um acontecimento para o qual isto parece não ser verdade: o desemprego."
“Comparado com outras experiências negativas, a satisfação de vida de um desempregado não se recupera, mesmo depois de estar desempregado há muito tempo”, acrescentou esta manhã, em declarações citadas pela SIC.
Na Casa das Histórias, Vítor Gaspar afirmou que: “O desemprego é, realmente, um dos maiores problemas que enfrentamos hoje em dia, se não o maior. A actual crise expôs vários problemas estruturais que afectam várias economias desenvolvidas. O desemprego destaca-se nessas economias”.
Segundo o relato da mesma estação, os jornalistas só puderam estar presentes na sala para ouvir os primeiros minutos da intervenção do ministro das Finanças.
À saída do museu, Vítor Gaspar recusou comentar a previsão da Comissão Europeia para o desemprego em Portugal este ano (15,5% da população activa). link

Posted by por AMC on 20:30. Filed under , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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