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Um minuto de silêncio pelo Miguel


Todos os deputados de pé. Um minuto de silêncio. Acaba de ser aprovado por unanimidade o Voto de Pesar pela morte de Miguel Portas, apresentado pelo BE na Assembleia da República. O Governo também se associou ao gesto. O texto segue a baixo, na íntegra.

[ACTUALIZAÇÃO] Ver vídeos: SIC Notícias | TVI | TVI24

Para assistir na íntegra: 
 
 
VOTO DE PESAR PELO FALECIMENTO DE MIGUEL PORTAS

Após mais de dois anos de luta contra o cancro, Miguel Portas faleceu no dia 24 de Abril, com 53 anos.
Ativista pela democracia desde jovem, foi preso pela polícia política da ditadura quando tinha apenas 15 anos. Esteve nas manifestações de estudantes e partilhou a esperança de tanta gente. Queria acabar a guerra, terminar a ditadura e mudar o mundo. Viveu o 25 de Abril e quis sempre continuar esses valores solidários.
Militou no PCP entre 1974 e 1991.
Trabalhou em diversos municípios em programas culturais. Aprendeu a valorizar o poder local, as culturas, o interior e sobretudo as pessoas.
Economista por formação, o jornalismo foi a sua vocação. Fez parte da redação da revista “Contraste” e foi editor de cultura do jornal “Expresso. Fundou o jornal “Já” e a revista Vida Mundial, publicações das quais foi diretor.
Cosmopolita, apaixonado pela diversidade das culturas e pelos seus sinais, foi co-autor e apresentador de duas séries documentais televisivas sobre o “Mar das Índias” (2000) e sobre o Mediterrâneo, em 'Périplo' (2004), e escreveu dois livros sobe esta região, “No Labirinto” (2006) e, com Cláudio Torres, 'Périplo' (2009). Publicou também 'E o resto é paisagem' (2002), uma recolha de crónicas, ensaios e reportagens.
Miguel Portas foi fundador do Bloco de Esquerda, tendo sido o seu primeiro eurodeputado, em 2004, e foi reeleito eurodeputado em 2009, continuando a exercer as suas funções em Bruxelas até aos seus últimos dias. Foi dirigente do Bloco de Esquerda desde a sua primeira assembleia até agora. Durante toda a sua doença, que encarou de forma corajosa e despojada, continuou sempre a cumprir as suas responsabilidades, dedicando-se nas suas últimas semanas a preparar o relatório do Parlamento Europeu sobre as contas do Banco Central Europeu.
O seu falecimento suscitou tomadas de posição do Presidente da República, do governo, dos partidos políticos, da CGTP, de associações e de muitas personalidades, do Parlamento Europeu e de múltiplos partidos europeus e outros. De todos os quadrantes políticos, estas mensagens realçaram o lado humano e a importância dos contributos de Miguel Portas para uma democracia mais intensa. São assim demonstrações tanto da sua combatividade como do seu respeito pelos outros, que era uma das marcas distintivas do seu compromisso consigo próprio. A democracia era a sua vida e não a concebia sem se entregar totalmente ao que mais gostava de fazer: a intervenção pública e cidadã.
Teve uma vida preenchida, que viveu intensamente, mas tinha sempre os olhos postos no futuro: “Não vivo muito o meu passado, não carrego muitas saudades”, escreveu. Na sua última entrevista, dizia ainda que “A minha vida valeu a pena porque ajudei os outros”. Tinha razão. Ajudou, com o fulgor da sua inteligência e do seu humor, todos quantos privaram de perto com ele. Colaborou em causas. Disse o que pensava. Defendeu a beleza das coisas simples. Procurou ter tempo para pensar e para viver a companhia dos filhos. Viveu sempre com emoção. Não é pouco. Na verdade, é quase tudo.
Assim, a Assembleia da República apresenta à sua família e amigos as mais sentidas condolências, juntando-se a todas as vozes que lamentam a sua perda e a forma como esta empobrece a democracia.

São Bento, 26 de Abril de 2012

via Esquerda.net

INFORMAÇÃO

O velório do eurodeputado Miguel Portas que morreu terça-feira na Bélgica vai decorrer a partir das 15:00 de sábado no Palácio das Galveias, em Lisboa, até ao final da tarde.
No domingo, realiza-se uma sessão pública evocativa no Teatro S, Luiz organizada pelo Bloco de Esquerda.
Também no domingo vai realizar-se, às 17.30, uma missa, mandada celebrar pela mãe de Miguel Portas, Helena Sacadura Cabral, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, que foi projetada pelos arquitetos Nuno Portas, pai do deputado europeu do Bloco de Esquerda, e por Nuno Teotónio Pereira, no início dos anos 1970, disse à Lusa a mesma fonte familiar referindo que a cerimónia religiosa vai ser celebrada pelo padre Peter Stilwell.
O Parlamento Europeu realiza uma cerimónia em memória de Miguel Portas no dia 10 de maio, em Bruxelas.
A cremação vai decorrer de forma privada, apenas na presença da família.
Miguel Portas, economista, político e jornalista foi um dos fundadores do Bloco de Esquerda, morreu na terça-feira à tarde, aos 53 anos, no Hospital ZNA Middelheim, em Antuérpia, vítima de cancro.
Em 2004, tornou-se o primeiro deputado a ser eleito pelo Bloco para o Parlamento Europeu, onde trabalhava até agora, integrado no Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL), a sexta maior família política da assembleia europeia, na qual Portugal é o terceiro país mais representado (a seguir a Alemanha e França), com dois deputados do Bloco e outros tantos do PCP.


publicado na Agência Lusa

Posted by por AMC on 12:32. Filed under , , , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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