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"A OPA de pijama" e "A OPA do corno manso"

A Caixa Geral de Depósitos rejeitou vender há dois anos a Cimpor a € 6,18 por acção. Vende agora por € 5,5 euros. Porquê? perguntava-se Pedro Santos Guerreiro num editorial acutilante ("A OPA do corno manso") publicado no Jornal de Negócios e que vale a pena ler a par de outro ("A OPA de pijama") que já tinha escrito na Sexta-feira, sobre uma primeira OPA, aquela que o Grupo Mello dirigiu à Brisa, a um preço que a transforma numa farsa.
É uma prosa longa, muito especializada, mas que além de muito bem escrita é reveladora do modo como todas estas operações de especulação financeira se fazem. 

Apoio do Estado à banca privada pode ascender a 4 mil milhões 
Enquanto se discute se Portugal vai ou não precisar de novo empréstimo, as tranches de dinheiro da troika lá vão entrando. Parte generosa dessas verbas leva como destino certo a banca, com o argumento da imperiosa necessidade de a recapitalizar para assim dar suporte ao investimento numa economia cujo crescimento todos defender como imprescindível para salvar Portugal de um novo resgate financeiro, em Setembro de 2013.
Ora como se não bastasse, no relatório sobre a terceira avaliação do programa de apoio financeiro a Portugal, o FMI ainda vem puxar as orelhas a Portugal e lembrar que o
Aumento de capital da CGD compreende mais 650 milhões do que o definido pelo Governo
no Orçamento Rectificativo (onde já contempla mil milhões para o efeito).

Rui Rio (vídeo aqui e aqui ao minuto 26:17 - 34:19) e Jorge Sampaio indignados com a participação da CGD no negócio [Cf. notícia c/ vídeo]

Leio no Jornal de Negócios: (04/04)
Dos 700 milhões de euros que a oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Brisa pode exigir de investimento à José de Mello e Arcus, os três maiores bancos portugueses terão de disponibilizar 590 milhões. Deste montante, que seria necessário caso todos os accionistas da concessionária aceitassem vender na operação, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) aceitou financiar 88 milhões de euros. Já o crédito junto do Banco Espírito Santo seria de até 99 milhões de euros e no BCP de 401 milhões, sabe o Negócios.

Leio no Público: (30/03)
O presidente da Câmara Municipal do Porto considera “inadmissível” que a Caixa Geral de Depósitos, um banco público, financie a Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pelo grupo José de Mello e a Arcus sobre a totalidade do capital da Brisa. “Estou escandalizado, isto é inadmissível. Só espero que não seja verdade”, disse Rui Rio nos instantes finais do encerramento do ciclo Grandes Debates do Regime, que a autarquia portuense promoveu durante um ano. “É uma falta de sentido patriótico fazer uma coisa destas”, reforçou. Rui Rio disse que “não sabia, nem sonhava que podia ser possível” a CGD financiar esta OPA de uma empresa sobre outra. Foi o presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, quem levantou a questão devido às dificuldades que as empresas privadas sentem para obter crédito bancário para as suas operações.
O antigo Presidente da República Jorge Sampaio foi o convidado da sessão final dos Grandes Debates do Regime, tendo proferido uma conferência intitulada “Portugal, a crise o futuro da democracia”.

Leio na Agência Financeira: (04/04)
Deputados do PCP e do Bloco de Esquerda instaram esta quarta-feira o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, a deter a «ignomínia» do financiamento pela Caixa Geral de Depósitos à oferta pública de aquisição (OPA) lançada sobre a Brisa.

Críticas do PCP
«Estamos de regresso ao casino, de regresso à roleta da especulação, de regresso ao tempo da administração [de Armando] Vara na CGD, que deu 500 milhões de euros ao sr. Berardo para comprar ações do BCP», disse o deputado comunista Honório Novo, durante uma audição de Vítor Gaspar na comissão parlamentar do Orçamento.
A Brisa foi alvo de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), lançada na quinta-feira passada pelo grupo José de Mello e a Arcus.
O deputado comunista disse ao ministro que a Caixa «vai dar até 480 milhões para um jogo de casino», e citou o presidente da câmara do Porto, Rui Rio, que considerou «inadmissível» o envolvimento da Caixa nesta operação.
«Pare esta ignomínia», pediu Honório Novo, que mencionou o caso da Cerâmica de Valadares, empresa de Vila Nova de Gaia que necessita «de investimentos para ter matéria-prima para cumprir contratos».
«Para isto não há financiamento da CGD, mas 400 milhões para jogar no casino da bolsa, isso lava as mãos como Pilates», concluiu o deputado portuense.

Críticas do BE
Também o deputado do Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares contrastou o caso de pequenas empresas sem acesso a crédito com o financiamento da Caixa à OPA sobre a Brisa.
«O pecado dos Estaleiros de Viana ou da Cerâmica de Valadares é não quererem comprar ações, é quererem produzir. Se tivessem um nome pomposo e alguns conhecimentos, mais facilmente teriam acesso a financiamento» da CGD, disse Soares.
«Os grandes grupos vão pedir ao banco público dinheiro para fazer uma OPS, para jogar na bolsa, e o banco público aceita. Temos empresas que querem produzir e o banco não lhes empresta», continuou o deputado bloquista. «As autoestradas não são bens transacionáveis, a Brisa não é uma empresa exportadora. Se há um problema de financiamento da economia, o ministro não pode ignorar» este caso.

Resposta do Ministro das Finanças
Na sua resposta, Vítor Gaspar disse que «não há dúvida nem ambiguidade na posição do Governo ou do ministério das Finanças»: «A prioridade é a manutenção de fluxos de crédito à economia portuguesa, às empresas lucrativas, em particular as pequenas e médias empresas, em especial as que têm atividades no mercado exportador».
O ministro garantiu que «o exame dos fluxos de crédito é uma atividade regular», mas escusou-se a fazer «comentários específicos sobre operações financeiras em curso ou operações de financiamento a empresas individuais». Perante a insistência dos deputados, Gaspar disse que «os detalhes e a operacionalização de qualquer negócio individual é da responsabilidade da gestão» da Caixa.
«As decisões são tomadas dentro do enquadramento estratégico fornecido pelo Governo através do Ministério das Finanças», acrescentou o ministro. «Não há aqui economia de casino por parte do sistema financeiro em Portugal ou da CGD em particular».
Gaspar acrescentou mesmo assim que a interpretação dos deputados do BE e do PCP sobre a atuação da Caixa na OPA lhe parece «falsa», mas remeteu mais esclarecimentos para a administração do banco público.

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A OPA do corno manso
por Pedro Santos Guerreiro

As OPA já não são o que eram: os negócios agora só são abertos depois de fechados. A Cimpor será partida entre brasileiros, com o alto patrocínio daquela que mais jurou impedi-lo, a prestimosa Caixa. Foi bem mandada pelo Governo. Os liberais, os ufanos defensores do jogo livre - Passos, Gaspar e Borges -, revelam-se afinal vorazes manipuladores: fecharam eles o negócio com a Camargo. Um bocadinho sonso, este bom aluno.
A OPA da Camargo Corrêa à Cimpor já está decidida. A venda assumida pela CGD e o aparente alinhamento com a Votorantim condicionam os demais accionistas. Os grandes, claro; os pequenos investidores são chicha. Vai-se a Cimpor. Às postas.
O destino está na verdade traçado há mais de dois anos. Quando a brasileira CSN lançou uma OPA, apareceram dois grupos brasileiros: a Camargo, que comprou a participação da Teixeira Duarte e lançou uma OPA encapotada através de uma fusão, o que a CMVM felizmente inviabilizou; e a Votorantim, que comprou à Lafarge e matou tudo com um acordo com a Caixa, de quem se tornou sócia. Nessa altura, aqui foi escrito o que tudo parecia: que a Camargo e a Votorantim tinham avançado sobre a Cimpor para impedir a CSN de se tornar concorrente no mercado brasileiro que ambas dividem; e que a Camargo e a Votorantim mais tarde concluiriam o processo desmantelando a Cimpor. Não foi preciso ser bruxo.
A Cimpor vai à vida. Num lamento português de mais de dez anos, a empresa andou de OPA em OPA até chegar a esta triste divisão, abocanhada por concorrentes. Culpa? Dos seus accionistas, que se enfeudaram numa luta de poder que teve os mesmos vícios da luta de poder do BCP. É natural, as pessoas eram as mesmas: Teixeira Duarte, Manuel Fino, o próprio BCP, a Caixa. Mas a Caixa…
A Caixa é um caso perdido. Foi a Caixa que matou a OPA da CSN, para proteger o Centro de Decisão Nacional, que agora entrega de bandeja. É sempre essa historieta dos centros de decisão que serve de borracha para todos os erros. Mas explique lá a lógica da batata: há dois anos, a Caixa não quis vender a Cimpor na OPA a 6,18 euros por acção (a Teixeira Duarte venderia a 6,5 euros; a Lafarge trocaria activos sob uma avaliação a 6,5 euros); há meses, o banco do Estado disse que só o faria a 6,5 euros. E agora vende a 5,5 euros. Hum… Não faz muito sentido, pois não?
Faz se for traduzido: a Caixa é o cavaleiro branco de Passos Coelho, o testa de ferro de Vítor Gaspar, o carro vassoura de António Borges. Idólatras da "mão invisível", adoptaram um conceito conveniente: a "mão que manda invisivelmente". Foram oportunistas à primeira oportunidade. E assim se fechou um acordo entre Finanças, Camargo e supõe-se que Votorantim. A decisão "do accionista" é um vexame tão grande para a administração da Caixa (que obedece, vende baratinho e até abdica de 200 milhões do contrato que tinha com a Votorantim) que de uma vez por todas se devia assumir que a Caixa não é um banco, é mesmo uma extensão do Ministério das Finanças, um pau mandado do Governo. E acaba-se com a conversa de treta da governança, da independência, do banco de mercado. É mais honesto assumi-lo: quando é preciso, a Caixa é um recreio do Governo.
Vítor Gaspar não é burro, é inteligente. Se fechou o negócio com a Camargo nestes moldes e deu dois berros à Caixa para assiná-lo, é porque há contrapartidas que desconhecemos. Provavelmente, para outras privatizações, como a TAP e a Ana. Depois da privatização da EDP, em que se acordou em segredo manter contratos de subsidiação à produção (afirmando antes que não se faria), o Governo continua a fazer negócios com empresas cotadas e bancos públicos atrás de nebulosas cortinas.
Há dois anos, aqui se chamou à oferta da CSN sobre a Cimpor a OPA do táxi: os quatro accionistas que decidiriam o sucesso da oferta caberiam no mesmo automóvel. Agora é ainda mais simples. É a OPA da mota: o Governo conduz, a Caixa vai no "side-car". A Caixa é o "corno manso" desta história: foi usada, é enganada (deixando cair, já agora, Manuel Fino), e ainda aparece na festa a rir. Confirma-se: Gaspar é o maior.

* editorial do Jornal de Negócios - 01.04.2012

Cf. também:



A OPA de pijama
por Pedro Santos Guerreiro *

Seriam umas seis da manhã, um frio de rachar na rua, quando, na véspera da consoada de 2010, o telefone acordou António Nogueira Leite. O então administrador da José de Mello SGPS era chamado para assinar o armistício duramente negociado pela madrugada adentro com o fundo Arcus. Nogueira Leite apareceu num ápice nos escritórios da Vieira de Almeida & Associados. Entrou de casacão comprido e não o tirava por nada, o que foi notado: afinal, a sala estava quente. Perceber-se-ia mais tarde. Nogueira Leite tinha saído de pijama.
A história foi contada neste jornal há uns meses e entrou no imaginário dos negócios de Lisboa. Toda a gente se lembra do pijama mas o importante foi o acordo de paz. A Arcus abordara a José de Mello como um pirata de faca nos dentes, a batalha foi intensa, a maneira de afastar o inimigo foi tê-lo mais perto. Fazer dele um amigo. Um amigo para a vida? Não, um amigo para a OPA.
Os negócios fazem-se assim, com parceiros, não com amigos. Que o diga Américo Amorim, que selou um acordo com os seus sócios angolanos com quem mantém uma relação de amor-ódio. Amorim é dos poucos empresários em Portugal que sabem pôr os angolanos na linha. Juntos, avançam pela Galp adentro, mas Amorim continua a mandar, será presidente da empresa e manterá o seu presidente executivo, Ferreira de Oliveira. Como sempre disse que aconteceria. Américo, como sempre, venceu.
Os negócios da Galp e da Brisa mostram a arritmia de um país descapitalizado. Neste caso, as empresas são vendidas a estrangeiros mas o poder não se esvai. O contrário do que está a acontecer na Cimpor, o próximo campo de batalha na bolsa.
Na Brisa, a relação entre o grupo José de Mello e a Arcus evoluiu ao contrário: começaram pelo divórcio e acabaram no casamento. É um casamento por interesse, claro, mas sem dissimulação. E assim os adversários agora aliados lançaram uma OPA. Sim, depois de quase 15 anos de rumores de OPA à Brisa, ei-la finalmente. Mas não é hostil, como sempre se aventou. E encurrala os espanhóis arqui-inimigos da Abertis.
A OPA à Brisa é uma farsa. Isto não é uma crítica, é uma constatação. O preço oferecido é ridiculamente baixo - e quem já o disse foi o próprio Grupo Mello, quando há seis meses quis usar a média de preços-alvo de analistas, em vez da cotação em bolsa, como avaliação do colateral para os seus credores. Esse preço médio dos preços-alvo é hoje superior a 2,8 euros, acima da OPA.
A culpa da baixa cotação não é da José de Mello. A Brisa sofre o impacto dos "ratings" que congelam os dividendos, da economia em recessão e dos negócios em que foi enganada pelo Governo Sócrates/Campos, como a concessão da A32, onde vai perder pelo menos 300 milhões. Mas se paga tão pouco na OPA é porque não precisa de ganhá-la para vencer. A vitória está garantida: o acordo com a Arcus captura o controlo da Brisa mesmo sem comprar uma só acção em mercado. É por isso que esta OPA será uma aborrecida festa de pijama, uma história de nanar. Mas serve para garantir o controlo da Brisa - e iniciar a reestruturação do passivo do Grupo José de Mello. É evidentemente por isso que os bancos que vão financiar a operação (BCP, BES e Caixa) são os maiores credores do Grupo Mello.
Esta operação inicia a redenção do Grupo Mello, que caiu na armadilha de excesso de dívida num grupo reprivatizado sem capital e assente numa cascata de participações, o que se tornou crítico quando os bancos estrangeiros o abandonaram, os "ratings" congelaram os dividendos com que se paga a dívida e o valor das acções baixou o nível dos colaterais. A autonomia do grupo esteve em risco. Esta operação é o início da nova vida do Grupo e Vasco de Mello volta a mostrar reinventação. Chapelada.
Não foi por acaso que Vasco de Mello dedicou a OPA ao seu bisavô, avô e pai, figuras icónicas do empresariado em Portugal. Esta é talvez uma forma de Vasco de Mello mostrar que os merece, e cumpre o seu mandato geracional. Porque esta OPA não é uma OPA, é o exercício de autonomia do Grupo Mello que, num caminho estreito, volta a controlar o seu destino. E hoje, como sempre, isso vale mais que o preço de uma acção.

PS: Os leitores do Negócios foram os primeiros a saber da OPA. Eram 16:36 quando aqui revelámos ontem a notícia em primeira mão. O Grupo Mello confirmá-la-ia meia hora depois.

* editorial do Jornal de Negócios - 30.03.2012

Cf. também:


Prioridades de crédito

por Octávio Teixeira *

O Grupo José de Mello entendeu lançar um Oferta Pública de Aquisição sobre o capital da Brisa, empresa de que é o maior accionista.
O director do Negócios escreveu que "a OPA à Brisa é uma farsa". Não é essa a questão que agora me ocupa, mas o facto de, farsa ou não, ser financiada pela banca em quase 500 milhões. É inequívoco que está cada vez mais difícil o acesso das empresas ao crédito, em particular das pequenas e médias, para desenvolverem a sua actividade, para produzirem riqueza e criarem emprego. Mas para financiar uma operação meramente financeira, que não cria valor acrescentado na economia nacional, a banca não hesita e abre os cofres. São prioridades de crédito contrárias às necessidades da economia e aos interesses do País.
Ainda mais grave um dos bancos financiadores ser a CGD. Os objectivos da política de crédito da CGD não podem ser os de um qualquer banco privado. Exige-se que os recursos do banco público privilegiem a produção e o emprego em vez de serem pronto--socorro ao serviço de interesses de capitalistas. Sempre. E com maior pertinência no actual contexto do País e no momento em que a Caixa se apresta para receber mil milhões do Estado, dos contribuintes, para reforçar a sua solvabilidade. É mais uma traficância financeira em que a CGD participa, na linha do que sucedeu, por exemplo, com os financiamentos aos srs. Manuel Fino na Cimpor e Joe Berardo no BCP. Veremos se também financiará os luso-angolanos na Galp e os brasileiros na Cimpor…
E o Governo é corresponsável neste acto escandaloso porque é ele que representa o Estado/accionista único, e como tal tem o dever de definir as orientações estratégicas do banco público adequadas às necessidades da economia real e do emprego.

* economista e ex-deputado do PCP

O porquinho mealheiro

por Alexandra Machado *

A manchete de ontem [01 Abril] do Negócios diz tudo: "Governo obrigou Caixa a aceitar OPA da Camargo à Cimpor". E já não surpreende. Infelizmente.
José Sócrates foi altamente criticado pelo PSD de Passos Coelho de usar a Caixa como braço armado da sua política. Caiu o carmo e a trindade quando a Caixa entrou na Cimpor; quando a Caixa votou contra a OPA da Sonaecom sobre a PT; quando os gestores da Caixa passaram, directamente, para o BCP; quando Armando Vara foi nomeado administrador; quando abriu a porta a Isabel dos Santos (ao vender-lhe acções e ao financiá-la) na Zon.
Por estes dias, Passos Coelho falava, antes de ser eleito primeiro-ministro, da privatização da Caixa e até sugeriu a criação de um conselho estratégico na CGD nomeado pelo Parlamento. E dizia, numa entrevista ao "Correio da Manhã" em 2010: "hoje o Conselho de Administração da CGD só se explica perante o ministro das Finanças, não perante o País. E julgo que não há forma mais democrática do que o Parlamento, por exemplo, poder nomear uma espécie de conselho estratégico, com poderes consultivos, ao qual a própria administração da CGD se pudesse explicar. (...) Sem poderes vinculativos mas que obrigassem a uma maior explicação, a uma maior transparência nas decisões que são tomadas".
O Governo mudou. Passos Coelho foi empossado primeiro-ministro. Conselho estratégico da Caixa não existe. E, entretanto, para a Caixa é nomeado Nogueira Leite, conselheiro do PSD de Passos Coelho; a Caixa vende directamente a participação na Zon, que dará a quem comprar o controlo; a Caixa quer colocar Teixeira dos Santos na PT, o Estado ou alguém por ele diz que não; a Caixa quer vender acções da Cimpor por 6,5 euros, o Estado diz para vender a 5,5 euros aos brasileiros da Camargo Corrêa.
O que parece tudo isto? A Caixa continua a ser um braço armado, agora da política de Passos Coelho. E tal como teve de explicar, no Parlamento, porque tinha feito o acordo com Manuel Fino, espera-se que agora o banco público seja chamado para explicar por que vende agora à Camargo, por menos do que o que pretendia.
E já agora podia também explicar por que vai a Caixa deixar de ter participações financeiras mas ainda nomeia administrações. O que ficou para a história do caso Teixeira dos Santos na PT foi a Caixa ter sido ultrapassada. Mas, para mim, há outra perplexidade nesse caso. A Caixa vai ou não sair da PT? E quando? E que papel ainda tem na nomeação da administração da operadora? Ou é mais um caso em que o Estado não quer ter papel interventivo nas empresas, mas já agora, a pretexto de ainda lá estar, decide administrações? Como na EDP.
Esta é a prova de que a Caixa tanto serve de saco de boxe quando se está na oposição, como serve de porquinho mealheiro quando se está no Governo.

Posted by por AMC on 07:52. Filed under , , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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