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No Rio e em Salvador, o Carnaval não esquece centenário de Jorge Amado

Feito Jorge Ser Amado - Moraes Moreira

Este ano, a decoração do Carnaval no Pelourinho vai homenagear os 100 anos do escritor baiano Jorge Amado (que se celebra a 10 de Agosto), com particular realce para o seu primeiro romance, O país do Carnaval. Cerca de 200 peças, criadas pelo artista plástico Euro Pires, já começaram a colorir as ruas, palcos, praças e largos do mais antigo Centro Histórico do Brasil.
De acordo com o artista, a decoração foi elaborada procurando mostrar o lirismo criativo dos habitantes do País do Carnaval, através de personagens como mascarados, pierrots e travestidos. «Além de uma homenagem a Jorge Amado, essa decoração vem homenagear também aqueles importantes personagens que fazem a quadra e que são os foliões» explicou Euro Pires. «Buscaremos também traduzir essa alegria do povo baiano, principalmente durante o carnaval, em cores e formas».
Este ano, não haverão tapumes a encobrir a fachada da Casa Jorge Amado, localizada no Largo do Pelourinho, junto da qual foi montado o palco principal destinado a abrigar os grandes shows temáticos que se realizarão diariamente. A iniciativa faz parte da programação do Carnaval do Pelourinho, realizado pelo Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura (SecultBa) e do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI).

Desfile da Imperatriz Leopoldinense leva Jorge Amado à Sapucaí

A escola de samba Imperatriz Leopoldinense, do Grupo Especial do Rio de Janeiro, pede passagem e mergulha no universo do escritor baiano Jorge Amado. Personagens como Gabriela, Perpétua e Dona Flor vão sair das páginas dos livros e ganhar vida na Marquês de Sapucaí, no Centro. A agremiação promete contar a vida de Jorge Amado em 82 minutos de desfile.
Do Pelourinho à lavagem do Bonfim. A verde e branca de Ramos vai levar para a Avenida alguns traços da Bahia, que o autor tanto cita em suas obras, no enredo "Jorge, Amado Jorge", do carnavalesco Max Lopes. Com oito títulos, o último conquistado em 2001 com o enredo "Cana-caiana, cana roxa, cana fita, cana preta, amarela, pernambuco… Quero vê descê o suco na pancada do ganzá!", a Imperatriz vai apostar em alegorias luxuosas e fantasias coloridas para chegar ao lugar mais alto do pódio.
Pelo terceiro ano seguido na verde e branca, o carnavalesco Max Lopes disse que o foco do desfile será a vida de Jorge Amado, desde a sua infância até a chegada dele ao Rio de Janeiro. Sem perder o luxo, uma de suas marcas no carnaval carioca, o carnavalesco afirmou que fará um desfile colorido, com enfoque na religiosidade e festas populares da Bahia.
“Há várias coisinhas que vão acontecer, essa parte do luxo realmente vai ter, mas o principal de tudo é o colorido que é exacerbado. Eu extrapolei um pouco na minha condição de mago das cores e venho com um desfile muito colorido, a alegria da comunidade, e o samba, que é muito carnavalizado e forte. Eu acho que são os requisitos principais”, disse o carnavalesco.
Terceira escola a desfilar no domingo (19), com previsão de entrada na Sapucaí entre 23h10 e 23h44, a Imperatriz vai levar sete carros alegóricos, 30 alas e 3,5 mil componentes para a Avenida. Sinônimo de beleza, glamour e classe do carnaval carioca, a rainha Luiza Brunet virá de baiana à frente da bateria comandada pelo mestre Márcio (Noca). A musa completará neste ano 17 anos de reinado na verde e branco.

O primeiro setor fará uma alusão aos orixás. foto de Rodrigo Vianna (Cf. galeria de imagens do barracão da escola AQUI)

Símbolo da escola virá no abre-alas

A coroa, símbolo da agremiação, virá prateada no abre-alas da escola, que vai falar sobre a religiosidade. De acordo com Max Lopes, o primeiro setor fará uma alusão aos orixás. A alegoria será acoplada e vai trazer uma grande escultura de Iemanjá, a rainha do mar, puxando a coroa de Oxalá, que, segundo o carnavalesco, é considerado o pai da Bahia.
“A gente começa o nosso desfile com a coroa de Oxalá, que é o símbolo da escola, no mar de Iemanjá. Então, já começamos com o branco total. Teremos ainda a parte religiosa de Jorge Amado, aonde ele foi eleito um dos Obás de Xangô. Então a gente faz uma homenagem a Obá, que ele era de Xangô, e à Mãe Menininha do Gantois”, explicou Max Lopes.
Uma das alegorias que prometem chamar a atenção é a que vai representar a lavagem do Bonfim. De acordo com o carnavalesco, o carro vai trazer uma réplica da igreja baiana e suas famosas escadarias. De alfazema e vassouras na mãos, componentes vão representar a tradicional festa. Max explicou que, desde pequeno, Jorge Amado participava da lavagem. A escola dará também destaque ao mercado da Bahia, que o escritor tanto citou em suas obras. “Ele se referia às frutas, às flores, ao que se vendia no mercado. E as baianas mexendo seus acarajés, suas comidas”, lembrou o carnavalesco. Em suma, o enredo vai servir para a escola vai levar para a Avenida vários ícones da Bahia, que o autor tanto cita em suas obras

Mistura de carnavais

O enredo também fará referência ao carnaval baiano e outros eventos populares no estado. A literatura estará representada em uma das alegorias. Segundo o carnavalesco Max Lopes, o carro vai trazer uma grande cama com as esculturas de Dona Flor e seus dois maridos, em menção à obra, e no alto, será possível ver a famosa cena de Gabriela subindo num telhado.
O papel de Gabriela ficará sob a responsabilidade da atriz Desirée Oliveira.
“A Desirré é perfeita para reviver memorável cena de Sônia Braga subindo de vestido em um telhado. Eu tento reunir neste carro as principais obras de Jorge Amada. Quincas Berro d’água, Capitães da Areia, Dona Flor, Gabriela, Tieta, entre outros, sem deixar de fora suas histórias infantis. Muita pouca gente sabe que Jorge Amado escreveu também sobre criança. Tenho certeza que vai emocionar”, contou Max Lopes.
Para encerrar o desfile, nada melhor do que um dos maiores símbolos baianos, o Pelourinho. A alegoria vai trazer as ladeiras e casarões num clima de comemoração. “Na Bahia tudo acaba em festa. Como um carnaval que fala da Bahia tudo acaba em festa. Então, grupos como o Ilê Aiyê, Oludum e Filhos de Gandhi, estarão na parte final desse desfile”, adiantou Max Lopes.
Max Lopes não quis dar detalhes sobre as fantasias do casal de mestre-sala e porta-bandeira Phelipe Lemos e Rafaela Teodoro. O samba-enredo "Jorge, Amado Jorge", de autoria de Jeferson Lima, Ribamar, Alexandre D'Mendes, Cristovão Luiz e Tuninho Professor, será mais uma vez interpretado por Dominguinhos do Estácio.


«Briguei pela boa causa, a do homem e a da grandeza, a do pão e a da liberdade, bati-me contra os preconceitos, ousei as práticas condenadas, percorri os caminhos proibidos, fui o oposto, o vice-versa, o não, me consumi, chorei e ri, sofri, amei, me diverti.»
Jorge Amado, Navegação de Cabotagem (1992)

Sinopse

Ave Bahia! Bahia sagrada!
1912. A lua prateada banha o céu de axé...
Eis a coroa de Oxalá, o Senhor da Bahia!
Venha nos proteger, meu Senhor do Bonfim!
Vem do mar a esperança... Litoral de magia... Iemanjá! Oferendas à rainha do mar!
“Ela é sereia, é a mãe-d’água, a dona do mar, Iemanjá”
Velas bailam ao som do vento baiano. Veleiros, canoinhas e jangadas, deixem-se levar.
“...cerca o peixe, bate o remo, puxa corda, colhe a rede
Canoeiro puxa rede do mar...”
Jorge, Amado Jorge... Eis aqui sua história, vida e memória!
Vai, criança baiana; descubra os segredos dessa terra.
Jorge conheceu fazendas, ruas, vielas,
Becos e guetos, tipos e jeitos.
- Quem quer flores? Frutas? – grita o vendedor.
- Olha o acarajé! – oferece a velha baiana.
Águas de Oxalá! Venha ver a Lavagem do Bonfim!
As letras lhe chegam num sopro. Um vento de liberdade em defesa do povo.

Ah... O Rio de Janeiro... Nova casa do rapaz escritor.
Graduado na vida e na universidade.
Na política, com o “coração vermelho”, se engajou.
É a vida na capital. Amigos, papos e mulheres...
Ah... As mulheres... Vida perfumada e sensual...
Bares e cabarés... Eis a malandragem, o primeiro livro: o “país do carnaval”.
Primeiros romances. Romances da guerreira e apimentada Bahia, sua eterna paixão.
O ciclo do cacau, grande inspiração.
Viver nas areias da história e sonhar em ser capitão.
Um ideal. O valor do homem. O reconhecimento da valente alma do povo.
Vivência e personagens se confundem. Verdadeiros baianos traduzidos nos folhetins.
Onde está a liberdade?
Essa é a “Bahia de todos os santos”, de toda gente! Gente brasileira.
Doce amor, doce flor. Amiga, companheira, parceira de letras e caminhadas
Que o segue fielmente pelo “sem fim” do mundo.
Retornar a sua origem... Os passos rumo à alvorada da literatura.
Rumo à consagração: premiado e Amado. De farda e fardão.
Busca no tempero de Gabriela os sabores da vida. O aroma da crônica do interior.
A brisa que balança as madeixas da morena embala palavras ao encontro de Dona Flor.
Tieta do “chão dos prazeres”, do agreste. Tereza Batista, “fonte de mel”.
Mulheres e “milagres” do Nordeste.
Jogue a rede, pescador! Traga do mar de memórias as palavras inspiradoras.
Hoje o capitão é Jorge Amado. Capitão de sua navegação. “Navegação de Cabotagem”.
Misticismo e miscigenação, a alma desse chão.
Que Exu nos permita caminhar! “Se for de paz, pode entrar.”
Okê Arô Oxossi! Salve todos os Orixás! Joga búzios, canta a reza!
Kaô kabesilê! Kaô meu pai Xangô! Jorge é obá no Ilê Axé Opô Afonjá!
Ora iê iê Oxum! Mãe de Mãe Menininha do Gantois, amiga na fé, axé!
É festa na ladeira do Pelô! É festa na Bahia! Fervilha a mestiça terra de Jorge!
A Magia dos Filhos de Ghandi... É energia do sangue nordestino...
Tocam atabaques e alabês. O Pelourinho estremece! Vem descendo o Ilê Aiyê!
É o tambor! É a força do ritmo! É o som do Olodum!
Venham, amigos queridos! Amada família do escritor, venha conosco cantar!
100 anos do nascimento de Jorge Amado... Comemora a Imperatriz Leopoldinense!
De alma e coração, vamos todos brindar ao mestre das letras!
Sentadas sob a sombra da copa de uma grande árvore, suas palavras vão para sempre descansar...
Jorge, Amado Jorge...
Muito obrigado!
Hoje, a ti canto e me declaro:
sou mais um gresilense apaixonado!

Carnavalesco: Max Lopes
Direção de Carnaval: Wagner Araújo
Texto e desenvolvimento: Max Lopes e Gabriel Haddad

Samba-enredo "Jorge, Amado Jorge"
 
Sou Imperatriz! Sou emoção!
Meu coração quer festejar!
Ao mestre escritor, um canto de amor
Jorge Amado, saravá!

Ave, Bahia sagrada!
Abençoada por Oxalá!
O mar, beijando a esperança,
Descansa nos braços de Iemanjá.
Menino Amado...
Destino bordado de inspiração.
Iluminado...
Vestiu palavras de fascinação.

Olha o acarajé! Quem vai querer?
Temperado no axé e dendê
Quem tem fé vai a pé... Vai, sim!
Abrir caminhos na lavagem do Bonfim

O vento soprou
As letras em liberdade.
Joga a rede, pescador!
O povo tem sede de felicidade.
A brisa a embalar
Histórias que falam de amor.
Memórias sob o lume do luar.
O doce perfume da flor.
Ê Bahia! Ê Bahia!
Dos santos, encantos, magia.
Kaô kabesilê! Ora iê iê Oxum!
Tem festa no Pelô.
Na ladeira, capoeira mata um.

# Para OUVIR AQUI

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