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"Xingu" lidera participação de filmes brasileiros no Festival de Berlim


O Conexão regressa à longa-metragem de Cao Hamburger - Xingu - que narra a saga dos irmãos Villas Bôas, idealizadores, em 1961, do Parque Indígena do Xingu, primeira reserva do género homologada pelo Governo Federal. No filme, os actores João Miguel, Felipe Camargo e Caio Blat interpretam, respectivamente, os três irmãos indigenistas Claudio, Orlando e Leonardo Villas Bôas, na reconstituição da célebre expedição que pretendeu desbravar a região central do Brasil. A estreia nas salas do país acontece só a 06 de Abril, embora a primeira exibição do filma tenha tido honras de abertura no 8º Amazonas Film Festival (AFF), no final do ano passado, em Manaus.

Da esquerda para a direita estão: Willy Brandt, Richard von Weizsäcker e Orlando Villas Bôas

Este mês de Fevereiro, Xingu será exibido no 62º Festival de Berlim, na Alemanha. Curiosamente, no mesmo país, mas em 1984, Orlando Villas Boas recebia o prémio GEO e os cumprimentos do então presidente Richard Von Weizsäcker e do Chanceler Willy Brandt (vencedor do Nobel da Paz) pelo seu trabalho no Parque Nacional do Xingu. Em cima: a foto histórica do evento.

João Miguel, Felipe Camargo e Caio Blat em "Xingu"

"Xingu" puxa participação brasileira no Festival de Berlim

Os latino-americanos vêm com menos força neste 62º Festival de Berlim. Nenhum filme da região foi selecionado para a competição em 2012 – no ano passado, concorreram ao Urso de Ouro o argentino “Un Mundo Misterioso”, de Rodrigo Moreno, e a coprodução México-França-Polônia-Alemanha “El Premio”, de Paula Markovitch, vencedora dos Ursos de Ouro de contribuição artística para a câmera de Wojciech Staron e para a direção de arte de Barbara Enriquez.
Apesar da ausência na competição, os latinos aparecem em bom número nas outras seções do festival. Os brasileiros são quatro. Os longas “Xingu”, de Cao Hamburger, sobre a saga dos irmãos Villas-Boas, produzida pela O2 e estrelada por Caio Blat, João Miguel e Felipe Camargo, e “Olhe pra Mim de Novo”, documentário de Kiko Goifman e Claudia Priscilla já exibido em vários festivais brasileiros sobre Silvyo Lucio, nascido mulher e transformado em homem, estão no Panorama. Eles têm a companhia do colombiano “Chocó”, de Jhonny Hendrix Hinestroza, sobre uma mulher sem emprego e com um marido bêbado que tenta comprar um bolo para o aniversário da filha.

por Mariane Morisawa, enviada especial a Berlim 

Cf.

Xingu combina com Berlim
Na hora e no lugar certos. Assim será a exibição de Xingu, novo filme de Cao Hamburger (O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias, 2006), no Festival Internacional de Cinema de Berlim. O tema é mais que atual – índios, queimadas, progresso predador, colonização das culturas primitivas – e Berlim concentra os mais ardorosos defensores da ecologia e do ambientalismo, com um partido Verde fortíssimo.
    Será sucesso garantido para Xingu, uma homenagem aos irmãos Villas-Bôas e sua luta pela criação do Parque Nacional do Xingu."Vamos ver se os alemães vão se emocionar tanto quando quem já viu o filme no Brasil", diz Cao, à coluna Direto da Fonte, em O Estado de S. Paulo. O diretor estará em fevereiro, em Berlim, exibindo seu filme selecionado para a mostra Panorama.
    Hamburger, para quem não se lembra, foi o criador do Castelo Rá-Tim-Bum, sucesso na TV Cultura de São Paulo, e diretor que se insere na retomada do cinema e da memória brasileira (O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias resgata a época da ditadura militar).
   Ao tratar desta vez dos indígenas, Cao Hamburger exerce um olhar crítico sobre a maneira colonizadora da política indianista e sobre as consequências do progresso e sua ação predadora. De acordo com o diretor, na estreia do filme, em Manaus, no ano passado, se repete a mesma situação de ameaça à cultura indígena com as queimadas e Belo Monte.
    "Belo Monte [a hidrelétrica] é um projeto retrógrado e reacionário", define ao Estadão. "É uma oportunidade que o Brasil perde de entrar no seculo 21 liderando um novo pensamento político, econômico e de desenvolvimento da humanidade e do planeta. Acho uma pena não haver uma reflexão maior."
    O Parque do Xingu completou 50 anos de existência e impediu que os índios ali protegidos tivessem sido dizimados pela civilização. Os irmãos Villas-Bôas entraram na floresta e fizeram seu primeiro contato com os índios em 1940, e assumiram, junto ao governo Getúlio Vargas, que pretendia colonizar a região, a defesa dos silvícolas.
    "Se você acha que o Brasil não tem heróis, vá assistir a Xingu", conclama o diretor. "Esses [os Villas-Bôas] são os verdadeiros heróis. Não precisam ser idealizados", acredita Cao.

via BR Press


Cf. também:

Sobre o filme Xingu, aqui no Conexão:

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