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"E tudo acabou em Ipanema – a independência da Bahia"

por Lucia Hippolito

1823 -A Independência do Brasil diante de Portugal não foi tão simples e pacífica como pensam alguns. Ao contrário, englobou uma série de lutas entre as tropas fiéis ao governo português e as forças que apoiavam d. Pedro. Um dos mais importantes movimentos ocorreu na Bahia. Em 1821, notícias vindas de Portugal sobre a Revolução do Porto reavivaram esperanças autonomistas em Salvador. Mas os liberais portugueses tentaram anular medidas que concediam privilégios e direitos aos súditos brasileiros. Exigiram a volta de d. Pedro a Portugal e dividiram o Brasil em províncias sob controle direto dos portugueses.
Militares e civis baianos tentaram depor a nova Junta Provisória do Governo da Bahia, que ditava as ordens, mas foram derrotados. As relações entre portugueses e brasileiros pioraram, promovendo verdadeira cisão entre os dois grupos.
Em fevereiro de 1822, nova junta de governo, chefiada pelo brigadeiro Madeira de Melo, deu vazão às disputas, já que o novo governador da cidade se declarava fiel a Portugal.
Portugueses começaram a invadir quartéis, o Forte São Pedro e o Convento da Lapa. Neste episódio a madre superiora do convento, abadessa Joana Angélica, tentou impedir a entrada das tropas e acabou sendo morta, com o peito trespassado por baionetas.
Concluída a ocupação militar portuguesa em Salvador, a cidade recebeu novas tropas portuguesas, e muitas famílias baianas fugiram para o interior.
A resistência passou a ser articulada nas cidades do Recôncavo, com o fortalecimento do Exército brasileiro. A chegada das tropas incentivou líderes políticos locais a mobilizar a população em favor do reconhecimento do príncipe regente d. Pedro.
As principais lutas aconteceram na região de Pirajá, onde independentes e metropolitanos abriram fogo uns contra os outros.
Uma figura heróica dessas lutas foi Maria Quitéria de Jesus Medeiros que, disfarçada de soldado, lutou no batalhão de voluntários do príncipe d. Pedro.
Devido à resistência organizada pelos defensores da independência e o apoio das tropas lideradas pelo inglês Thomas Cochrane, as tropas fiéis a Portugal foram derrotadas em 2 de julho de 1823.
E tudo acabou em Ipanema.
Duvidam?
Joana Angélica e Maria Quitéria foram homenageadas, dando seus nomes a duas famosas ruas do bairro.
Sem falar no visconde de Pirajá, Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, um dos militares que, com apoio de outros senhores de engenho do Recôncavo, ajudou a vencer as forças de Madeira de Melo.
Pirajá era irmão do visconde da Torre de Garcia d’Ávila e do barão de Jaguaripe.
Todos viraram ruas de Ipanema.
E muitos cariocas desconhecem essa história.

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