|

Trabalhadoras pedem acções para melhorar vida no campo


Hoje, às 15h, uma comissão de mulheres trabalhadoras rurais de todos os Estados brasileiros e do DF, apresentará uma pauta contendo mais de 100 itens de reivindicações ao Governo Federal no Palácio do Planalto. A Secretária de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, já confirmou presença.
O objetivo é abrir o caminho de diálogo com o Governo a um mês da realização da Marcha das Margaridas 2011, o maior movimento organizado de mulheres trabalhadoras rurais da América Latina.
“A nossa expectativa é grande, a Marcha acontece no primeiro ano de governo da primeira mulher presidente do Brasil”, diz Carmem Foro, Secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG. “As mulheres ainda são as mais pobres, sobretudo no meio rural”. A afirmação norteia a luta por desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade da Marcha das Margaridas de 2011 (16 e 17 de agosto).
Segundo as mulheres organizadas, para enfrentar a pobreza são necessárias políticas públicas específicas para a área rural: reforma agrária, revisão dos índices de produtividade, assentamentos produtivos com assistência técnica. “O movimento critica o modelo de desenvolvimento em vigor. Por exemplo, grandes projetos de hidrelétricas geram empregos precários, sem planejamento social, facilitando o aparecimento da prostituição infantil”, alerta Carmem Foro. (vídeo aqui)

A Marcha das Margaridas é uma ação política promovida pela Contag (27 Federações e 4.500 Sindicatos filiados em todo país), cuja pauta deste ano roda em torno de sete eixos principais: biodiversidade e democratização de recursos naturais; terra, água e agroecologia; segurança alimentar e nutricional; autonomia econômica, trabalho e renda; saúde pública e direitos reprodutivos; educação não sexista, violência e sexualidade; democracia, poder e participação política.
Trata-se da maior mobilização de mulheres trabalhadoras rurais do campo e da floresta do Brasil e tem esse nome como forma de homenagear a trabalhadora rural e líder sindical Margarida Maria Alves.
Margarida Alves é um grande símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade, justiça e dignidade. Rompeu com padrões tradicionais de gênero ao ocupar por 12 anos a presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande, estado da Paraíba. À frente do sindicato fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. A sua trajetória sindical foi marcada pela luta contra a exploração, pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, contra o analfabetismo e pela reforma agrária. Margarida Alves foi brutalmente assassinada pelos usineiros da Paraíba em 12 de agosto de 1983.

[ACTUALIZAÇÃO]



Governo Federal recebe pauta da Marcha das Margaridas

O governo federal recebeu nesta quarta-feira (13) uma pauta com mais de 100 itens de reivindicações de uma comissão de mulheres trabalhadoras rurais de todo o país. O objetivo é abrir diálogo com o Governo a um mês da realização da Marcha das Margaridas 2011, o maior movimento organizado de mulheres trabalhadoras rurais da América Latina, que acontece nos dias 16 e 17 de agosto, em Brasília, com a presença de 100 mil mulheres.
A ação política promovida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) tem na pauta sete eixos principais: biodiversidade e democratização de recursos naturais; terra, água e agroecologia; segurança alimentar e nutricional; autonomia econômica, trabalho e renda; saúde pública e direitos reprodutivos; educação não sexista, violência e sexualidade; democracia, poder e participação política.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, disse que o conjunto da pauta será tratado com prioridade. “Como a Marcha das Margaridas é organizada pela Contag, o MDA foi convocado e está acompanhando as negociações. Vale ressaltar que estamos avançando no Programa de Documentação das Trabalhadoras Rurais, no Pronaf Mulher e na titulação, buscando a possibilidade que a emissão de títulos seja feita para a chefe de família e não exclusivamente para o casal”.
A ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República, Iriny Lopes, ressaltou que até a chegada das Margaridas, em agosto, vão acontecer negociações internas e com a própria comissão de mulheres. “Nós vamos constituir um grupo de trabalho interno porque nós tínhamos seis ministérios presentes, mas a negociação envolve também outros ministérios".
A secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag, Carmen Foro, e coordenadora nacional da Marcha das Margaridas, explicou que o eixo que trata da questão ambiental é fundamental para qualquer processo de produção na área rural. “O nosso lema está centrado na discussão de um desenvolvimento sustentável. É importante para nós que o tema ambiental esteja articulado com as outras pautas. Nós temos uma ampla expectativa do retorno do governo, é a 4ª vez que viemos à Brasília, estamos mobilizando 100 mil mulheres”. Carmen Foro destacou algumas conquistas como a titulação de terra obrigatória de homens e mulheres, “mas o que mudou é que nós estamos conectadas com o debate do crescimento do país, nós não queremos que as mulheres do campo estejam na estatística de pobreza”.
A diretora de Políticas para as Mulheres Rurais e Quilombolas, Andrea Butto, reforçou que o MDA, nesses últimos oito anos, vem qualificando as políticas públicas para as mulheres. “Nós temos o Pronaf Mulher, assistência técnica para dar sustentabilidade à produção das mulheres e também políticas de comercialização, como o PAA e o PNAE. Vamos agora, alargar o alcance delas e ampliar a integração entre elas”.
Também estiveram presentes na entrega da pauta, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, a ministra da Secretaria Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros e a secretária Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Maya Takagi. 



(...)

Uma comissão de representantes de trabalhadoras rurais entregou hoje ao Planalto uma pauta de reivindicações para melhorar a vida no campo. A lista inclui pedidos de investimentos em assentamentos rurais e projetos sociais para reduzir os problemas nas cidades que abrigam grandes obras de infraestrutura. No próximo dia 17, durante a Marcha das Margaridas, as líderes do movimento serão recebidas pela presidente Dilma Rousseff.
Carmem Foro, uma das integrantes da comissão, adiantou que, durante a marcha e na audiência com Dilma, o grupo fará críticas à política das grandes obras de infraestrutura do governo e às ações na área da reforma agrária. Ela citou os problemas sociais que ocorrem em volta dos canteiros de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na Amazônia, em especial a exploração sexual de mulheres e crianças. "Reconhecemos que as grandes obras garantem emprego, mas não queremos desenvolvimento a qualquer custo", afirmou.
A uma pergunta sobre se espera sensibilidade de Dilma para os problemas enfrentados pelas mulheres no interior, Carmem respondeu: "Não se trata de uma questão de sensibilidade, mas de assumir compromissos". "O governo pode ser de um homem ou uma mulher, o nosso papel é fazer críticas e pressão para mudar a realidade das mulheres no campo".

publicado na Agência Estado via Paraná Online

Posted by por AMC on 12:01. Filed under , , , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

0 comentários for "Trabalhadoras pedem acções para melhorar vida no campo"

Leave a reply