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O presidente da República falou ao país, pela hora do jantar.

foto: Filipe Casaca

Conforme anunciado, mal a Troika levantou voo. Discurso na íntegra, para ver e ouvir clicando no link a baixo.


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Cavaco Silva: «Se não mudarmos, daqui a três anos estaremos pior»

O Presidente da República disse ontem que o pacote de austeridade acordado entre governo e troika é uma "oportunidade para mudar de vida" e colocou a responsabilidade do lado dos partidos: "Está nas mãos dos agentes políticos e dos cidadãos agarrar esta oportunidade de mudança". Caso contrário, Cavaco Silva vaticina: "Se não mudarmos, estaremos daqui a três anos, ou até antes disso, pior do que nos encontramos hoje".
Na declaração que fez ontem ao país sobre a assistência financeira a Portugal, Cavaco Silva disse que não "compete ao Presidente da República" pronunciar-se "publicamente sobre os aspectos específicos do acordo" com a troika e deixou críticas ao governo: "Cabe-me antes salientar que a trajectória da nossa economia, para a qual fui fazendo sucessivos alertas, de há muito demonstrava a insustentabilidade do desequilíbrio das nossas contas externas e do aumento do endividamento do país relativamente ao estrangeiro".
O Presidente da República fez questão de deixar aquela que é a sua receita para o sucesso: mais poupança, mais exportações e recuperar a confiança dos mercados internacionais. "Insisto: se não aumentar a poupança interna; se não aumentarem as exportações e diminuírem as importações; se não reconquistarmos a confiança dos investidores internacionais, Portugal voltará a enfrentar graves problemas de financiamento", alertou.
Sobre o momento de crise, Cavaco acredita que é "uma possibilidade única para construir uma economia saudável que não podemos desaproveitar", mas o caminho será longo, avisa. "É essencial perceber que este acordo não é o fim de um processo, mas o início de um longo caminho que os Portugueses terão de percorrer, num espírito patriótico de coesão e de unidade", alertou o chefe de Estado.
Cavaco apela a mudança A ajuda externa a Portugal "não é um cheque em branco que os países europeus e as instituições internacionais nos concedem para que tudo permaneça na mesma", avisa o Presidente que apelou a uma mudança de rumo de políticas e comportamentos. "O acordo é o sinal mais evidente da necessidade de alterarmos o rumo das políticas e de mudarmos de atitudes e comportamentos. Não podemos continuar a viver acima das nossas possibilidades, a gastar mais do que aquilo que produzimos e a endividar-nos permanentemente perante o estrangeiro", advertiu o chefe de Estado.
Aos que têm criticado o silêncio do Presidente da República nas últimas semanas, Cavaco Silva deixou garantias de que tem estado em contacto "permanente" com os partidos, agentes económicos e sociais e as instituições europeias sobre a situação de "emergência financeira" do país. "A gravidade da situação exigiu sentido de responsabilidade e discrição, numa atitude ponderada e reservada, colocando sempre em primeiro lugar os interesses dos Portugueses e das suas famílias", justificou. Cavaco disse ainda que "o programa de ajustamento estabelecido é vasto e muito exigente e a sua execução irá ser acompanhada de forma rigorosa", o que pode bem significar que o próprio Presidente vai seguir de perto a execução do plano.
Sem se referir a medidas concretas, Cavaco Silva disse que o acordo deve ter duas "preocupações cruciais": a justiça social e o crescimento da economia. "Há que minimizar o impacto negativo dos sacrifícios exigidos ao comum dos portugueses. Muitos cidadãos já ultrapassaram a sua capacidade de contribuir para o todo nacional", declarou.
Apesar de afirmar necessário um "crescimento económico sustentado a médio e a longo prazo" e de apoiar a defesa do emprego, Cavaco Silva declarou que "não será fácil mudarmos hábitos instalados". E para isso há que acabar com "vícios que afectam o funcionamento do Estado, das empresas e dos mercados". "Sobretudo o Estado tem de trabalhar melhor, funcionar com maior eficiência e gastar com mais critério", avisou Cavaco Silva.

publicado no jornal i

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