Entretanto, em Portugal: o líder do PSD lembra-se de introduzir a Lei do Aborto na campanha eleitoral
via SIC Notícias
Para espanto geral e como se não sobrassem assuntos não-tratados a pedir debate, propostas e acção política urgente, o tema do aborto entrou hoje para a agenda da campanha às Legislativas de 5 de Junho pela mão do líder do PSD. Aos microfones da Rádio Renascença, Passos Coelho defendeu a insólita ideia de referendar o próprio referendo à Lei do Aborto.
O repúdio foi unânime e convergiu numa mesma expressão: 'retrocesso civilizacional'. À excepção do CDS-PP que - talvez por andar em campanha e perceber o jeito que lhe tem dado nas sondagens deslocar-se para a esquerda do PSD - bateu palmas de satisfação, mas com alguma contenção. Embora considerando que «é uma evidência que se impõe», Portas lá foi reconhecendo tratar-se de uma questão que deve ser tratada «com grande sensibilidade». Sócrates (PS) disse-se «chocado», Jerónimo (PCP) recusou dar passos atrás «no respeito pela saúde e dignidade da mulher» e Louçã (BE) garantiu que o PSD «pode tirar o cavalinho da chuva» porque a sociedade «não volta para trás».
Como já vem sendo hábito, Passos Coelho lá veio explicar aquilo que tinha explicado. Começou por dizer o costume: «não foi isso que eu disse», mas ouvidos os esclarecimentos a verdade é que reafirmou a «reavaliação» da vitória do 'Sim' no referendo à Lei do Aborto. Detalhe: há 3 anos, quando o referendo se realizou, Passos Coelho fez campanha pelo 'Sim'. Acontece que na altura era Manuela Ferreira Leite quem liderava o PSD. É um 'pormenor' que talvez ajude a compreender a guinada na posição política e nas suas convicções pessoais: diante do conservadorismo da adversária interna, o 'Sim' vinha mais a calhar com a imagem de 'candidato liberal' que pretendia propor à liderança do partido.