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Brasil marca posição sobre sucessão no FMI

Depois da China e do Japão terem ontem exigido um processo transparente baseado no mérito e não nos jogos políticos de bastidores desenvolvidos por Bruxelas e Washington, o Brasil veio reforçar a posição dos asiáticos.
Guido Mantega, ministro da Fazenda (ministro das Finanças) do governo de Dilma Roussef, afirmou que o Brasil está a desenvolver esforços diplomáticos para que as economias emergentes tenham uma palavra activa a dizer na escolha do futuro diretor-geral pelos 24 diretores do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Esta escolha foi precipitada pela prisão no sábado em Nova Iorque do anterior diretor-geral, Dominique Strauss-Kahn, que resignou ontem de madrugada ao cargo que deveria desempenhar até novembro de 2012.
Mantega já havia defendido em carta recente ao G20 que as discussões sobre a sucessão na direção do FMI deveriam ter em conta o novo estatuto de peso geopolítico das economias emergentes.
Segundo o bloco dos emergentes, a escolha deste cargo não deve ter a nacionalidade nem a "tradição" de arranjo político entre a Europa e os Estados Unidos, mas sim o mérito para o cargo. "Já passou o tempo em que poderia ser remotamente apropriado reservar esse importante cargo para um cidadão europeu", escreveu. E acrescentou: "Também já passou o tempo em que algumas decisões podiam ser tomadas por um grupo exclusivo de países, como o G7. O G20 já substituiu o G7 como principal fórum para a cooperação económica internacional. O FMI não pode ficar para trás neste processo de mudança institucional".

Negócio euro-americano



No seio dos países europeus - que detém 34,1% dos votos - tem-se formado uma corrente a favor da candidatura da ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, contra quem, no entanto, corre em França um processo. Um dos argumentos aduzidos pela chanceler Ângela Merkel foi o facto de o FMI necessitar de um diretor-geral europeu enquanto a crise da dívida europeia se mantiver, o que é um argumento no mínimo curioso.
Segundo os rumores, o "negócio" entre Europa e Estados Unidos estaria em curso: Lagarde para número um, e David Lipton (americano, do Citigroup, e que foi subsecretário do Tesouro entre 1993 e 1998 com Clinton e agora é conselheiro de Obama) para número dois. Os Estados Unidos e o Canadá dispõem de 19,45% dos votos.
A "tradição" desde 1946 tem atribuído a um europeu o lugar de diretor-geral e a um americano o lugar de vice. Diversos jornais europeus como o Les Echos, Le Monde, Handelsblatt e FT Deutschland têm promovido Lagarde.
Entretanto, o FMI publicou ontem o seu novo código de conduta ética e moral, que já havia sido aprovado a 6 de maio, mas só agora publicado oficialmente.

publicado em O Expresso

Cf. também:

Posted by por AMC on 13:10. Filed under , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. Feel free to leave a response

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