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Entrevista de José Sócrates, esta noite, à RTP


RTP -04.04.2011

Fraquinha, fraquinha... com Sócrates a desancar os entrevistadores, que começaram 'perspinetas' e cheios de si, a meio já pediam desculpa ao entrevistado e terminaram encolhidos e estonteados sem saber como foi que tudo falhou se levavam as perguntas passadas a pente fino e decoradas de trás para a frente na memória.
Um desaire que, mais do que demonstrar a prepotência do entrevistado, veio provar que, para conduzir uma entrevista, é preciso mais (muito mais) do que levar um papel com perguntas para colocar sobre o colo. A provar que entrevistar é mais (muito mais) do que brigar com o entrevistado, até o suor despontar na testa, para cumprir o guião, senão à risca, pelo menos numa percentagem considerável.
É verdade que Sócrates foi sobranceiro e arrogante. Seis anos volvidos, o seu comportamento em entrevista não surpreendeu. Limitou-se a ser igual a si próprio e, só esse facto, era já suficiente para dar aos entrevistadores um trunfo: a previsibilidade do entrevistado.
Acontece que a marca d'água se traça precisamente nesse ponto e Sócrates sabe-o bem: os entrevistadores que se desculpam pelo mau feitio do entrevistado e os que o aproveitam como um estímulo.
Faltou tudo à dupla a quem a RTP confiou esta entrevista: do 'background' à pertinência, da rapidez de raciocínio à coragem e à perspicácia, da intuição à segurança, da capacidade de problematizar ao apontar certeiro da questão. Um político profissional e acossado como Sócrates agradeceu o excesso de confiança inicial e limitou-se a aproveitar as fragilidades que não tardaram. Descredibilizados os entrevistadores o resto foi o que se viu: fácil e de feição.

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